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Projetos buscam atratividade

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A energia solar, uma solução limpa para a geração de energia na Amazônia, é uma das promissoras promessas que ainda continuam no papel ou caminham de forma lenta com estudos e ensaios nas universidades. Segundo especialistas mesmo com um infinito potencial a ser explorado na região tropical onde a incidência solar é marcante, na realidade é um “ledo engano”. O fenômeno solar gera muito calor, mas possui um índice baixo de incidência solar, por incrível que possa parecer. Em tempo nublado uma usina solar não possui muita eficiência, portanto necessita ser combinada com outras fontes de energia para ter alguma viabilidade.
Outro entrave que inibe a geração de energia solar em larga escala, segundo o professor da Ulbra, engenheiro Frederico Cesarino, reside na quantidade de painéis solares que ocupam áreas muito grandes para gerar poucos MW (Mega Watts) de energia. “São necessários muitos painéis solares. Manaus possui demanda de energia de 1200 MW aproximadamente. Uma usina de geração de energia movida a energia solar, com 1000 m2 de painéis solares instalados, mal consegue gerar 1 MW”, explicou.
Cesarino salientou que a geração de energia solar depende de painéis de células fotovoltaicas, que são excitadas pela energia solar e, a partir daí, a converte em energia elétrica. “Como informado, a energia solar possui o entrave de necessitar de uma grande área para instalação de painéis solares, para um baixo retorno na taxa de geração de energia. Ainda, esta energia somente pode ser gerada durante o dia”, esclareceu.
A Eletrobras Amazonas Energia, por meio do Programa Luz para Todos, instalou três usinas movidas a energia solar em comunidades afastadas do interior do Estado. Os resultados ainda estão sendo analisados, porém ao que se percebe, tais usinas têm atendido as demandas das comunidades, que por sua vez são pequenas e consomem pouca energia. “Os pontos positivos são o fato de ser uma energia “limpa”, não poluente e, em teoria, com disponibilidade infinita”, concluiu Cesarino.

Na contra mão

O governo do Estado apresentou o projeto Solar World Cup 2014 Brazil, em 2012, que trata da utilização da cobertura de edificações no entorno da Arena Amazônia, em Manaus, para a geração de energia elétrica a partir de sistemas solares fotovoltaicos. Por enquanto, as obras continuam no papel.
A apresentação que teve como objetivo atrair investimentos nacionais e internacionais, teve por base ações da Seplan (Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico); SDS (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável); Ciama (Companhia de Desenvolvimento do Estado do Amazonas) e a Eletrobras Amazonas Energia.
A localização escolhida para a integração dos sistemas fotovoltaicos foi o entorno do complexo da Arena Amazônia, abrangendo o Ginásio Amadeu Teixeira, o Centro de Convenções do Amazonas e estacionamentos.
O presidente da Ciama, Aluízio Barbosa, destacou que o governo do Estado vem trabalhando neste projeto, buscando desenvolver um modelo, inicialmente, para Manaus, extensivo para o Estado. “Esta tem sido a articulação com a Eletrobras. O Amazonas está entre os Estados com a maior capacidade prevista para utilização de energia solar fotovoltaica, principalmente devido à incidência de raios solares”, disse.

Energia atrai empresas

Já nas comunidades ribeirinhas no Amazonas, especialistas da empresa alemã Schneider Electric, desenvolveram uma solução com painéis fotovoltáicos, que captam a luz solar e convertem a mesma em eletricidade. O excesso é estocado em baterias e usado em períodos de chuva. Eles comemoram os bons resultados obtidos em um ano do experimento.
Em 2012, a empresa, em parceria com a FAS (Fundação Amazonas Sustentável), Senai (Serviço Nacional da Indústria), Conin e SDS (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e do Desenvolvimento Sustentável), escolheu duas comunidades que representam 90% da realidade Amazônica no acesso à energia elétrica, para um projeto-piloto denominado Villa Smart. As comunidades também usam os geradores a diesel que foram redimensionados para funcionar como backup em longos períodos de chuva. Isso reduziu o consumo de combustível em até 80%.
A Schneider Electric, especialista global em gestão de energia, começa a atrair empresas interessadas em levar energia elétrica para áreas isoladas ou sem conexão com a rede convencional de energia elétrica, a partir de um projeto bem sucedido realizado no Amazonas.

Amazonas Energia

Em Manaus a geração de energia solar não decolou. A Amazonas Energia Solar Ltda., empresa do grupo Rede Amazônica de Rádio e Televisão, iniciou suas atividades, no PIM (Polo Industrial de Manaus), em 1989, para a produção de “kits” e sistemas fotovoltaicos para residências e empresas.
Com capital, inteiramente, nacional, a empresa tinha a proposta de desenvolver sistemas e montar “kits”, utilizando a radiação solar como fonte de energia para a geração de eletricidade, utilizando tecnologia de última geração. O sol é uma fonte de energia alternativa, ecologicamente, correta, indicada, principalmente, para uso em localidades remotas, onde não há energia convencional.
A Amazonas Energia Solar era distribuidora exclusiva para a região Amazônica da “Siemens Solar Industries”. Mas o projeto não decolou e foi abortado. Há pelo menos uma década a empresa está com status de inativa na base de dados da Suframa.

Pouco investimento limita iniciativas no Brasil

Apesar do grande potencial brasileiro para explorar a energia solar, ainda há pouco investimento do governo nessa área. “Um país tropical deveria fazer mais para aproveitar um de seus mais preciosos recursos naturais: a luz do Sol”. Foi o que mostrou o físico da Universidade Federal de Pernambuco e ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende, em conferência promovida pelo Instituto Ciência, ao discutir as possibilidades de exploração dessa fonte no Brasil e destacar que o avanço da área passa pela adoção de políticas públicas eficientes.
Rezende afirma que embora a matriz energética brasileira seja bastante diversificada, cerca de 80% da eletricidade é gerada em hidrelétricas. Mas, na sua avaliação, isso ajuda a explicar o pouco investimento do país na pesquisa de novas fontes de energia. O Brasil ocupa a 19ª colocação entre os maiores produtores de conhecimento nessa área – foram 350 artigos publicados em 2012 contra quase sete mil da China e mais de três mil dos Estados Unidos. “Parece que, por termos tantos recursos hidrelétricos, uma fonte de energia barata, não é preciso investir pesado em alternativas”, avaliou Rezende durante 65ª Reunião Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) que abordou o tema: “Ciência para o Novo Brasil”, realizada no período de 21 a 26 de julho deste ano, no campus da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), em Recife (PE).

Falta decisão política

De acordo com Rezende o maior impeditivo para a energia solar é a falta de uma orientação política do governo. “Não temos energia solar porque não queremos, falta decisão política; muitos países europeus que não têm nossa irradiação solar incentivam os moradores a instalar o equipamento, subsidiam sua instalação, dão descontos pela economia”, salientou. Ele acredita que seja por isso, que o Brasil está em 28º lugar, “apenas”, na produção de energia solar, com 27 megawatts produzidos, mil vezes menos que a Alemanha, a primeira colocada no ranking mundial.
Ainda segundo Rezende um importante passo nesse sentido seria baratear a instalação dos painéis solares, por meio do estímulo à produção nacional ou da criação de mais facilidades para a importação. “Em geral, os equipamentos precisam ser comprados de países como China, Japão, Alemanha e Estados Unidos, com altas taxas, que poderiam ser abrandadas”, disse. Ele também afirmou que o Brasil é considerado um dos maiores produtores de silício do mundo, portanto poderia haver um incentivo à produção nacional. “O país já teve uma empresa do ramo, na década de 1970, que faliu justamente pela falta de compradores e de incentivos públicos”, lembrou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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