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Queda na Selic traz novo ânimo

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Representantes da indústria e do comércio no Amazonas avaliam a redução da Selic -taxa básica de juros- de 9,75% para 9%, decidida durante reunião do Copom (Conselho de Política Monetária), na última quinta-feira (19), como uma injeção de ânimo para a economia do Estado, já que os dois segmentos vêm demonstrando sinais de fraqueza desde o início do ano.
Os últimos dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), por exemplo, mostram que a produção industrial amazonense sofre queda de 8,3% em fevereiro deste ano frente ao mesmo período do ano passado e de 3,3% no acumulado do primeiro bimestre de 2012.
Já a pesquisa mais recente da Fecomércio (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas) aponta para redução tanto no faturamento do setor quanto nas vendas brutas em fevereiro, de 9,66% e 9,99% na comparação com o mês imediatamente anterior. Como consequência do desaquecimento, dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam para 806 demissões na indústria em março e de 1.619 desligamentos no acumulado do 1º trimestre. A atividade comercial, por sua vez, ainda registrou 135 contratações em março, mas saldo do 1º trimestre foi de 1.020 desligamentos.
O analista econômico da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Gilmar Freitas, lembra que este é o menor índice da Selic desde março de 2010 quando a taxa era de 8,75% ao ano.
“O esforço de se reduzir a taxa tem como objetivo, além de incentivar o investimento das empresas, manter o mercado consumidor aquecido e principalmente o nível de empregos, bastante afetado nos últimos meses”, explanou.
O presidente da CDL-Manaus (Câmara de Dirigentes Lojistas), Ralph Assayag, explica que na prática, o corte vai deixar o bolso do consumidor mais leve. “Hoje, uma pessoa que adquire um automóvel financiado em 60 meses, ao final deste período, terá gasto o equivalente a dois carros. Com esse corte, é como se a mesma pessoa passasse a pagar um carro e meio. Não é o ideal, mas já se aproxima”, constatou.
Gilmar Freitas detalha que o corte da Selic afeta o spread bancário –diferença entre o que o banco capta e do que ele empresta– reduzindo os juros dos financiamentos.
“Como o governo federal induziu a Caixa Econômica e o Banco do Brasil a reduzir esses juros, agora os bancos privados também estão sendo pressionados a baixar, acompanhando a decisão do Copom”, continuou.
Indústria
A redução é considerada benéfica, principalmente, para o setor industrial. “Na indústria, faz efeito na dívida das empresas que refletem no valor do produto final”, disse o presidente do Corecon-AM (Conselho Regional de Economia do Amazonas), Ailson Rezende.
Já no caso do polo de duas rodas, bastante afetado pelo financiamento bancário, o economista diz que apesar da redução dos juros, o problema de acesso ao crédito continua, uma vez que não haverá diminuição do rigor na aceitação de novos clientes. “No entanto, com juros mais baixos mais consumidores ficarão adimplentes e estarão aptos a novas compras a prazo”, acrescentou.

Comércio

O comércio também será atingido. O presidente da Fecomércio-AM, Aderson Frota, pondera apenas sobre o nível do efeito, já que a redução dos juros dos bancos privados não ocorreu de forma linear. “Uns reduziram mais, outros menos”, afirmou.
Segundo ele, o que se segue é uma etapa de ajuste. “As vendas a prazo vão sofrer modificações porque o custo do dinheiro vai ser mais barato. Assim o consumo será bastante estimulado. Já poderemos sentir algum efeito a partir da próxima semana”, projetou.
Ailson Rezende acrescenta que a proximidade do Dia das Mães deverá servir de termômetro para medir o aumento desse poder de compra.
Ralph Assayag contrapõe que como os bancos privados não baixaram os juros no mesmo nível dos bancos do governo, os efeitos serão relativos. “Para o lojista baixar o preço todos os bancos têm que efetuar a redução em nível igualitário”, argumentou.
O ideal, conforme completou Gilmar Freitas, é que a longo prazo os juros brasileiros consigam chegar a 2%, se equiparando à média internacional.
“Queremos perder o título de maior taxa do mundo. Agora estamos nos aproximando de um percentual mais condizente com o nosso ideal de desenvolvimento”, finalizou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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