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Mulheres denunciam mais e reagem cada vez mais

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Por terem a compleição física menos avantajada que a dos homens, ao longo da existência humana, na maioria das sociedades do planeta, a mulher sempre esteve em desvantagem no quesito força, sendo vítima, por isso, de todo tipo de violência.

O feminismo surgiu como o grito das mulheres contra esta, e outras situações de subserviência da mulher. Historiadores classificam o movimento feminista em três ‘ondas’: quando surgiu, no final do século 19, e ganhou força no início do 20; no final da década de 1960 e início da década seguinte; e a mais recente, que começou na década de 1990 e cresce até os dias atuais.

Ainda chama a atenção quando uma mulher (principalmente se for policial) puxa de sua arma e dispara contra seu agressor. Mas no início do século 20, o longo alfinete, de ao menos 30 cm, usado para prender os imensos chapelões das senhoras, era usado como arma. E muitas vezes foi usado para atacar agressores, colocando-os para correr. O fim da moda dos chapelões marcou o desuso dos alfinetões, mas hoje existem outras armas tão efetivas quanto eles.

As mais conhecidas são o gás de pimenta (spray) e a arma de choque elétrico (taser), mas estas duas armas, consideradas não letais, têm seu uso restrito às Forças Armadas, polícias e empresas de segurança.

Em 2017, a Comissão de Desenvolvimento Econômico Indústria, Comércio e Serviços da Câmara aprovou projeto de lei (PL 582/16) que regulamenta a venda do spray de pimenta para fins de defesa pessoal. Poderiam comprar esse spray homens maiores de 18 anos e mulheres a partir de 15 anos, desde que autorizadas pelos responsáveis. Nos dois casos, a compra deverá ser antecedida por apresentação de requerimento dirigido à secretaria de Segurança Pública, com entrega de documentos pessoais, como identidade, comprovante de residência e certidão negativa de antecedentes criminais. Mas existe o spray de gengibre, totalmente liberado para maiores de 21 anos.

Invenção de dois brasileiros, Daniel Soares e Christian Moroni, pai e filho, o spray de gengibre entrou no mercado em 2012, e em 2014, passou a poder ser adquirido por civis. Existe até a linha ‘Ela’, em embalagem cor-de-rosa. Segundo os empresários, as mulheres são as maiores compradoras do produto. A diferença do spray de gengibre para o de pimenta é que este, em alguns casos, pode matar. O de gengibre faz o mesmo efeito, mas não se sabe de nenhum caso em que tenha matado alguém. Seu efeito dura de cinco a dez minutos, enquanto o de pimenta pode durar até 30 minutos.

Em Manaus, tanto o taser, quanto o spray de pimenta e o de gengibre, podem ser encontrados à venda em lojas de caça e pesca.

“Temos essas três armas aqui na Tiro Certo”, falou Frank Rios, gerente da loja, localizada no centro antigo de Manaus. “De vez em quando aparece alguma mulher atrás dessas armas, mas ainda falta a grande maioria saber o quanto são importantes nesses dias atuais, principalmente o spray de gengibre, que pode ser facilmente levado na bolsa e ‘nocauteia’ o agressor”, alertou.

"Os homens estão acovardados"

Eliane Bertão: "a mulher está se sentindo cada vez mais empoderada"
 

Para a psicóloga Eliane Bertão Mezari, as mulheres estão reagindo cada vez mais às agressões sofridas pelos homens.

“A mulher está se sentindo realmente ‘empoderada’. Isso nada mais é do que saber seu lugar social e seus direitos. Atualmente a mídia está contribuindo bastante com tal defesa através da divulgação de agressões e órgãos de apoio às mulheres agredidas”, disse.

Diariamente a imprensa mostra o assassinato de mulheres por namorados, amantes e esposos, um fenômeno em números, e que parece ter no Brasil um dos países onde mais esses crimes têm acontecido.

“O Brasil é um país machista e falocrático (ideologia cuja premissa é o poder exercido somente por homens). Muitos homens acreditam que as mulheres são suas propriedades. A falta de respeito parte de um contexto social amplo (homem pode tudo). Para mostrar poder, pode até matar. Nenhum ser humano nasce educado e moralizado. Penso que falta educação básica. Aquela que começa no lar”, falou.

Sobre essa reação violenta e descontrolada dos homens, Eliane tem uma opinião.

“Os homens estão acovardados, porque não admitem que as mulheres sempre tiveram inteligência e são capazes de gerir suas próprias vidas com força e resiliência. E não conseguem entender que não queremos medir forças, que merecemos os mesmos direitos e queremos apenas somar. Estamos precisando de mais homens de verdade”, alertou.

Para Eliane, a mulher deve se informar. “Não precisam mais ficar reféns de companheiros cruéis e violentos. A lei Maria da Penha está aí, e funciona. As mulheres, inclusive, podem ter acesso a cursos profissionalizantes para saírem da dependência financeira. Outro tipo de defesa é a não permissão de condutas destrutivas, que começam com grosserias e palavrões. Existe um caminho, na maioria das vezes, até o dia em que ocorre um assassinato, então, o que vale para todas é não permitir uma mínima ofensa, seja no trabalho ou no lar. A imposição, os limites, o veto vem com a palavra e a expressão corporal de intimidação”, explicou.

E dá dicas de como conhecer melhor um homem. “Antes que haja envolvimento emocional, o homem em questão precisa passar pelo crivo da desconfiança e longa observação, e jamais levá-lo para casa sem antes conhecê-lo melhor. A intuição feminina é uma aliada na percepção sobre os homens”, concluiu.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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