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Como será o amanhã

As pessoas que pensam o futuro sabem que Manaus, hoje, é um exemplo negativo de compromisso com o amanhã, sendo um dos sintomas dessa afirmativa o contraste entre a cidade que já foi modelo de urbanidade (lato sensu) e o momento atual que transformou a capital amazonense em um espaço suburbano e subumano.
Qualquer análise partidariamente isenta revela um abandono crescente dos princípios educacionais, éticos e morais que atinge as crianças, os jovens e os adultos só não afetando os mais velhos porque eles são remanescentes de boas escolas públicas e de famílias melhor estruturadas. Lamentavelmente, essas reservas morais recebem como recompensa apenas a oportunidade de frequentar centros de idosos que não deveriam ser atividade finalista a não ser que o objetivo seja oferecer pão e circo.

Atividades portadoras do futuro

O poder público exerce unicamente três atividades portadoras do futuro que são ciência, educação e meio ambiente, embora os municípios, historicamente, tenham se responsabilizado apenas pelas duas últimas.
Nesse contexto deve ser dito que enquanto as questões ambientais sinalizam que se deve pensar globalmente e agir localmente, a educação exige que se pense e se aja localmente, buscando as vias para prover a melhor educação formal, informal e não formal, uma estratégia similar à da adoção do principio da precaução que minimiza as incertezas sobre o futuro.
Me angustia saber que, por falta de um modelo compromissado com o porvir, os jovens egressos de escolas públicas que sabem ler e escrever, não entendem o que lêem e o que escrevem nem Deus entende. As evidências dessa calamidade são as redações escolares e os “sites” de relacionamento onde um descalabro léxico-semântico, muito parecido com a linguagem das cavernas, sem pontuação e sem gramática, não é corrigido por professores coniventes que aceitam o descalabro sem perceber que estão democratizando a ignorância.

Exemplo emblemático

Outro dia li a redação de uma jovem de escola pública que começava dizendo “jastou (sic) pensando nas prova(sic) do meio do ano mais(sic) vou estuda(sic) bastante pra passa(sic)”. Essa frase me deixou pensando que o “jastou” deve ser a primeira pessoa do presente do indicativo do verbo “jair” e que houve uma época em que gênero, número, substantivos, adjetivos, verbos, advérbios, conjunções e interjeições faziam parte do ensino da língua que é um dos símbolos da Pátria.

Educação como base

Algumas semanas atrás encontrei um amigo de juventude acompanhado da neta, uma pré-adolescente que ao saber que eu dava aula na UEA perguntou se eu era bom professor. Respondi que me esforçava para isso preparando minhas aulas, fazendo provas racionais e não de cruzinhas e que seguia duas regras intransigentes: 1) quem está na sala não leva falta assim como quem está fora não ganha presença; 2) quem sabe passa, quem não sabe não passa. A jovem me olhou e, imediatamente, me classificou como um mau professor me deixando extremamente feliz com essa tipificação.
Tive uma rica experiência na área da educação de base ao assinar a co-autoria da Cartilha da Amazônia elaborada pelo Inpa em 1975, cujos autores principais foram a Dra. Geraldina Porto Witter e o Dr. Warwick Kerr. A obra foi configurada a partir da gravação de 400 horas de conversa de crianças amazônicas e desses “tapes” foram selecionadas as palavras mais usadas às quais foram acrescentados 15% de termos novos com a finalidade de dar informação sobre ciência, cidadania e qualidade de vida. As ilustrações eram desenhos, a bico de pena, da forma real dos objetos, paisagens e organismos, pois entendíamos que a palavra e a imagem, na educação escolar, devem ser retratos fiéis da realidade e não distorções do tipo Walt Disney onde o rato Mickey Mouse, o pato Donald e o cachorro Pateta são abstrações formais. Evidentemente a magia do desenho animado e dos quadrinhos pode fazer parte da educação informal e não formal, mas não do processo formal de

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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