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          Amazonas rico, amazonenses pobres

Nas periferias da nossa grande capital –e na maioria das cidades do interior –a miséria está cada vez mais presente. Toda riqueza gerada pela Zona Franca de Manaus, acrescida pela produção de petróleo, gás e cassiterita, sem falar das demais atividades econômicas do nosso Estado, não tem servido para diminuir este quadro de desigualdade social absurda. Desigualdade que remete ao desemprego, à carência de moradia, ao caos sanitário, à desestruturação familiar, aos baixos indicadores de educação e de saúde, aos números elevados de gravidez precoce, de doenças preveníveis, de graves problemas de saúde mental e outras tristes mazelas, que se associam ao crescimento exponencial da violência, com o escabroso aumento dos assassinatos, roubos, furtos, estupros, abusos. Trata-se de uma situação social calamitosa de grande parte dos bolsões de maior pobreza de Manaus e do interior, onde o trágico ambiente de degradação urbana se espelha na falta de esgoto, na poluição dos igarapés, na ausência de espaços adequados para o lazer e os esportes, com áreas verdes sendo degradadas, e os seres humanos também. Idosos, mulheres e homens adultos, jovens e crianças sobrevivem no meio de um quadro de precariedade e insegurança permanente, em que os serviços públicos não conseguem evitar ou minorar tantos sofrimentos. Nesse sentido, destaco quão estarrecedora tem sido a trajetória de crianças e jovens que, apesar do esforço de seus pais, acabam se tornando vítimas de abusos, das mais diversas formas de exclusão e de violência, de cooptação pelo crime.  E penso que cabe aqui  a reflexão do porquê das políticas públicas governamentais serem  tão ineficientes no Amazonas, dentro do contexto paradoxal em que o Estado mais “rico” do Norte-Nordeste seja também o segundo do país com maior número de pessoas abaixo da linha pobreza, cerca de 500.000 cidadãos amazonenses na miséria. 

Falta de efetivo planejamento estatal de médio e de longo prazo dos três entes governamentais, excessos corporativistas, aparelhamento com cargos de confiança e de agências terceirizadas, corrupção,  paternalismo e uma preponderância de ações imediatistas visando manter ou conquistar o poder, tem comprometido o êxito das políticas públicas, num processo que vem de décadas de “má política”… Privilégios, falta de equidade, baixo nível de educação política e de ética, se associam a certos esquemas de poder, em detrimento da maioria da população. Na raiz da manutenção e agravamento desta desoladora situação pode-se observar os destaques do deficiente nível de ensino, do sistema político corrompido pela compra de votos e o descomprometimento de parte da elite política e econômica na busca efetiva de alternativas econômicas complementares e em ações racionais de promoção do emprego e da renda. Ao invés disso, más práticas de gestão, como o clientelismo, preponderam. E os bons gestores públicos incomodam os que se consideram “donos do poder”, que boicotam os que ousam contrariar seus interesses.

Penso que o despertar de uma consciência ética coletiva deve partir do pressuposto de que nossa sociedade precisa resgatar o sentido do bem comum, do espírito cristão de amor ao próximo e da dignidade individual e coletiva. Tarefas difíceis, mas necessárias, para que o Estado do Amazonas aproveite melhor suas riquezas em benefício das pessoas que mais precisam de boas oportunidades.

Nessa direção da esperança de dias melhores, que os amazonenses, pelo menos a maioria, não se comporte como meros eleitores manipulados e sim como verdadeiros cidadãos conscientes de seus direitos e deveres.

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