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Sopas que unem três gerações de famílias em Manaus

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Três gerações depois e as sopas de dona Raimunda Nonata, a tia Dica, continuam fazendo cada vez mais sucesso, no mesmo local, há mais de 60 anos.

Tia Dica era paraense. Veio para Manaus e passou a morar num terreno, ainda cheio de árvores, na então estrada de Constantino Nery.

Na década de 1950, para ganhar algum dinheiro, Tia Dica montou uma mesa na frente de sua pequena casa de madeira onde começou a vender café e bolos.

Seus clientes mais assíduos eram motoristas de táxi, os únicos que podiam vir do distante centro da cidade até ali, e com dinheiro no bolso. Geralmente vinham trazer pessoas para os inúmeros banhos que existiam ao longo da estrada.  

E foram os taxistas que pediram para tia Dica começar a servir um caldinho quente, que ela logo combinou com feijão, jerimum e mocotó. Tia Dica não deve ter imaginado estar criando um empreendimento que serviria para seus filhos e netos, no futuro, o Sopão do Professor.

“Minha ‘vó’ morreu quando eu tinha doze anos, em 1989. Toda a vida ela vendera as sopas, mas como já estava bem idosa, minha mãe Raimunda Colares assumira o negócio alguns anos antes, junto com meu tio Rui Sabeli, que era maitre no restaurante do Hotel Amazonas. Meu pai, Walter Nonato dos Santos, filho da tia Dica, só entrou na sociedade alguns anos depois”, contou Franco Luiz Colares dos Santos, atualmente um dos proprietários do Sopão do Professor junto com os irmãos Ítalo e Joab.

“A lembrança que tenho da Constantino Nery, na minha infância, é de uma via de mão dupla, com pouco movimento. Entre as décadas de 1980 e 1990 a avenida foi duplicada. E minha família vendendo sopas”, contou.

“Minha ‘vó’ deixou cinco filhos, mas só três participaram ativamente do negócio de sopas, meu pai era um deles. Com o tempo ele comprou a participação dos demais e ficou só, à frente da soparia, junto com meu tio Rui, e minha mãe”, lembrou.

E aí, professor?

Muitas pessoas acreditam que o nome Sopão do Professor é porque o estabelecimento pertence a um professor. Mas a história é outra.

“Quando meu pai assumiu a soparia, construiu essa casa, de alvenaria, onde ela está até hoje. Até então funcionava numa casa de madeira, que era da minha ‘vó’ e ficava aqui, onde hoje está o estacionamento. Naquela época, meados da década de 1990, o local já era conhecido como Sopão do Professor, porque meu tio Rui costumava tratar os clientes como ‘professor’, e os clientes também o chamavam de ‘professor’, e acabou pegando. Aí diziam: ‘vamos lá, no sopão do professor’. E meu pai resolveu usar o nome”, explicou.

Um detalhe que só os clientes assíduos do Sopão do Professor sabem é que o cardápio da soparia é um dos menores entre todos os restaurantes de Manaus. Nele constam apenas três tipos de sopa: de carne, de mocotó e mista.

“É o cardápio de toda a existência do Sopão, desde a minha ‘vó’, passando pelo meu pai, e agora continuado por mim e meus irmãos. Sempre fez muito sucesso e os clientes nunca demonstraram a intenção de querer mudanças”, disse.

“Prova do sucesso desse cardápio é que nossas mesas lotam. Hoje temos espaço para 70 pessoas sentadas”, informou.

Mas o Sopão do Professor respira novos ares e, ainda este ano, vai passar por transformações, inclusive no cardápio.

De pai pra filhos

Em 17 de julho do ano passado, depois de ficar por mais de 20 anos à frente do Sopão do Professor, Walter morreu e, da mesma forma como herdara a soparia de sua mãe, a tia Dica, agora a deixava para os filhos Franco, Ítalo e Joab.

“Meus irmãos sempre trabalharam com meu pai. Eu tinha um emprego. Quando ele morreu, resolvi assumir o Sopão junto com meus irmãos”, falou.

“Decidimos aumentar o negócio. Assim que começar o verão, vamos iniciar as obras de ampliação da soparia para toda essa área aqui de trás. O espaço vai dobrar de tamanho”, adiantou.

No novo espaço passará a existir um almoxarifado, um vestiário para os funcionários, uma área para o delivery e a cozinha será triplicada. O número de lugares dobrará, para 140.

“O cardápio de sopas terá mais itens, além de outros produtos, mas as sopas tradicionais jamais serão retiradas. As pessoas são apaixonadas por esses sabores. Hoje temos uma equipe de cozinheiros fazendo as sopas, com produtos selecionados, e eles seguem um padrão no preparo. Se tem alguma mínima alteração no sabor, tem cliente que reclama, e nós vamos verificar o que aconteceu”, garantiu. “Vamos mudar, mas mudar para melhor, porque nossos clientes merecem isso. Devemos muito a eles”, completou.

O Sopão do Professor funciona de segunda a sábado, no almoço e no jantar, até de madrugada. Durante a semana, segundo Franco, chegam a vender 500 sopas/dia, número que chega a 700/dia nos finais de semana.

Tia Dita deve estar feliz com o filho, e agora com os netinhos.

Serviço

O quê: Sopão do Professor

Onde: Av. Constantino Nery, 1510 – São Geraldo

Funcionamento: De segunda a quinta-feira, das 7h às 14h e das 18h às 2h

Sextas e sábados, das 7h às 14h e das 18h às 5h

Informações: 3233-3542 e 9 9179-4473          

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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