4 de outubro de 2024

Redução de impactos ambientais industriais ganharam espaço

A redução de impactos ambientais é uma diretiva das empresas instaladas no PIM. Localizado no coração da floresta amazônica, o parque industrial de Manaus sedia muitas filiais de multinacionais com ações na bolsa, sendo foco dos corações e mentes dos consumidores do mercado global. Diante disso, a percepção de que é necessário promover ações para minimizar os impactos ambientais das atividades fabris vem ganhando corpo nas duas últimas décadas. As frentes de batalha no ambiente corporativo são muitas, sendo a destinação dos resíduos uma das mais estratégicas. 

Contador com especialização em gestão empresarial e contabilidade internacional, consultor na área de certificação ESG (ambiental, social e de governança), e executivo atuante no polo de duas rodas, Anderson Chaves, informa que a maioria das empresas do PIM – principalmente as multinacionais – detêm a ISO 14000, que trata das normas internacionais sobre gestão ambiental. Também investem no desenvolvimento e melhorias de processo que visem a redução da geração de resíduos e a sua correta destinação, estando alinhadas com a Agenda 2030 (objetivos do desenvolvimento sustentável).

“Todas detêm metas ESG. Em análise do polo de duas rodas e outras empresas do PIM, o índice de destinação dos resíduos ultrapassa 90%, sendo que algumas empresas não alcançam os 100% de reciclagem limpa devido a necessidade de novas tecnologias. Por isso, acabam adotando a incineração do resíduo (devido a políticas de aterro zero).  Daí a importância do CBA e Embrapa para o desenvolvimento de novas tecnologias ou uso da biotecnologia que ajudarão às empresas alcançarem os 100% de reciclagem. As empresas também obtêm vantagens econômicas com isso, pois reduz seus custos com geração de energia mais limpa, reutilização da água e reutilização no processo produtivo”, afiançou.

Reciclagem e educação

Diretora da Impram (Impressora Amazonense), diretora da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e conselheira do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Régia Moreira, é responsável pela comissão de ESG criada no âmbito deste último. A executiva salienta que essa é uma questão importante para a indústria incentivada de Manaus e argumenta que a consciência ambiental é um imperativo para todos aqueles que vivem na capital amazonense em particular e na região amazônica em geral. 

“Entrei em contato com algumas empresas e o que posso dizer é que mais de 80% de nossos associados fazem a destinação de todos os resíduos que são produzidos em suas fábricas. Isso, além de tratá-los internamente, por meio de estações. Muitas indústrias, como a própria Impram, a Electrolux, e quase todas aquelas que tratam de seus resíduos, estão no aterro zero. Ou seja, nada vai para o aterro sanitário da cidade”, destacou.

A dirigente conta que teve uma reunião com representantes de uma empresa contratada para serviços terceirizados de reciclagem, oportunidade na qual verificou que a mesma trata todos os resíduos recebidos. “Para você ter uma noção, ela faz destinação até de resíduos de papel toalha nos banheiros, que não tem aproveitamento industrial. Ela aproveita o material para transformar em combustível. Há muitos exemplos parecidos aqui e temos um grande privilégio em ter as indústrias do Polo fazendo isso”, afiançou.

No entendimento de Régia Moreira, o setor está “fazendo o seu papel”, sendo que o maior desafio ambiental de Manaus não está nessa questão, mas sim em outras frentes. “Seria basicamente na coleta seletiva doméstica. Não temos coletores que passem em todos os condomínios para pegar os resíduos, nem iniciativas de educação para falar das pessoas sobre a importância disso. A indústria está fazendo o seu papel maravilhosamente bem. Mas, não vejo isso no comércio, ou no âmbito doméstico. O que o poder público está fazendo?”, questionou.

Plano 2050

Uma das empresas do PIM que apostam alto na destinação de seus resíduos é a Yamaha Motor da Amazônia, que mantém um sistema de gestão ambiental em sua unidade local desde 2004. Em texto distribuído por sua assessoria de imprensa, a empresa informa que recicla 100% de todos os seus resíduos gerados, além de reduzir a geração de resíduos não recicláveis. Para atender esses e outros objetivos – como reduzir e compensar as emissões de gás carbono, assim como o consumo de água e energia – a filial da montadora japonesa em seu programa 12 práticas ambientais.

Em atendimento à sua política ambiental, a matriz da Yamaha estabeleceu o Plano Ambiental 2050, que visa reciclar 100% de seus resíduos. A empresa já conseguiu o volume de resíduos não recicláveis em 72%, na divisão de vendas, e em 59%, em suas linhas de produção. “A totalidade dos resíduos gerados são controlados e enviados para destinação ambientalmente adequada conforme sua característica. A destinação é realizada por empresas licenciadas pelos órgãos ambientais competentes e auditadas por auditores internos e externos da Yamaha”, destacou a montadora, em release. 

Em torno de 91% dos resíduos são destinados para reciclagem, sendo apenas 9% dos resíduos enviados para incineração. Uma das metas ambientais da organização é alcançar, até 2035, 100% de reciclagem e reduzir anualmente a geração de não recicláveis. Para isso, a empresa busca outras tecnologias de tratamento disponíveis no mercado. Além disso, desde 2018, nenhum resíduo gerado pela Yamaha é destinado ao aterro de Manaus. 

A meta inclui também a compensação da totalidade das emissões da atividade industrial até 2035 e de todo ciclo de vida do produto até 2050. O percentual já chegou a 60% nas vendas e em 27% na produção. 

“Visão integrada”

A Visteon Amazonas é a única empresa do PIM certificada com o BV 360 ESG, que verifica a implementação de práticas ambientais, sociais e de governança. A unidade da empresa instalada em Manaus fabrica componentes eletroeletrônicos automotivos. O segmento cresceu 25% em todo o país, em 2022, e projeta alta de 5%, neste ano, com destaque para a produção de carros que utilizam energia limpa e tecnologia digital. 

A certificação foi concedida pela Bureau Veritas, e é uma ferramenta estratégica para entender o nível de maturidade da empresa em relação à sustentabilidade, avaliar riscos e oportunidades na cadeia de valor e construir cenários de melhoria contínua. Avalia todos os níveis de escala sustentável da empresa, a partir de auditorias in loco, mapeamento de ações e projetos, entrevistas com lideranças e verificação de dados. 

“A Visteon tem uma longa trajetória de transformação da sua cultura e implementação de ações efetivas que contribuem para a preservação do meio ambiente e reforçam o seu comprometimento com a sociedade. A certificação é a validação do nosso esforço e nos ajudou a ter uma visão mais integrada de toda a nossa cadeia de valor para melhorar nossos processos e continuar entregando muito mais do que o mercado espera de nós”, encerrou o diretor geral da Visteon Amazonas, Sergio Capela, em texto divulgado por assessoria de imprensa.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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