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Alta no semestre foi a 3,7%, elevando a taxa de crescimento acumulado dos últimos 12 meses para 1,9%

As vendas do varejo do Amazonas saíram da estabilidade, no mês do Dia dos Namorados, consolidando um crescimento semestral duas vezes maior do que o da média nacional. O consumidor, contudo, seguiu fugindo do crédito e focou em bens semiduráveis e não duráveis, de menor valor agregado. O volume comercializado em junho foi 0,6% superior ao de maio, que teve um dia útil a mais. O confronto com o mesmo mês de 2022 mostrou avanço de 4,6%. A alta no semestre foi a 3,7%, elevando a taxa de crescimento acumulado dos últimos 12 meses para 1,9%. É o que revelam os dados da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgados pelo IBGE, nesta quarta (9). 

Assim como nos três meses anteriores, o Estado bateu a média nacional do setor em todas as comparações. A atividade se manteve rigorosamente estável em todo o país na variação mensal (0%), no sexto resultado próximo a zero nesse tipo de comparação. Houve um discreto incremento de 1,3% frente a junho de 2022, ajudando a manter os acumulados do ano (+1,3%) e dos 12 meses (+0,9%) em campo positivo. Somente quatro dos oito segmentos do varejo investigados pelo IBGE avançaram no semestre: postos de combustíveis, supermercados, drogarias e lojas de moveis e eletrodomésticos.

A deflação de 0,08% no IPCA de junho reduziu o descolamento na receita nominal e ajudou nos resultados globais. Foi a menor variação para o período, desde 2017. Mas, não foi suficiente para recuperar as vendas de segmentos de bens de maior valor agregado e dependentes de crédito, inseridos no chamado varejo ampliado – que inclui estabelecimentos que comercializam veículos e material de construção. O desempenho confirma os dados de outra pesquisa: segundo a CNC, 52,4% do faturamento do varejo brasileiro vem de produtos que custam até R$ 250.

De acordo com o IBGE, o comércio avançou em 22 unidades federativas brasileiras, entre maio e junho. Mas, 13 delas tiveram altas abaixo de 1%. O Amazonas (+0,6%) caiu da quarta para a 12ª posição, empatando com Rio de Janeiro, Pará, Rio Grande do Sul e Paraná. Alagoas (+2,7%) e Minas Gerais (-1,3%) protagonizaram os extremos. A elevação anual de 4,7% fez o varejo local subir do sétimo para o sexto lugar, em uma lista encabeçada por Tocantins (+14,3%) e encerrada pela Paraíba (-3,6%). No ranking do semestre, o Estado recuou da décima para a 12ª posição. O melhor dado veio de Tocantins (+13,5%) e os piores, de Rondônia e Rio de Janeiro (ambos com -1,4%).

Receita e crédito

Apesar da perda de fôlego do IPCA, o comércio amazonense teve resultados diferentes na receita nominal – que não leva em conta a inflação do período. A variação mensal ficou positiva em 0,9%, em desempenho bem superior ao de maio (-2,7%). O confronto com junho do ano passado indicou avanço de 2,7%, mas os impactos de longo prazo do IPCA contribuíram para uma diferença ainda maior nos acumulados do ano (+4,8%) e dos 12 meses (4,9%). As respectivas médias nacionais foram +0,5%, +0,6%, +4,6 e +8,2%.

Em razão do tamanho da amostragem, o IBGE ainda não segmenta o desempenho do comércio no Amazonas. Sabe-se apenas que os subsetores de veículos e material de construção apresentaram saldo positivo nas vendas do mês, levando o varejo ampliado a um acréscimo de 3,3% na comparação com maio – em resultado mais forte que o da média nacional (+1,2%). O aumento chegou a 14,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, encorpando o desempenho de janeiro a junho (+7,5%). Em seu segundo mês no azul, a variação anualizada dos últimos 12 meses avançou 2,5%.

Assim como no levantamento anterior, o crescimento do comércio brasileiro na variação mensal se restringiu a quatro dos oito dos segmentos sondados: hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (+1,3%); tecidos, vestuário e calçados (+1,4%); móveis e eletrodomésticos (+0,8%); e livros, jornais, revistas e papelaria (+1,2%). Em contrapartida, equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,7%); artigos de uso pessoal e doméstico (-0,9%); combustíveis e lubrificantes (-0,6%); e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%) encolheram.

Gargalo no crédito

No entendimento do presidente da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), Ezra Azury, embora positivos, os números do varejo amazonense calculados pelo IBGE foram tímidos. O dirigente, no entanto, se mostra otimista para as vendas do setor no segundo semestre.

“São números que ficam aquém do rendimento de uma Selic, ou coisa assim. Era para o comércio estar crescendo com mais pujança. O que realmente está travando o setor é a falta de crédito. Houve uma redução da taxa básica de juros e não dá para sentir de imediato. Mas, acreditamos que nos próximos meses ou semanas, a situação deve melhorar um pouco e impulsionar as vendas de produtos de maior valor agregado. Estamos aguardando mais uma ou duas quedas nos juros para oxigenar a economia.”, ponderou

Em entrevistas recentes para a reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da assembleia geral da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ataliba David Antonio Filho, considerou que os números mais recentes do IBGE vêm apontando para um consumidor ainda cauteloso em relação às oscilações da economia e com medo de se endividar. O dirigente avaliou também que o desempenho comparativamente melhor do Amazonas se deveu em grande parte às políticas de transferência de renda, dado que o Estado possui um percentual maior de consumidores inscritos nesse programa – e renda média da população abaixo da média nacional. 

“Tem todo tipo de bolsa e o crescimento gradual no mercado de trabalho ajuda a aumentar um pouco a renda e as compras, em um ambiente de inflação desacelerada. Mas, os juros altos ainda limitam as vendas do varejo ampliado e de produtos de maior valor agregado. O que vemos é que as vendas crescem um pouco em função de datas comemorativas, como foi o Dia das Mães. Mas, julho já está meio parado. Esperamos algum aquecimento em agosto, quando teremos o Dia dos Pais”, arrematou.  

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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