Ao contrário do que dizem os bancários, os representantes dos lojistas de Manaus afirmam que há uma carência de moedas no mercado local estimada entre 8 e 10 milhões de unidades, segundo informações da FCDL-AM (Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Amazonas), o que representa entraves aos comerciantes na hora de passar o troco para o consumidor.
De acordo com a presidente da Alasc (Associação dos Lojistas do Amazonas Shopping Center), Mercedes Braz, as maiores necessidades dos lojistas do centro do maior centro de compras da região Norte são pelas moedas de R$ 0,05 e R$ 0,10. “As pessoas estão cada vez mais exigindo o troco. Ninguém quer mais receber um bombom, até porque o lojista não vai aceitar isso como moeda no futuro”, assinalou.
O presidente da FCDL-AM, Ralph Assayag, analisou que os problemas atuais curiosamente decorrem do bom andamento da economia estadual, pois os lotes de moedas programados para 2007 seriam suficientes não fosse isso. “Se no próximo ano acontecer de perdermos em volume de vendas, não precisaremos mais de tantas moedas. Mas o que está acontecendo é o contrário, pois há uma pujança na economia que tem contribuído para uma demanda maior por esse meio de troca”, enfatizou.
No entanto, para o BC (Banco Central), o real problema não é a falta, mas o entesouramento delas, que representa quase metade dos 12,5 bilhões que estão circulando por todo o país.
De acordo com o analista do departamento do Meio Circulante, Antonio Alves, o número de moedas circulantes em todo o território nacional equivale a 66 unidades por pessoa, frisando que o comércio ainda não deveria sentir falta desse dinheiro.
Apesar disso, reconhece que a cultura do brasileiro de guardar esse meio de troca é o fator principal para as dificuldades apontadas pelas entidades de classe ligadas ao comércio.“Se apenas 15% do total de moedas entesouradas voltassem a circular na economia, o BC economizaria o suficiente para a produção delas por um ano inteiro”, afirmou Alves, observando a importância de trabalhar com campanhas no sentido de estimular o uso do dinheiro metálico.
Banco quer colocar no mercado 90 milhões de unidades metálicas
Segundo o gerente técnico regional do Banco Central, José Nilton, a Casa da Moeda colocou de janeiro a setembro desse ano 656 milhões de novas moedas na economia nacional.
“Ainda que coloquemos mais em circulação, o importante, entretanto, é fazê-las circular. Estamos trabalhando nesse sentido com a criação de campanhas que incentivem as pessoas a utilizarem-se desse dinheiro”, assinalou.
Segundo a gerência de reserva de valores do Banco do Brasil, anualmente chegam ao Estado quatro remessas de moedas, cada uma trazendo 980 caixas, em média, correspondendo a cerca de R$ 1,8 milhão por remessa.
Para 2008, há a perspectiva de subirem para seis a quantidade de lotes. Ao todo, deverão ser 90 milhões de unidades metálicas contra os atuais 60 milhões ao ano.