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Empresários do comércio menos confiantes em Manaus

Encerradas as festas de fim de ano, a confiança dos comerciantes de Manaus trocou de sinal e caiu 1,8%, na virada do ano. O resultado de janeiro veio na contramão da média nacional, que emendou um segundo mês seguido de elevação. O pessimismo dos lojistas da capital amazonense foi puxado pelas intenções de contratar e investir, assim como pelas expectativas dos no setor, na empresa e na economia brasileira. É o que revelam os dados locais do Icec (Índice de Confiança do Empresário do Comércio).

Apurado entre os tomadores de decisão das companhias comerciais, o levantamento da CNC (Confederação Nacional do Comércio) avalia condições atuais, expectativas de curto prazo e intenções de investimento. Pontuações abaixo de 100 representam insatisfação, enquanto marcações de 100 até 200 são consideradas de satisfação. A Confederação Nacional do Comércio sondou 6.000 empresas de todas as capitais do país – 164 delas, em Manaus. 

O indicador registrou 121,8 pontos na capital amazonense e recuou 1,8%, em relação a dezembro (124 pontos). Pela primeira vez, desde o começo da pandemia, a pontuação sofreu queda na variação mensal e ficou 4,6% abaixo da marca de janeiro do ano passado (127,7 pontos) – mês do começo da segunda onda da pandemia, no Estado. Em todo o Brasil, o índice da CNC apresentou uma segunda alta consecutiva e subiu 1,4% em relação a dezembro, atingindo 121,1 pontos. Em comparação com janeiro de 2021 (105,8 pontos), o crescimento foi de 14,5%.

Quatro das cinco regiões brasileiras registraram elevação mensal no Icec, com destaque para o Sudeste (+3,4% e 120,9 pontos). Embora tenha atingido o acréscimo mais baixo da lista (+0,1%), o Norte (125,2 pontos) registrou o maior patamar do país. Outros dados positivos vieram do Sul (+0,4% e 122,8 pontos) e do Nordeste (+0,2% e 118,9 pontos), enquanto o Centro-Oeste (-0,8% e 122,3 pontos) foi a única região a amargar retrocesso. Em contrapartida, todas as variações anuais seguiram no azul, com o Norte (+4,3%) e o Sudeste (+23,2%) protagonizando os extremos. 

Em Manaus, seis dos nove subíndices do Icec recuaram na variação mensal, em dinâmica pior do que a de dezembro (quatro). As maiores retrações vieram, desta vez, do indicador de contratação de funcionários/IC (-5,7% e 127,1 pontos), do nível de investimento das empresas/NIE (-3,6% e 109,4 pontos). Em sintonia com o ocorrido em levantamentos recentes, a situação atual dos estoques/SAE voltou a pontuar performance negativa (-1,1%) – e apresentar o patamar mais baixo da lista (92,2 pontos).

Ao contrário do ocorrido nos meses seguintes, os índices relativos às perspectivas caíram, com destaque para a expectativa do comércio/EC (-2,6% e 162,5 pontos), expectativas das empresas comerciais/EEC (-2,1% e 164,7 pontos) e expectativa da economia brasileira/EEB (-1,2% e 156,6 pontos). Em contraste, os únicos dados favoráveis vieram das condições atuais do comércio/CAC (-1,6% e 115,4 pontos), das empresas comerciais/CAEC (-2,2% e 120,7 pontos) e da economia/CAE (-11,7% e 104,6 pontos).

Contratações e investimentos

A maioria dos comerciantes de Manaus (38,5%) ainda considera que a situação atual da economia brasileira “melhorou um pouco” – contra os 37,5% anteriores. Foram seguidos pelos que dizem que “piorou um pouco” (31,4%), que “piorou muito” (27,8%) e que “melhorou muito” (2,3%). A avaliação majoritária sobre o setor e a empresa também é que “melhorou um pouco” (51,2% e 55,8%, respectivamente). Em ambos os casos, a percepção é melhor nas empresas com mais de 50 empregados e que vendem semiduráveis. 

Apesar da queda, os índices ainda são mais favoráveis nas expectativas para a economia: 54,7% dizem que vai “melhorar um pouco”, enquanto 33,6% arriscam apostar que vai “melhorar muito” – em dezembro eram 53% e 36,1%. As avaliações que pesam mais para o setor e para a empresa também são predominantes nas perspectivas de melhoras relativas (51,4% e 51,9%, respectivamente) e mais significativas (40,8% e 42,7%). Em linhas gerais, a confiança é maior em companhias de menor porte e atuantes em bens duráveis.

Em termos de contratações, a maioria ainda diz que o contingente deve “aumentar pouco” (57,8%), seguida de longe pelos que avaliam que pode “reduzir pouco” (26,2%), em números piores do que os do levantamento precedente (64,1% e 19,2%). A projeção majoritária para investimentos ainda é “um pouco maior” (35,1%), seguida de perto pela avaliação de que será “um pouco menor” (33%) – contra 41,4% e 30,5%, em dezembro. As pontuações são mais elevadas entre as pessoas jurídicas com mais de 50 trabalhadores e que trabalham com duráveis (empregos) e não duráveis (aportes de capital).

“Realidades diferentes”

O presidente em exercício da Fecomércio AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), Aderson Frota, estranhou o retrocesso da confiança dos comerciantes de Manaus em relação a janeiro do ano passado – embora não tenha se pronunciado sobre a variação mensal igualmente negativa. O dirigente lembra que, na virada de 2020 para 2021, o setor sofreu restrições em função do começo da segunda onda, que acabaram por minar os resultados de vendas daquele Natal. Destaca também que, em contraste, parte substancial dos lojistas da capital relataram crescimento. 

“Não sei se o raciocínio de quem apurou está correto, ou se eu é que estou redondamente errado, mas os fundamentos conspiram. Este dezembro foi muito diferente daquele. Em 2020, tivemos um período complicado e o índice de chuvas estava até maior. Em janeiro de 2021 estávamos completamente paralisados, enquanto agora estamos funcionando. O que se percebe é que vivemos realidades diferentes e que o ano passado foi mais doloroso. Tanto que tivemos incrementos na mão de obra e no ICMS, depois”, questionou.

Ômicron e vacina

Em texto da assessoria de imprensa da CNC, a entidade pontua que, em âmbito nacional, todos os subíndices principais avaliados no estudo apresentaram alta – com destaque para Intenções de Investimento – e que a percepção de melhora na economia aparece tanto nos subíndices relativos às condições atuais do país, quanto nas expectativas. O otimismo também passou a ser maior no que se refere à geração de empregos.

“É importante observar em qual categoria a empresa está inserida, pois cada uma é impactada de forma diferente pelos movimentos econômicos. Mas, é possível observar que a maior parte dos empresários está mais confiante com relação à economia e especificamente sobre os desdobramentos em seu próprio negócio”, ponderou a economista responsável pela pesquisa, Catarina Carneiro da Silva.

No mesmo texto, o presidente da entidade, José Roberto Tadros, avalia que os resultados da pesquisa refletem o avanço da vacinação e a consequente relativa volta à normalidade. “Mesmo com a propagação da variante ômicron, a vacina tem garantido um impacto menor da covid-19 na população, com sintomas mais leves e redução da taxa de mortalidade. Esse sentimento de segurança vem contribuindo para que os empresários já enxerguem uma pequena melhora nas condições econômicas, no curto prazo”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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