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Saída da OGX alivia Ibovespa

Ontem, os papéis da OGX deixaram o Ibovespa e todos os demais índices da BM&FBovespa. Com isso, acaba a distorção criada pelas ações da petroleira do ex-bilionário Eike Batista no principal índice da Bolsa brasileira. A retirada das ações é uma operação padrão da Bolsa para todas as empresas que solicitam recuperação judicial, como fez a OGX na tarde de quarta-feira (30), ao protocolar seu pedido na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
“O fato de a empresa ter chegado a este ponto é uma tragédia, principalmente avaliando as perspectivas promissoras que a companhia tinha anos atrás, mas sua saída do Ibovespa traz alívio ao índice”, diz Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursátil Mexicano).
As ações da OGX, que chegaram a bater a máxima histórica de R$ 23,27 em meados de outubro de 2010, valiam R$ 0,17 na quarta-feira, após o pedido de recuperação judicial.
Ontem, depois de terem ficado suspensas até 11h, voltaram a ser negociadas com queda de 29%, a R$ 0,12. Às 13h50, custavam R$ 0,13, queda de 23,52%. O Ibovespa, por sua vez, caía 0,75% no mesmo horário, a 53.764 pontos.
“O peso desses papéis no Ibovespa é muito alto e sua volatilidade influenciava bastante a tendência do índice”, explica Luana. De acordo com a Bolsa, o peso da OGX sobre o Ibovespa ontem era de 2,3%.
Como custavam pouco, esses papéis tinham uma variação percentual acentuada a cada centavo para cima ou para baixo em sua cotação. “Ontem (quarta-feira), por exemplo, a ação caiu 26%. O seu peso correspondeu a praticamente toda a queda de 0,67% que teve o Ibovespa no fim do dia”, afirma Rogério Oliveira, especialista em Bolsa da Icap do Brasil.
A distorção que os papéis causavam no índice eram ainda mais amplas. “Há algum tempo o índice futuro da Bovespa estava valendo menos que o à vista. Ele tem sempre que valer mais. Isso acontecia por causa do efeito OGX sobre o índice”, afirma o especialista da Icap. “Hoje, a tendência mudou. O índice futuro está caindo menos que o à vista”, acrescenta.
Após a saída da OGX do Ibovespa, o peso atual desse papel será redistribuído proporcionalmente entre as 72 ações que compõem a carteira teórica do índice.

Futuro incerto

Os advogados da OGX disseram que o pedido de recuperação judicial da empresa deve ser aceito pela Justiça, mesmo a petroleira sendo praticamente pré-operacional, o que significa que gera pouca receita. “A companhia é extremamente viável se reestruturar seu capital, porque tem bons ativos”, diz Márcio Costa, sócio do escritório Sérgio Bermudes, escritório responsável pelo processo.
A petição inicial da recuperação judicial da OGX fundamenta a viabilidade econômica da recuperação da petroleira nas projeções apresentadas para os campos de Tubarão Martelo e BS-4, no qual a empresa detém 40%. No item batizado de “olhando para o futuro”, a companhia afirma que Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, poderá gerar receitas de US$ 11 bilhões, sem explicitar em que período. Já o campo BS-4, na Bacia de Santos, teria um cenário de geração de receita de US$ 6,2 bilhões.
O documento, assinado pelo advogado Sérgio Bermudes e protocolado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), leva em conta a recente avaliação da consultoria internacional DeGolyer&MacNaughton para as reservas de Tubarão Martelo. A consultoria é a mesma autora das avaliações anteriores, depois revisadas para baixo. Talvez por isso a petição destaque que o relatório “dada a responsabilidade do avaliador e o fato de ter sido elaborado no auge da crise do grupo OGX, adotou certamente premissas conservadoras”.
A defesa da petroleira de Eike Batista afirma que a administração da OGX “tem confiança que os resultados da exploração podem ser ainda mais auspiciosos”. Em relatório apresentado pelas consultorias financeiras Blackstone e Lazard ao longo das negociações com credores externos, a estimativa da DeGolyer é que Tubarão Martelo gere receita de US$ 6,18 bilhões no período 2014-2023.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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