A indústria amazonense encolheu nos últimos anos e, já em 2015, chegou à segunda posição em termos de pessoal ocupado (92.788) entre as unidades federativas da região Norte, sendo ultrapassada pelo Pará (98.101). O número de unidades também caiu, assim como outras variáveis, embora a receita líquida e os valores brutos de produção e remunerações tenham voltado a crescer em 2017.
Os dados estão na PIA-Empresa (Pesquisa Industrial Anual Empresa), divulgada nesta quinta (6). A sondagem do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) visa identificar as características estruturais básicas do setor no país e suas transformações no tempo.
O contingente da indústria amazonense despencou desde 2013, quando havia contabilizado 139.027 trabalhadores em suas empresas. No ano seguinte, ainda no período pré-crise, o total já era de 129.368. Nos anos seguintes, a trajetória de queda seguiu ininterrupta em 2015 (104.322) e 2016 (93.461), até atingir 92.788 em 2017 – o menor valor em dez anos antes –, levando o Amazonas à 14º posição em todo o país.
As demissões vieram acompanhadas pelo recuo no número de unidades locais do setor industrial do Amazonas, que caiu 14,18% entre 2013 e 2017, de 1.269 para 1.089. Em relação às unidades da federação pesquisadas pelo IBGE, o Estado é o sexto com o menor número de empresas do setor – Roraima (137) está em último lugar.
Os salários e outras remunerações pagos pelas indústrias amazonenses alcançaram R$ 3,8 bilhões em 2017, após dois anos seguidos de quedas: de R$ 4,19 bilhões (2014) para R$ 4,07 bilhões (2015) e R$ 3,62 bilhões (2016). O Amazonas ficou em 12ª lugar no ranking nacional nesse quesito.
O mesmo ocorreu com as receitas líquidas de vendas (receita bruta menos os impostos), que aumentaram de R$ 78,7 bilhões para R$ 85,9 bilhões na passagem de 2016 para 2017, após dois anos de retrações. Com isso, o Estado ficou na nona posição em todo o país.
O valor bruto da produção industrial alcançou R$ 81,3 bilhões, maior que em 2015 (R$ 79,5 bilhões) e 2016 (R$ 72,1 bilhões). Já o valor da transformação industrial (valor bruto menos o custo das operações industriais) alcançou R$ 37,4 bilhões em 2017, o maior valor da série desde 2007. O Amazonas ficou em nono lugar em ambas variáveis.
Corte por segmento
Entre as 1.089 unidades do Amazonas contabilizadas em 2017, 14 eram extrativas e 1.074 de transformação. O segmento alimentício liderava o número de unidades (187), sendo seguido de borracha e plástico (102). Em postos de trabalho, “equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos” (25.605) ficam em primeiro lugar, sendo seguidos por “equipamentos de transporte, exceto veículos automotores” (15.224) e “máquinas, aparelhos e materiais elétricos” (7.684).
Os maiores valores brutos em termos de salário foram pagos pelo subsetor de “equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos” (quase R$ 971,99 milhões), seguida de “equipamentos de transporte, exceto veículos automotores” (quase R$ 856,48 milhões). As mesmas lideraram o valor bruto da produção industrial com cifras superiores a R$ 34,26 bilhões e R$ 10,29 bilhões, respectivamente.
“Mais com menos”
Em relação à perda da posição do Amazonas de maior empregadora do Norte, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, pondera que as plantas industriais amazonenses são muito distintas, das do Pará. “Lá, eles ocupam mais pessoas por necessidade. Aqui, há formas de reduzir o pessoal ocupado, substituindo por máquinas ou reduzindo turnos”, explicou.
O representante do IBGE chama atenção para o fato de que 2017 mostrou as empresas amazonenses com praticamente a mesma receita de vendas dos anos anteriores, mas com postos de trabalho reduzidos. “Vemos uma indústria que fez o mesmo com menos. A julgar pelos números, vemos que isso já vinha ocorrendo nos últimos anos”, destacou.
Esperança na retomada
Vice-presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), e também presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Manaus, Nelson Azevedo concorda em termos. O dirigente salientou ao Jornal do Commercio, durante o intervalo de uma reunião de diretoria da Fieam, que os números da indústria entre 2013 e 2017 não surpreenderam.
“Foi o período mais agudo da crise, com quedas previsíveis em produção, empregos e faturamento. Não vejo nenhum número positivo nesse período. Mas, temos esperanças de que, apesar de todas as dificuldades políticas e econômicas deste ano, as coisas se encaminhem para uma solução. Estamos reunidos aqui para, entre outras coisas, reforçar essa convicção”, finalizou.