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Novo empreendimento da Cyrela causa controvérsia

Extasiados diante da oferta de “um novo conceito mundial de morar” e da promessa de adquirir, como num passe de mágica, “a classe da Europa, a modernidade da América e o conforto do Oriente”, nos últimos 20 dias, mais de 250 investidores manauenses –a maioria, jovens casais inexperientes– reservaram flats e apartamentos no que hoje é alardeado como o maior empreendimento imobiliário de Manaus.
Todavia, isso acontece apesar do empreendimento ainda não haver sido oficialmente lançado. Suas obras só começam a partir dos próximos 40 dias e a entrega das unidades acabadas só está prevista para o início de 2013.
Trata-se do parque residencial denominado “Manay Flat & Residence”, que anuncia a incorporação de 744 unidades -sendo 216 flats e 528 apartamentos- a serem construídas em um terreno entre as avenidas Djalma Batista e Constantino Nery, na altura do Amazonas Shopping Center. O empreendimento imobiliário conjunto é encabeçado pela construtora Cyrela, associada à Global, à RD Engenharia e à MAC.
Como essa prática não é usual em Manaus –em que as reservas são pagas primeiro e os contratos são assinados depois– algumas pessoas (mesmo as que trabalham na área imobiliária), mostraram-se preocupadas, temendo tratar-se de mais um engodo.
Apesar da badalação em torno do lançamento do empreendimento (até “café da manhã” é oferecido no local), muitos compradores e investidores questionam por que a Cyrela-MAC cismou de construir esse mega complexo residencial e hoteleiro numa área estritamente comercial, tão próxima ao maior shopping da cidade. Quais seriam as discutíveis vantagens disso?
Outra dúvida sem explicação é, como a Cyrela-MAC resolverá o problema de falta de vagas para veículos no complexo a ser construído e, principalmente, como coordenará o tráfego interno e externo para escoar o volume de veículos que passará a circular naquele trecho já congestionado da Djalma Batista-Constantino Nery, quando os moradores ocuparem o imóvel após as entregas.

Impacto ambiental

Pior que isso, será o impacto ambiental a ser gerado, uma vez que nem nas maquetes está explícita qualquer área verde, a não ser a vaga promessa do futuro plantio de umas poucas árvores ornamentais, ineficazes como “cinturão verde” exigível em um projeto que está sendo executado para reunir considerável concentração humana em um espaço relativamente exíguo, como no caso do Manay Residence.
Entre os compradores do complexo imobiliário, já há quem questione se vale à pena investir em imóveis tão caros para os padrões locais e alguns argumentam que a Cyrela-MAC está inflacionando injustificadamente o mercado imobiliário da capital amazonense.
Na verdade, considerando-se os preços finais para os flats e apartamentos -que variam de R$ 250 mil a R$ 900 mil por unidade- o valor é consideravelmente mais elevado que os de outros imóveis, de alto luxo e dotados de verdadeiro conforto, comercializados em áreas mais nobres de Manaus, como é o caso do entorno da Ponta Negra, na zona oeste.
Há também quem questione: “Valerá à pena investir tão pesado em um negócio tão nebuloso?”

Firma diz que procedimento é comum

No Manay Residence, a diretoria da Cyrela-MAC não deu respostas às dúvidas anteriores. Mas, na tentativa de esclarecer parte da celeuma e tranquilizar o investidor amazonense, o diretor comercial do pool Cyrela-MAC, Rodrigo Gialluisi tentou dar alguma satisfação. “É justa, a preocupação do público amazonense. Mas, não há motivo para pânico, tendo em vista esse procedimento ser comum não apenas no Sul e Sudeste do Brasil, mas principalmente, no Exterior”, amenizou.
O diretor comercial acrescentou que as “reservas” que vêm sendo feitas, não estão sendo escrituradas e funcionam apenas como uma espécie de “sinal”. Ou seja, cada interessado vai ao estande de vendas da Manay, na Djalma Batista, escolhe o apartamento ou o flat que deseja reservar e paga entre R$ 5.000 e R$ 6.000, valor que será deduzidos posteriormente do preço final do imóvel acabado. “Mas, se antes disso ele preferir desistir, poderá fazê-lo e o dinheiro será devolvido”, garantiu.
Rodrigo Gialluisi destacou que a Cyrela integra o maior pool incorporador imobiliário do hemisfério Sul do planeta. “Por ser uma das empresas multinacionais de construção civil mais respeitadas do mercado internacional, não há motivos para desconfiança por parte dos eventuais compradores manauenses optantes pela aquisição das unidades a serem colocadas oficialmente à venda dentro dos próximos 20 ou 30 dias”, frisou.

Abordagem diferente

Algumas pessoas que fizeram reservas, mas preferiram se manter anônimas, explicaram haver ficado simultaneamente impressionadas e desconfiadas, não só com os produtos oferecidos, mas com a mega-estrutura de atendimento montada pela Cyrela em Manaus. Isso sem contar com a abordagem diferente da usual por parte dos corretores da companhia.
Em relação a isso, a assistente comercial da Cyrela, Fabiana, esclarece: “É uma mega-empresa de incorporação imobiliária e costuma proceder como tal. Além disto, Manaus é uma cidade importante e o Manay é um empreendimento imobiliário à altura do público amazonense. Daí, merece uma estrutura operacional deste porte”, justificou.
Para amparar seus argumentos, a assistente comercial lembra que Manaus será uma das cidades brasileiras a sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014, um fato que contribui para o crescimento do turismo a região.
“Saímos na frente ao oferecer modernas opções residenciais ou de moradias em padrão executivo internacional num dos pontos mais valorizados da cidade”, comemorou.
Segundo ela, a empresa visa oferecer o melhor ao público da capital amazonense. “Para isto, tivemos o cuidado de selecionar em torno de 200 corretores daqui mesmo de Manaus, fretamos um avião e os levamos para fazerem um curso em São Paulo. Em breve, todos estarão atuando nesta capital, não só neste, mas em outros quatro novos empreendimentos que vêm por aí e que serão tão significativos quanto o Manay”, adiantou.
Fabiana arrematou valendo-se da maquete (exibida no hall do salão de vendas montado na Djalma Batista) para ilustrar o andamento do projeto, informando que o novo parque residencial e hoteleiro constará de quatro torres de apartamentos e duas de flats, todas com 18 andares cada.
As áreas dos flats varia entre 44 e 51 metros quadrados, ao passo que a dos apartamentos residenciais é de 58 a 156 metros quadrados. Os primeiros vão dispor de apenas uma vaga na garagem, ao passo que os demais, até duas.
O custo total de cada unidade para cada comprador é variável, em conformidade com a área útil de cada uma. Porém, o preço final dessas unidades poderá ser estimado à razão de R$ 6.000 por metro quadrado do produto, após a entrega do empreendimento.

Estratégia de Segurança

O que não se pode dizer é que exista qualquer resquício de insegurança nas reservas feitas pela Cyrela. Os pagamentos efetuados por antecipação, antes da assinatura do contrato, serão integralmente ressarcidos pela incorporadora caso o empreendimento não deslanche. Com essas reservas ela está apenas “sentindo” o mercado. Já com o contrato firmado, em caso de desistência, a firma teria de suportar indenização por não cumprimento de obrigações e outras demandas normalmente invocadas na relação jurídica entre vendedor e comprador. É uma estratégia de segurança que garante bem às partes.

O que diz um corretor

“A Cyrela não está vendendo o empreendimento Manay, principalmente por uma questão de lógica financeira,” assegurou um corretor que preferiu ficar no anonimato e que também fez parte da equipe que foi a São Paulo receber treinamento de venda patrocinado pela empresa. “Ora, qual o investidor que vai adquirir uma unidade por R$ 260 mil, se, de aluguel mensal, a expectativa é obter apenas R$ 1.200?” questionou.
Outro argumento contrário à iniciativa da Cyrela é a vocação das duas avenidas para as quais a construção tem acesso. “A Constantino (Nery) e a Djalma ( Batista) são para atividades de comercio e serviços, nunca residencial. Quem quer morar nas redondezas prefere o Vieiralves”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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