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Custo da construção civil segue em estagnação no Amazonas

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Instagram: @jcommercio

Os preços da construção civil do Amazonas estagnaram pelo terceiro mês consecutivo, em abril. O metro quadrado da atividade ficou apenas 0,02% mais caro diante de março de 2024, passando de R$ 1.806,66 para R$ 1.806,97. O resultado configura alta ante o levantamento anterior (-0,05%), mas ainda dentro da estabilidade estatística. Foi um dos menores aumentos do país, situando o Estado bem atrás das médias do Brasil (+0,41%) e da região Norte (+0,18%). O custo da atividade também ficou aquém da inflação do IPCA do mesmo mês (+0,38%) – que registrou novo repique.

Assim como ocorrido em março, a pequena variação na correção dos preços da construção amazonense se deveu unicamente aos materiais, que saíram de R$ 1.120,55 para não ir além de R$ 1.120,86. Em contrapartida, a dois meses do mês da data base da categoria, os passivos médios das empresas locais com a mão de obra (R$ 686,11) permaneceram rigorosamente estáveis pelo quarto mês seguido. O Estado seguiu na contramão da média nacional, que registrou aumentos significativos em ambos os componentes do indicador (+0,11% e +0,83%, respectivamente). 

Os dados são do levantamento mensal do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), do IBGE. A alta acumulada nos quatro meses iniciais de 2024 foi de 0,78%, enquanto o aglutinado dos 12 meses encerrados em abril ficou positivo em 4,54%. O Sinapi do Amazonas superou ficou pouco abaixo da média nacional (+0,82% e +2,51%, na ordem) no decorrer deste ano, mas segue comparativamente desnivelado na variação anualizada. Também supera com folga os respectivos comparativos da inflação oficial do IPCA (+1,80% e +3,69%) – medido pelo mesmo IBGE. 

Acima da média

Mesmo com valorização mensal abaixo da média brasileira (+0,41%), o custo da construção civil do Amazonas (+0,02%) subiu do 19º para o 17º lugar do ranking nacional de variações mensais para os preços da construção. Minas Gerais (+1,80%) e Bahia (+1,54%) encabeçaram uma lista com cinco variações negativas e cinco estagnações. Pernambuco (-0,31%) e Sergipe (-0,25%) ficaram nas últimas posições. No quadrimestre, o Estado desceu da 11ª para a quarta 16ª colocação, em um rol com Amapá (+3,14%) e Mato Grosso do Sul (-0,72%) nos extremos. Mas, apresentou a sexta maior alta brasileira no acumulado dos 12 meses (+4,54%) – e a terceira mais elevada do Norte.

Com a nova estagnação mensal, o preço médio do metro quadrado do Amazonas (R$ 1.806,97) permaneceu na décima colocação no ranking nacional, e também acima da média brasileira (R$ 1.736,37). Foi novamente o quinto mais elevado preço médio da região Norte. Os maiores números do país estão em Santa Catarina (R$ 1.992,16), Rio de Janeiro (R$ 1.909,57) e Roraima (R$ 1.901,89). Em sentido contrário, os dispêndios mais baixos se situaram em Sergipe (R$ 1.549,25), Pernambuco (R$ 1.564,52) e Alagoas (R$ 1.574,87).

O preço médio dos insumos no Estado (R$ 1.120,86) permaneceu na quinta posição no país, situando-se entre as 17 unidades federativas acima da média brasileira (R$ 1.007,30). O rol é aberto pelo Acre (R$ 1.219,22) e encerrado pelo Espírito Santo (R$ 921,27). O oposto se deu na mão de obra, rubrica na qual o Amazonas (R$ 686,11) segue bem atrás do dado nacional (R$ 729,07), situando-se na 14ª colocação. Rio de Janeiro (R$ 886,49) e Sergipe (R$ 599,31) ficaram nos extremos da lista.

Diferenciais e dissídios

Texto divulgado pelo IBGE-AM aponta as diferenças do preço do metro quadrado do projeto. “Em abril, uma casa popular de 1 pavimento, varanda, sala, 2 quartos, circulação, banheiro e cozinha, com padrão mínimo de acabamento ficou com custo médio de R$ 1.173,50. Em relação a março, houve redução de R$ 9. Já uma casa residencial, com 1 pavimento, varanda, sala, 2 quartos, circulação, banheiro, cozinha, área de serviço, quarto e banheiro de empregada, com padrão mínimo de acabamento, ficou com valor de R$ 1.353,46. Na comparação com o mês anterior, houve queda de R$ 7,04”, comparou. 

O chefe de disseminação de informações do IBGE-AM, Luan da Silva Rezende, enfatiza que o custo médio da construção civil do Amazonas encerrou abril “praticamente estável”. “O aumento ocorreu apenas nos insumos. Mesmo assim a pequena variação promoveu o aumento do acumulado de crescimento no ano. O Estado permanece com o décimo maior custo do país. Mas, se considerar apenas o preço insumos, possui o quinto maior preço. Já a mão-de-obra ocupa a 13ª posição”, resumiu.

Em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE, o gerente do Sinapi, Augusto Oliveira, assinala que a taxa nacional do indicador e abril (+0,41%) foi a maior desde setembro de 2022. “A parcela dos materiais apresentou variação de 0,11%, mantendo o patamar dos últimos meses. Já a parcela de mão de obra, influenciada pela captação de três dissídios coletivos no mês, apresentou variação de 0,83%, registrando alta tanto em relação a março, quanto ao mesmo mês do ano anterior”, enfatizou.

Prevenção à estiagem

O presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, diz que o Amazonas passa por uma fase de estabilidade, mais em função da mão de obra – cuja Convenção Coletiva de Trabalho se dará em junho. “As variações de composição de custo que podem ocorrer são em função da fase da obra. Temos uma variação grande nos materiais desde a pandemia e isso vem se agravando até a vazante. Tanto que estamos na sexta posição média do país nesse quesito. É um preço muito caro em relação ao patamar que poderia ser”, lamentou.

O dirigente destaca os impactos logísticos e de custos, causados pela estiagem recorde de 2023. Aponta também as preocupações do setor em relação a uma nova rodada de perdas neste ano, em uma seca que se espera ser ainda mais severa. Ele informa que o Sinduscon-AM está em diálogo com as empresas para a implementação de um “trabalho de prevenção”, além de articular com o Executivo estadual alternativas que ajudem a reduzir o peso tributário sobre os balancetes das empresas.

“Algumas empresas já estão fazendo uma prévia de estocagem, por conta disso. O futuro indica que esse preço de metro quadrado deve subir pela razão de que se está estocando não apenas materiais, mas também impostos. Você não consegue entrar no Estado sem pagar os tributos. Por isso, vamos pedir uma flexibilização ao governo, para não atrasar o andamento das obras e até demitir pessoas por não ter material para trabalhar”, encerrou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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