Pesquisar
Close this search box.

Produção industrial amazonense oscila, mas segue com maior índice de crescimento do país

A indústria do Amazonas tropeçou em junho, mas se manteve ascendente no ano. A produção caiu 4% em relação a maio – que a mesma quantidade de dias úteis. O desempenho negativo erodiu parte do ganho do levantamento anterior (+12,6%), e fez o Estado despencar da liderança para o penúltimo lugar do ranking nacional. Mas, o confronto com junho do ano passado confirmou alta de 6,6%, favorecida principalmente dos segmentos de produtos químicos, produtos de metal, bens de informática e combustíveis. O dado negativo veio do subsetor de duas rodas. Na média brasileira, o setor se manteve estável, em ambas as comparações (+0,1% e 0,3%, na ordem)

A manufatura amazonense consolidou o acumulado do ano no azul, ao decolar 9,8% e manter o Estado com o maior índice de crescimento do país. A indústria extrativa entrou em campo positivo e a expansão da indústria de transformação foi mais disseminada, com destaque para derivados de petróleo e as linhas de produção de eletroeletrônicos e informática. Em 12 meses, o avanço já chega a 8,3%, também confirmando a primeira posição do setor neste tipo de comparação. Em contraste, a indústria nacional encolheu 0,3% em seis meses e também estagnou na variação anualizada (+0,1%). Os números são da Pesquisa Industrial mensal e foram divulgados pelo IBGE, nesta terça (8).

O tombo de 4% na comparação com maio fez o Amazonas despencar do primeiro para o penúltimo lugar, no ranking das 17 unidades federativas investigadas pelo IBGE. Só ficou a frente do Ceará, em uma lista com oito resultados negativos e liderada por Espírito Santo (+4,6%) e Rio de Janeiro (+3,2%). A alta de 7,6% na variação anual fez o Estado cair da segunda para a sexta posição em um rol no qual Rio Grande do Norte (+16,5%) e Ceará (-14,6%) ficaram nos extremos. O acréscimo do semestre (+9,8%) segurou a indústria amazonense na liderança, com o Ceará (-6,2%) na outra ponta. 

Químicos e metal

Na comparação com junho de 2022, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) emplacou seu segundo mês no azul, ao subir 4,9%. A indústria de transformação foi mais longe e cresceu 6,6%, em performance já mais fraca do que a do levantamento anterior (+7,6%). Quatro de seus dez segmentos recuaram: máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -31,6%); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -6,5%); bebidas (-6,3%); e “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com -6%) – que entrou nessa lista, após meses consecutivos de expansão.

As maiores altas vieram dos subsetores de produtos químicos (metais preciosos, inseticidas, nitrogênio e desinfetantes, com +46,8%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, +26,7%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +21,5%); As divisões de petróleo e combustíveis (gás natural, com +11,1%); “produtos diversos” (artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras, com +8%); e de borracha e material plástico (+0,8%) também avançaram.

O acumulado dos seis primeiros meses do ano ainda mostra um quadro mais favorável. A indústria de transformação expandiu 10,5% e a extrativa (+0,7%) entrou em campo positivo. Os aumentos de produção vieram de derivados de petróleo e combustíveis (+23,5%); equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (+15,3%); produtos de metal (+14,8%); “outros equipamentos de transporte” (+11,4%); produtos químicos (+11%); “produtos diversos” (+9,3%); bebidas (+3,2%); e borracha e material plástico (+2,7%). Na outra ponta ficaram apenas os subsetores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,3%) e de máquinas e equipamentos (-4,8%).

“Momentos de instabilidade”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destaca que a queda mensal de junho foi a segunda ocorrida neste ano, nesse tipo de comparação. O pesquisador pondera que, embora os resultados da indústria amazonense tenham sido predominantemente positivos, o ritmo de produção desacelerou no segundo trimestre, e não sinaliza inversão de tendência no curto prazo.

“Junho deu continuidade aos altos e baixos da produção local, mostrando que setor industrial enfrenta momentos de instabilidade. Houve aumento na comparação com junho de 2022, indicando que as vendas foram melhores. Embora ainda esteja positivo, o acumulado do ano vem caindo desde março, sinalizando que a produção perde força a cada mês. A média móvel trimestral está com forte baixa de 3,4% e aponta que não há um acumulado consistente para prever bons resultados na próxima divulgação”, alertou.

Em texto postado na Agência de Notícias IBGE, o analista da pesquisa, Bernardo Almeida, destaca que os números da média nacional também inspiram preocupação e refletem as oscilações no mercado de consumo e ambiente de negócios. “Ao final do primeiro semestre de 2023, vemos uma trajetória bem gradual, com muita cautela na atividade industrial brasileira, consequência das medidas moderadas tomadas pelos produtores. Isso pode ser explicado pela conjuntura econômica, ainda com algumas incertezas que afetam a cadeia produtiva”, ponderou.

“Carrossel de indicadores”

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, disse à reportagem do Jornal do Commercio que, apesar da retração em relação ao mês anterior, houve “considerável crescimento” de produção nos comparativos com o ano passado. Diante disso, o dirigente mantém expectativas de alta para o setor neste ano, em razão do calendário e dos prognósticos favoráveis na macroeconomia.  

“Os crescimentos no acumulado anual e nos últimos 12 meses posicionam o Amazonas na liderança do ranking. Não obstante o cenário ainda instável e passível de oscilações, temos expectativas positivas a partir da redução dos juros da Selic e da sinalização de contínuos cortes, bem como do processo de arrefecimento da inflação. Acredito que a indústria amazonense continuará a apresentar bons indicadores no segundo semestre”, afiançou.

No entendimento do presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, os números do IBGE demonstram que o setor continua atravessando um “carrossel de indicadores”. O dirigente salienta, contudo, que o fato dos comparativos com 2022 serem melhores dá algum alento à indústria e demonstram novamente a “força econômica” que a ZFM representa para o Brasil. 

“Neste momento, as vendas do Polo Industrial de Manaus para o atacado de todo o país, com vistas para os feriados de fim de ano, já são realidade. Por isso, acredito que, com o bom andamento da reforma Tributária, desta vez no Senado, haverá uma continuidade de crescimento para o setor. Mesmo que esse aumento percentual seja pequeno, será um resultado positivo para consolidar a indústria do Amazonas em 2023”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar