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Intenção de Consumo das Famílias de Manaus ganhou mais força em maio

A confiança do consumidor de Manaus ganhou ainda mais força em maio. Os dados locais da CNC (Confederação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) para a ICF (Intenção de Consumo das Famílias) marcaram o terceiro mês consecutivo de expansão. Mais uma vez, o índice de crescimento mensal da cidade (+5,1%) bateu com folga a média brasileira (+1,3%). Na variação anual, o placar de altas ficou em 41,2% contra 6,4%. No mês do Dia das Mães a alta foi sustentada por melhora na percepção sobre renda, emprego e acesso a crédito, assim como uma propensão atípica para comprar bens duráveis.

O ICF de Manaus marcou 113,1 pontos em maio e segue há sete meses na zona de satisfação (acima dos 100 pontos). A confiança das famílias com rendimentos de até dez salários mínimos (109,7 pontos) progrediu 4,98%, reforçando a confiança perdida entre fevereiro e março. Famílias que ganham mais (148,3 pontos) tiveram incremento maior (+5,85%) e se mantêm confiantes desde novembro de 2022. No confronto com a fraca base de comparação de abril de 2023 (80,1 pontos), o indicador apontou uma escalada de 41,2%, com ganhos substanciais em ambos os grupos. 

Em âmbito nacional, o ICF registrou sua segunda melhora no ano, após uma sequência de quatro meses de quedas. As famílias brasileiras aumentaram sua propensão ao consumo em 1,3% em relação a abril, segurando o patamar da confiança (102,9 pontos) no quadrante positivo pelo nono mês seguido. Partindo de uma base mais forte, o índice da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo ainda cresceu 6,4% sobre maio do ano passado.

O reforço na vontade de comprar ocorre um mês após a Peic (Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor), medida pela mesma entidade, mostrar regressão entre as famílias de Manaus embarreiradas por contas a pagar (81,5% ou 540.236 delas), após cinco meses de altas, além da segunda redução entre as negativadas (49,7% ou 329.142). Em contraste, o Icec (Índice de Confiança do Empresário Comercial), também da CNC, caiu 3,4%, para 11,6 pontos. Em meio aos preparativos para o Dia das Mães, e já prevendo uma nova vazante recorde em 2024, os lojistas pioraram sua avaliação sobre o momento presente, embora apresentem maior expectativa de investir e contratar, em relação ao ano passado.

Renda e emprego

Assim como ocorrido no mês anterior, todos os sete subíndices do ICF tiveram alta mensal em Manaus, embora três deles continuem no patamar de insatisfação. Em sintonia com a redução gradual dos juros, e com a chegada do Dia das Mães, compra a prazo/acesso a crédito (+9%) e “momento de aquisição de bens duráveis” (+8,7%) tiveram altas atípicas e acima da média do indicador. Na sequência estão as avaliações do consumidor a respeito de sua renda atual (+5,5%) e perspectivas de consumo (+4,7%), emprego atual (+4,5%), perspectivas profissionais (+2,9%) e nível de consumo atual (+2,3%).

Apesar da melhora exponencial, a pior pontuação veio novamente do subindicador de “momento para duráveis” (86,3 pontos): 49,4% consideram que esta não é a melhor hora para se endividar com compras. O entendimento sobre a situação atual do crédito (98,5 pontos) teve o terceiro escore mais baixo da lista. Em torno de 40,6% dos entrevistados consideram que o acesso a financiamentos está mais difícil do que no ano passado, mas 39% apontam que ficou mais fácil e 13,3% dizem que empatou. Em ambos os casos, a insatisfação é a regra apenas entre as famílias mais pobres.

Dono da segunda mais baixa pontuação do ICF local, o nível de consumo atual também ajuda a puxar a média de Manaus para baixo. Mesmo com os aumentos seguidos, o subindicador não passou dos 94,2 pontos – embora famílias com renda acima de dez mínimos contem com pontuação muito maior (140,2 pontos). A fatia de manauenses que estão indo menos às compras (40,3 pontos) praticamente não saiu do lugar no confronto com abril. A parcela dos consumidores que dizem estar consumindo mais subiu para 34,5%, e os 23,7% restantes se dizem indiferentes. 

A avaliação sobre a renda familiar atual (129,3 pontos) e perspectiva de consumo (124,9 pontos) se mantiveram além da linha divisória da satisfação e subindo. Uma minoria cadente de 21,4% dos entrevistados em Manaus diz que a renda familiar piorou em relação ao cenário de econômico de 12 meses atrás. No outro extremo, uma parcela crescente de 50,6% enxerga melhora e 26,8% consideram que está igual. Em paralelo, 48,4% das famílias de Manaus esperam compras maiores nos próximos meses, 24,5% aguardam estabilidade e somente 23,5% apostam em um cenário adverso.

A perspectiva profissional (138 pontos) continua no topo da lista, seguida a alguma distância pelo subindicador de situação atual do emprego (120,4 pontos). Nada menos do que 62,5% das famílias esperam melhora na carreira nos próximos seis meses, mais que o dobro das que têm opinião contrária (24,4%) e quase cinco vezes maior do que os indecisos (13,1%). Ao mesmo tempo, aumentou também a distância entre as que se dizem “mais seguras” (39,7%) e “menos seguras” (19,3%) quanto ao emprego. Por outro lado, 22% não enxergam mudanças e a cota de desempregados (18,4%) diminuiu.

Inadimplência e estiagem

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, destacou que o setor passa por um processo de recuperação, apesar das preocupações com uma nova vazante recorde. “As vendas têm crescido e o endividamento das famílias tem caído, o que é muito promissor e alvissareiro. Mas, precisamos mais. Estamos recomendando aos empresários que não deixem chegar ao fosso da estiagem, que vai aumentar custos de toda a natureza. Vamos ter de nos programar e planejar, e comprar com antecedência, evitando a descapitalização e a inadimplência [com tributos], que podem vir em decorrência”, alertou.  

Em comunicado à imprensa, a CNC atribuiu a nova alta do ICF nacional às quedas consecutivas da taxa Selic. “A melhora do crédito é percebida por todos os consumidores, mas as famílias com renda menor [abaixo de dez mínimos] estão conseguindo se beneficiar mais das melhores condições de pagamento”, avaliou o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. O dirigente lembra que a última edição da Peic mostra redução de inadimplência entre os consumidores brasileiros nessa faixa de renda, facilitando a concessão de crédito. 

No mesmo texto, o economista-chefe da entidade, Felipe Tavares, explica que, com a taxa média de juros em queda desde outubro de 2023, os consumidores têm mais confiança para utilizar esse tipo de recurso em suas compras. Tanto que o subindicador que mede a avaliação do consumidor sobre o momento para a compra de bens duráveis escalou 18,1% na variação anual da média nacional. “Por serem produtos de grande valor agregado, a venda deles é mais influenciada pela oscilação do mercado de crédito”, encerrou, acrescentando que a melhora no mercado de trabalho também alavancou o ICF.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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