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Energia como integração sul-americana

O presidente Lula procura consolidar a imagem do Brasil como fornecedor de energia alternativa. Desde a recepção a George W. Bush até a abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2007, ele tem procurado demonstrar a viabilidade brasileira na alta produção de álcool combustível. Está cada vez mais patente o redemo­i­nho de crises por que passam o Oriente Médio e a Ásia Central.
Na primeira área, está o conflito que levou as forças militares norte-americanas a um caos no Iraque. Além disso, poderá haver problemas de relacionamento na casa real saudita, que deverá manter sua estratégia de segurança energética. Na segunda, a situação também tende a ser conflituosa. A construção de redes de oleodutos a partir da Rússia, passando pelo Cáspio até a China, ou do Irã à Rússia e China, é o estopim de complexos embates, num cenário de redução das reservas petrolíferas árabes, por problemas naturais ou políticos.
Tudo isso conspira para aumentar o preço do barril do petróleo. E se houver queda do preço, será no longo prazo, mas sempre em patamares altos. Isso fará subir o grau de violência e cinismo político dos grandes Estados consumidores, que deverão formular “projetos universais” para adentrar aos países produtores. Por isso, o complexo Itamaraty – Planalto, visto que as decisões são tomadas levando sempre em conta a convergência político-diplomática, direciona esforços para fazer com que o Brasil seja visto na condição de Estado coeso, equilibrado e conveniente à exportação de álcool de cana-de-açúcar.
Há questões prementes que o poder público tem de enfrentar para que a imagem do país como fornecedor de energia não perca credibilidade. A construção de uma autoridade que tenha legitimidade e possa coordenar os agentes produtores de álcool é algo que merece destaque. Outra situação também urgente é debater a infra-estrutura nacional. Há muito tempo, projetos de integração regional de infra-estruturas acalentam o Itamaraty – Planalto. Desde os anos 1950 há quem imagine uma saída bra­sileira ao Oceano Pa­cífico, passando pela Bolívia, até o Chile, ou utilizando o litoral peruano. Não há dúvida de que são planos viáveis, cujo obstáculo ainda está no campo político.
A saída via Pacífico é importante para o tema “combustíveis renováveis”. Se o Brasil firmar-se como exportador relevante de etanol, e outros insumos, terá no Extremo Leste grande mercado consumidor. E haveria, ainda, compromissos com o continente europeu, também ávido por adquirir combustíveis renováveis para fugir da pressão russa, por exemplo.
A produção de álcool combustível no Brasil tende a ser descentralizada. Há dois grandes núcleos produtivos, Norte e Oeste de São Paulo e Rio de Janeiro, região de Campos, mas há expectativa de haver outros centros importantes no Paraná, Minas Gerais e Goiás. Apesar da distribuição iminente da produção sucroalcooleira, deverá haver comando nos transportes e na confecção da logística. Eleva-se a importância das hidrovias, abarcando a bacia do rio Paraná e chegando até a do Rio da Prata. Há possibilidade de se usar também a bacia amazônica.
Não seria lícito pensar na viabilidade de se utilizar a malha ferroviária presente no Rio Grande do Sul a caminho da Argentina? No estado gaúcho, há malha que liga Santa Maria a Uruguaiana, na fronteira com a Argentina. Do lado platino, há uma que pode ir de Rosário, Nordeste do país e perto da fronteira brasileira, até Salta, nas proximidades do Chile.
É evidente que tal percurso não deverá ser fácil e exigirá investimentos relevantes. Uma das questões é que o transporte ferroviário argentino foi relativamente desprezado pelos novos administradores que participaram da privatização. Isto porque boa parte do antigo traçado não passa por lugares compensadores economicamente. Haveria também a necessidade de combinação das bitolas entre os dois países, embora isso não seja um obstáculo para alguns analistas.
Além disso, há problemas da própria infra-estrutura e de obstáculos na

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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