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AMIZADE

A recente celebração do “Dia do Amigo”, ocorrida em 20 de julho, nos traz a oportunidade para uma proveitosa reflexão acerca do verdadeiro sentido da palavra AMIZADE, que traduz um dos vínculos mais significativos que estabelecemos ao longo de nossa vida.

Ter com quem contar é significativo, mas ser o amparo de alguém é igualmente maravilhoso e, além disso, saudável. Do ponto de vista psicossocial, a amizade, para além da alegria e todos os bons sentimentos que nos proporciona, constitui um dos relacionamentos mais importantes para o desenvolvimento social e emocional de qualquer ser humano, razão pela qual é objeto de muitos estudos da Psicologia, focados especialmente nas crianças e adolescentes.

É por meio das amizades, da socialização, que desde a infância somos apresentados ao mundo existente além da nossa família, aprendendo com o outro e dando a ele a oportunidade de também aprender conosco.

Na adolescência, as amizades fazem parte do processo natural de independência, ajudam a desvincular o jovem do grupo familiar, a “cortar o cordão umbilical” com a família, viabilizam a descoberta de quem se é ou, ao menos, de quem não se quer ser, mesmo que ainda não haja nessa fase muita certeza de nada. O grupo de amigos torna-se, de certa forma, a família que o adolescente escolhe, dá a sensação de pertencimento e com tal grupo inicia-se o desenho da identidade.

Na idade adulta, a lista de amigos, via de regra, é formada por aqueles que permaneceram dos tempos de escola e/ou faculdade, adicionados àqueles que vamos agregando de outros ambientes. Já não os vemos tanto e nem falamos com tanta frequência. 

Há pesquisas revelando que um adulto gasta três vezes menos tempo com amigos do que crianças e adolescentes, o que se explica pelas tantas atribuições e papéis que um adulto desempenha, realidade que nem sempre permite dispor do tempo necessário para ser amigo. De qualquer forma, os amigos seguem representando nosso histórico, nossa memória viva, nossa biografia não autorizada, nossa alegria e nosso apoio.

Hodiernamente não podemos deixar de considerar também a relação entre redes sociais e amizade, eis que a própria ideia de amizade e o processo de sua construção vem sendo transformados, desde que os ambientes virtuais ganharam espaço em nossas vidas. Enquanto no mundo real procuramos ter poucos e bons amigos, nas redes sociais a ideia de quantidade está suplantando a de qualidade, resultando muitas vezes em relações bem mais superficiais.

Há, por outro lado, o aspecto positivo de conseguirmos viabilizar, por meio das redes, o resgate de algumas amizades antigas que em outros tempos poderiam perder-se, possibilitando-se, além disso, que pessoas fisicamente distantes se aproximem. O essencial é manter o cuidado para não permitir que as redes sociais substituam integralmente as amizades e o convívio no mundo real.

É importante igualmente esclarecer sobre as chamadas “amizades tóxicas”. Elas existem mesmo, revelando-se na pessoa daquele “amigo” cuja companhia esvazia o nosso humor, a nossa alegria, “colocando-nos para baixo” como se diz popularmente. Todos nós temos ou em algum momento da vida tivemos ditos “amigos” que abusam das fofocas, da zombaria, de supostas brincadeiras que na verdade constrangem; que não hesitam em lembrar situações de nosso passado com potencial de ofender, humilhar, causar mal-estar. Seriam essas as chamadas “amizades tóxicas”, às quais é preciso estar atento. Convém que nos perguntemos como nos sentimos em relação a amizades com tais características e reavaliemos tudo o que não nos faz bem.

Ao longo de nossa vida, algumas amizades duram e outras não. Duram aquelas em que há apoio à nossa identidade social. Por outras palavras, procuramos amigos que entendem e validam a ideia que temos sobre nós mesmos e sobre o nosso papel na sociedade ou grupo de que fazemos parte e tudo isso colabora para a construção e manutenção saudável da nossa autoestima. O amigo que nos valida nos ajuda na nossa própria validação e autoaceitação. Há quem pense que escolhemos os amigos por quem eles são, mas, na verdade, nós os amamos por conta da maneira pela qual eles apoiam quem nós somos.

Por fim, é preciso ressaltar que, para haver amizade, impõe-se a reciprocidade, pois não se pode ser amigo de alguém que não é nosso amigo. O amor até pode existir sem reciprocidade, pode apresentar-se de modo incondicional; a amizade, porém, é necessariamente bilateral, sob pena de não se sustentar.

Que possamos, portanto, ser bons amigos e ter bons amigos ao longo de nossas vidas.

*possui 3 graduações (Psicologia, Direito e Economia). Advoguei durante um tempo, mas hoje sou 100% psicóloga. Amo observar, estudar e trabalhar com comportamento humano. Sou especialista (pós graduada) em Terapia Cognitivo Comportamental. Sou idealizadora e titular do Instituto de Assistência e Promoção da Saúde Integral (IAPSI).

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