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Internet melhora no Amazonas, mas uso é um dos mais baixos do Brasil

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  iNSTAGRAM: @JCOMMERCIO

O acesso local à internet melhorou nos anos iniciais da pandemia. De 2019 a 2021, o percentual de domicílios com o serviço saltou de 78,7% para 85,4%, levando o Amazonas a figurar no 21º lugar entre as unidades federativas do país. O percentual, contudo, ainda está aquém da média nacional (90%), que também avançou. Em paralelo, o uso da internet aumentou de 68,7% para 72,7%, levando-se em conta os habitantes com 10 anos de idade ou mais. Mas, o Estado ficou no penúltimo lugar do ranking brasileiro nesse quesito, superando apenas o Maranhão (69,3%). 

Em contrapartida, 161 mil domicílios não contavam com utilização de internet, o equivalente a 14,6% do total. Um percentual ainda maior (16%) não dispunha de rede habilitada para o serviço. O Estado foi o terceiro em termos de incidência desse gargalo, perdendo apenas para o Acre (28,0%) e Roraima (17,2%). É o que revelam os dados da TIC (Módulo de Tecnologia de Informação e Comunicação) da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

O levantamento mostra também que, pela primeira vez desde 2016, houve alteração significativa no ranking de dispositivos mais utilizados nos domicílios brasileiros para acessar a internet. Em 2021, o telefone celular continuou na liderança, sendo o principal equipamento de acesso em 99,8% dos domicílios do Amazonas, em número pouco acima do nacional (99,5%). O uso do local do computador ou tablet (28,1%) para uso do serviço encolheu, enquanto o da TV (18,3%) avançou.

No ano passado, 88,3% dos domicílios do Amazonas contavam com o serviço de rede móvel celular para telefonia ou internet no domicílio. A proporção é superior aos de todos os Estados da Região Norte, e também ao da maioria dos Estados do Nordeste – exceto Sergipe (93,6%). Em contraste, 45 mil domicílios da Região Metropolitana de Manaus – o equivalente a 5,9% do total do Estado – não haviam utilizado a internet no período de referência da pesquisa, enquanto 120 mil moradores (4,5%) da mesma RMM não tiveram acesso, ou 4,5% do total.

Celular na frente

Em 94,7% dos domicílios do Amazonas havia pelo menos um celular em 2021, enquanto a média nacional era de 96,3%. “O percentual do Amazonas está abaixo da média nacional, mas vem crescendo nos últimos anos. Em 2019, os domicílios com telefone móvel celular eram 90,5%, no Estado”, assinalou o IBGE-AM, no texto de divulgação da pesquisa. O Amazonas está no 24º lugar de um ranking iniciado pelo Distrito Federal (99,1%) e encerrado pelo Maranhão (92,2%). O telefone fixo convencional, contudo, é uma realidade em apenas 3,6% dos lares amazonenses e vem encolhendo ao longo dos anos.

Levando-se em conta a posse de telefone celular, o percentual ficou ainda menor no Amazonas. O levantamento mostra que essa era uma realidade para apenas 71,4% da população – contra 84,4% da média nacional. A fatia, no entanto, também aumentou, quando comparada aos dados de 2019 (67,5%). Em todo o país, Distrito Federal (92,6%) e Maranhão (69,3%) também figuram nos extremos da lista.

Entre as pessoas que não tinham celular no Amazonas, 4,2% afirmaram que não adquiriam o aparelho porque o serviço não estava disponível nos locais que costumava frequentar. Embora este seja um problema bem mais frequente do que no resto do Brasil (1,2%), a proporção caiu pela metade em âmbito local, quando confrontada com o número de 2019 (9,5%). Mas, somente o Acre e Roraima (9,3%) obtiveram percentuais maiores que o do Amazonas. No Distrito Federal, não houve registro de pessoas nessa condição, enquanto o maior percentual do país ficou no Acre (14%). 

Outros dispositivos

Ao contrário do registrado no caso do celular, o uso de outros dispositivos para acesso à internet vem caindo. No Amazonas, 27,8% dos domicílios pesquisados possuíam microcomputador ou tablet. É uma fatia menor do que a de 2019 (30,7%), situando o Estado na 20ª posição, empatando com Acre, Rio Grande do Norte e Pernambuco. A média brasileira é de 42,6% e também vem caindo. O maior percentual está no Distrito Federal (67,1%), e o menor, no Maranhão (18,8%). 

O uso da TV também está mais restrito. A abrangência de domicílios do Amazonas que contavam com apenas um aparelho em 2021, caiu de 92% para 91,5%, entre 2019 e 2021, ficando ainda mais distante da marca de 2016 (94%). A tendência de redução percentual acompanha os números nacionais de domicílios com TV: em 2021, eram 95,5%; em 2019, 96,2%, e em 2016, eram 97,2%. O IBGE destaca que o rendimento real médio per capita nos domicílios em que havia TV (R$ 1.453) equivalia a quase o dobro doo dado dos lares sem o eletroeletrônico (R$ 830).

O mesmo ocorre com o uso de antenas parabólicas, que acompanhou a média nacional e encolheu de 27,9% para 22,3% no mesmo período, embora o dispositivo ainda seja comum no interior. A abrangência da TV por assinatura nos lares amazonenses (30,5%) também recuou ante 2019 (32,4%), embora seja mais comum do que no restante do país (27,8%), além de superar a média dos Estados do Norte e Nordeste. 

Interior e pandemia

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, avalia que os dados da PNAD TIC 2021 indicam que o Amazonas deu um “bom salto” no acesso à internet nos últimos anos. “A comparação com outras unidades da federação ainda demonstra que estamos atrás da maioria das unidades federativas. No entanto, temos nossas tipicidades que limitam o acesso. Um exemplo é a imensa zona rural onde o sinal não alcança”, ponderou. 

De acordo com o pesquisador, o acesso a internet pelo telefone celular foi o “grande responsável” pela melhoria no alcance do serviço, no Estado. “Por isso, o uso do aparelho ganha cada vez mais usuários. Enquanto isso, TV, antena parabólica, computador e tablet diminuem suas presenças nos domicílios, a cada ano. A praticidade de uso e as plataformas que o celular proporciona, fazem do aparelho o preferido entre as tecnologias disponíveis no mercado”, afiançou.

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, a analista da pesquisa, Flávia Vinhaes, destaca que, pela primeira vez na série, a banda larga fixa superou a móvel, em âmbito nacional. “O aumento do uso da banda larga fixa pode estar relacionado à pandemia, período em que as pessoas tiveram de manter o isolamento, ficando em casa. Outro motivo pode ser a expansão do acesso na região Norte, onde o percentual dos domicílios com acesso via banda larga fixa teve incremento de 54,7% para 70,5%, entre 2019 e 2021”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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