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 Impasse gera atrito entre locadoras e lojas de seminovos

Andreia Leite

@andreiasleite_   @jcommercio

Após argumentos de que as locadoras de veículos frustram as comercializações do  varejo de seminovos e usados causando distorções na concorrência do mercado, a Abla (Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis), entidade que representa o setor informou que as empresas de locação  vendem só 2,5% dos carros seminovos e usados no país. De acordo com a associação, em meio a 11,2 milhões de seminovos e usados comercializados por ano no Brasil, a desmobilização de 250 mil veículos de locadoras passa longe de determinar preços do mercado.

De acordo com a entidade, a desmobilização de ativos, que no caso das locadoras são seus carros seminovos, passa ao largo de causar impacto no mercado brasileiro de compra e venda de veículos. Conforme cálculos da associação, as vendas das locadoras representaram menos de 2,5% do total de seminovos e usados comercializados em todo o ano de 2021 no país.

O mercado de seminovos e usados fechou 2021 com 11,2 milhões de unidades negociadas, conforme estatísticas da Fenauto ( Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores). “Enquanto isso, as locadoras desmobilizaram, no máximo, 250 mil seminovos ao longo do ano passado”, compara o presidente do Conselho Nacional da ABLA, Marco Aurélio Nazaré.

“A imagem de que o setor de locação atrapalha o mercado de compra e venda, ou mesmo que traz impactos no preço dos veículos dos proprietários no varejo, não sobrevive a uma análise mais profunda dos números envolvidos”, continua Nazaré. A associação aponta ainda que ao redor de 50% dos seminovos das locadoras são desmobilizados diretamente para as próprias concessionárias ou para lojistas especializados na venda de usados.

Conforme a ABLA, a procedência dos veículos é uma vantagem dos seminovos de locadoras. “No caso das empresas de locação, todos os carros são vendidos com a nota fiscal de fábrica”, explica o presidente da ABLA. “Isso assegura ao comprador que se trata de veículo de único dono, no caso a locadora, e que não existe risco em relação à origem do bem que ele está comprando”.

Amazonas

Por sua vez, o diretor regional da Abla no Estado, Sidney Galdeano, explicou que as empresas conseguiram realizar maiores volumes de compras de veículos 0 km, junto às montadoras nos últimos meses e consequentemente as locadoras conseguiram destinar boa parte dessas aquisições nas renovações de suas frotas. Algo que vinha sendo um problema até então, frente a dificuldade de comprar carros 0 km. Os prazos de entrega diminuíram um pouco, mas ainda segue complicado. Contudo, com essa melhoria já permitiu que as locadoras conseguissem fazer parte de suas renovações de frotas. E, quando isso ocorre, em um valor aproximado, mais de 50% dos veículos acabam sendo vendidos no que chamamos de forma de atacado, onde as locadoras vendem lotes de veículos diretamente para concessionárias ou revendas de automóveis locais para repor seus estoques. 

Então as locadoras acabam sendo um grande fornecedor de carros seminovos de boa qualidade para que essas lojas regionais e concessionárias possam repor estoques. A outra metade, boa parte das locadoras acabam também abrindo um ponto de venda de seminovos, onde veículos com quilometragem mais baixas são comercializadas via varejo, direto ao consumidor final. E, para além da baixa quilometragem, o estado de conservação é excelente, pois são carros muito pouco utilizados. Sem contar que tem todo o histórico de manutenções e são vendidos com ótimos preços. Ou seja, se trata de uma boa aquisição.

“Então entendemos que, as locadoras, nesse momento, permitem obter uma melhor renovação de frota onde não somente conseguem ofertar para o mercado de consumidores finais excelentes opções de compras de veículos seminovos em ótimas condições e preços, essas empresas também conseguem ser um canal de suprimento de reposição de estoque para concessionárias e revendedoras locais que buscam boa procedência”, informou ele. 

“Em suma, as locadoras são uma engrenagem fundamental nesse ecossistema automotivo e estamos conseguindo melhores resultados nesse aspecto de renovação de frota com essa melhoria da produção das montadoras com um prazo menor de entrega”, acrescentou,  Galdeano.

Confiabilidade 

O conselheiro gestor da associação, Paulo Miguel Junior, observa que, quando o mercado de seminovos e usados começa a apresentar dificuldades de liquidez, com pátios mais cheios, a desmobilização dos ativos das locadoras vira alvo de ataques e de especulações. “Cresce a propagação de argumentos frágeis, inclusive sobre uma rejeição que não mais existe quando se fala em carros de locadoras”.

Miguel Júnior acrescenta que, com a profissionalização crescente em uma quantidade cada vez maior de empresas de locação, é natural que os carros passem pela manutenção periódica dentro dos intervalos prescritos pelos fabricantes. “E, se o carro da locadora está bem conservado e com as revisões estão em dia, não há mais por que depreciá-lo”.

Segundo o conselheiro gestor da associação, existe “um padrão de qualidade nos procedimentos durante a vida útil do veículo, desde a fase de locação até a preparação para a desmobilização”. Conforme Para Paulo Miguel Júnior, há, também, uma conscientização crescente por parte dos clientes em relação ao uso apropriado dos carros, “inclusive porque, nos contratos, são estabelecidas condições que geram despesas ao locatário em caso de utilização inadequada do bem”.

Andréia Leite

é repórter do Jornal do Commercio
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