Pesquisar
Close this search box.

Amazonas com bom desempenho

Produção de motocicletas do PIM está em ritmo de retomada

A indústria amazonense retomou crescimento em fevereiro, e foi uma das que mais cresceu em todo o país. Apesar da resiliência da crise de abastecimento de insumos, e da alta persistente da inflação, o impulso deixou para trás as perdas do mês anterior e ajudou a superar a marca de fevereiro de 2021 –período em que o Estado passava pela segunda onda. Em sintonia com a rápida regressão das estatísticas da terceira onda da Covid, o setor voltou a crescer, puxado principalmente pelas linhas de produção de duas rodas, bebidas, plásticos e borracha. Mas, divisões industriais importantes, como eletroeletrônicos e bens de informática, recuaram. 

Em síntese, a produção industrial do Estado cresceu 7,8%, na variação mensal de fevereiro, em desempenho oposto ao de janeiro (-14,3%). O confronto com o mesmo mês de 2021 resultou em incremento na escala de dois dígitos (+11,3%). Com isso, o Amazonas segue no azul, tanto no bimestre (+3,4%), quanto no acumulado dos 12 meses (+8,9%). A média móvel trimestral, por sua vez, ficou positiva em 0,7%, sinalizando mais elevações no curto prazo. É o que mostram os dados mais recentes da pesquisa mensal do IBGE para a atividade, em âmbito regional, divulgada nesta sexta (8).

Ao contrário do ocorrido no levantamento anterior, a variação mensal da indústria do Amazonas teve (+7,8%) ficou bem acima da combalida média nacional (+0,7%). Com isso, o Estado decolou última para a terceira posição do ranking nacional do IBGE, que analisa mensalmente as indústrias de 14 unidades federativas. Ficou atrás apenas do Pará (+23,9%) e Pernambuco (+10,2%). Em contraste, Mato Grosso (-4,4%), Rio de Janeiro (-0,5%) e Espirito Santo (-0,4%) ficaram no rodapé de uma lista com apenas três dados negativos e uma estabilidade.

A comparação com o mesmo mês de 2021 (+11,3%) colocou o Amazonas no segundo lugar, entre Mato Grosso (+12,6%) e Bahia (+4,4%) em uma lista encerrada pelo Ceará (-14,7%), com média nacional negativa (-4,3%). A expansão no acumulado do ano (+3,4%) permitiu ao Estado subir da quinta para a terceira colocação. Mato Grosso (+26,5%) e Ceará (+20,1%) protagonizaram os extremos de um rol com apenas seis desempenhos positivos. Em 12 meses, contudo, a indústria amazonense (+8,9%) foi a que mais cresceu. 

Motos e bebidas

Na comparação com fevereiro de 2021, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) subiu 0,9% – após o recuo de 1,4%, em janeiro. A indústria de transformação foi ainda mais longe e escalou 12,1%, eliminando a perda anterior (+4,3%). Mas, só quatro de seus nove segmentos investigados pelo IBGE puxaram a alta. A lista inclui “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +44,5%); bebidas (+44%); produtos de borracha e material plástico (+19,5%); e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com +7,7%).

Cinco divisões industriais do Amazonas amargaram queda. O pior número veio de máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com -43,7%). Na sequência, estão os subsetores de impressão e reprodução de gravações (DVDs e discos, com -39,5%); derivados de petróleo e combustíveis (-7,9%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, com -7,3%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com -3,4%).

O bimestre mostra um quadro semelhante para a indústria do Amazonas: apenas a indústria de transformação (+3,7%), e seus segmentos de “outros equipamentos de transporte” (+36%); borracha e material plástico (+25,9%); bebidas (+8,2%); e máquinas aparelhos e materiais elétricos (+7,5%) fecharam no azul. Na outra ponta estão a indústria extrativa (-2,9%) e os subsetores de impressão e reprodução de gravações (-55,3%); máquinas e equipamentos (-34,8%); produtos de metal (-10,8%); equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-5,7%); e derivados de petróleo e combustíveis (-1,3%).

“Expectativas otimistas”

Em seu comentário para a reportagem do Jornal do Commercio, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, lamentou que somente quatro das dez atividades industriais do Amazonas tenham obtido alta de produção em fevereiro passado. Mas, ressalta que os crescimentos obtidos foram consistentes, o que possibilitou “o bom desempenho” dos números globais da indústria amazonense, tanto em relação ao mês anterior, quanto em relação a igual mês de 2021. Na análise do pesquisador, as perspectivas para o setor são positivas, apesar as conjuntura atual. 

“A fabricação de outros equipamentos de transportes já vinha tendo boa performance nos últimos meses. Em fevereiro foi a que mais cresceu. Borracha e plástico e bebidas também tiveram boas altas de produção no mês. Esse conjunto de crescimento superou as perdas ocasionadas por outras atividades. A média móvel trimestral passou a ser positiva em fevereiro, o que melhora sensivelmente o quadro e deixa expectativas otimistas para a próxima divulgação referente a março”, ponderou.

Inflação e eleições

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e vice-presidente executivo da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Antonio Silva, salientou que os principais fatores de oscilação para o setor são a resiliência da crise logística e a espiral inflacionária, que afeta consumo e investimentos. O dirigente ressalta que o curto prazo aponta para um período de incertezas, incluindo “o cenário político decorrente do ano eleitoral” e que, por isso, os empresários avaliam com cautela as perspectivas futuras, aguardando principalmente o desenrolar do segundo trimestre.

“As empresas estão normalizando seus estoques. Ainda que a demanda não tenha acompanhado a produção, as indústrias estão operando a fim de equalizar seus estoques, uma vez que o fornecimento de insumos continua inconstante. Os números estão em consonância com nossas expectativas. A perspectiva, contudo, é de que os dados de produção apresentem um arrefecimento, muito em decorrência da inflação, do problema na provisão de matéria-prima e do cenário político”,avaliou.

Sazonalidade e confiança

Já o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Wilson Périco, ressalvou que algumas linhas de produção sofrem sazonalidade maior, a exemplo dos condicionadores de ar, que registram aquecimento no segundo semestre, por conta da proximidade do verão no Sul e Sudeste do país, onde estão os maiores centros consumidores. Segundo o dirigente, o oposto ocorre no primeiro semestre.

“Com relação aos demais segmentos, isso é reflexo do momento pelo qual a economia vai passando, com as pessoas retomando suas atividades e voltando à normalidade. Isso se reflete no consumo e na confiança. Vamos acompanhar, sem levar em consideração o que tiver de acontecer por conta dessas questões que estamos trabalhando, como o decreto do IPI e o ICMS de São Paulo”, arrematou.  

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar