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Livro didático e suas possibilidades

Não é de hoje que os educadores das milhares de escolas que fazem parte das diferentes redes de ensino brasileiras, públicas ou privadas, debatem sobre a importância do uso do livro didático para uma boa aprendizagem dos alunos, sobretudo daqueles que frequentam os anos mais avançados do Ensino Fundamental e do Ensino Médio.
Durante a década de 80 e, talvez, até meados dos anos 90, a discussão que mobilizava os professores, principalmente na rede pública de ensino, era se o trabalho educacional e as relações de ensino e aprendizagem não ganhariam em qualidade se o livro didático fosse abolido das salas de aula.
O livro didático seria o principal instrumento de produção de um tipo de aula incapaz de envolver o aluno com o conteúdo das diferentes disciplinas curriculares, matando, ao mesmo tempo, a capacidade de criação dos professores, convertidos a reprodutores e simplificadores de conhecimentos selecionados pelas editoras.
Não se pode dizer que o uso de um ou outro material produz melhores resultados na aprendizagem dos alunos. A aprendizagem educacional é um processo complexo, que envolve fatores de ordem cultural, econômica, relacional e emocional que mesmo o melhor livro didático ou sistema apostilado, não serão capazes de contemplar sozinhos.
O livro didático ou a apostila são, a rigor, recursos que sistematizam informações, ordenando-as em função de uma seuência que, ao menos hipoteticamente, melhor atenderiam as diferentes faixas etárias dos alunos e, ao mesmo tempo, tornariam menos complexas as estratégias de explicação por parte dos professores. Eles funcionam como guias, como materiais norteadores da prática docente, de modo a que este não se perca no turbilhão de acontecimentos que envolvem o cotidiano.
De nada adianta ter um bom material didático se não houver investimento na formação dos professores. Os professores necessitam de um tempo dedicado ao estudo teórico, já que toda sua formação e sua cultura docente, nada mais fez que investir em um praticismo que o afastou fortemente do ato de pensar e de entender o principal sentido de seu fazer e de uma escola.
O desprezo e a desvalorização do conhecimento teórico do professor foi, talvez, o fator determinante que levou educadores e escolas a fazerem escolhas de seus instrumentos de trabalho sem qualquer base ou justificativa valorativa, colocando-se, frequentemente, à mercê das variações do mercado editorial ou das reformas educacionais. Não se trata, por fim, de demonizar este ou aquele material didático. Qualquer deles oferecem vantagens e desvantagens para o educador e para as escolas, mas não há material perfeito.

Edmilson de Castro é formado em História e atuou durante 18 anos como professor na Rede Estadual de Educação de São Paulo. Ele é fundador e professor do Espaço Atual (centro de estudo para formação de professores), além de supervisor pedagógico

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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