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Fábricas lutam contra a invasão estrangeira

Rever os impostos na importação de brinquedos para favorecer os investimentos no território nacional e maior eficácia no controle de entrada de mercadorias no país, visando acabar com o subfaturamento, são algumas saídas apontadas pelos dirigentes do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicos e Similares do Estado do Amazonas) para incentivar a indústria de brinquedos que praticamente acabou no PIM (Polo Industrial de Manaus).
Os indicadores de desempenho do polo, divulgados recentemente pela Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus), apontam que os investimentos no segmento pararam nos últimos três anos. No acumulado dos primeiro seis meses, o faturamento do setor caiu 16,94% em relação a igual período do ano passado. Os telejogos também despencaram em produção e faturamento, conforme os indicadores. Entre janeiro e junho deste ano a produção encolheu 45%.
Vale ressaltar que o PIM já teve vários fabricantes de brinquedos, entre os quais a Estrela. Atualmente só restou a Tec Toy, empresa que migrou para eletroeletrônicos e videogame. O setor, que já gerou 5.000 empregos diretos, hoje encolheu para 200, conforme o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Brinquedos, Francisco Almeida. “Hoje representamos apenas os trabalhadores da Tec Toy”, lamentou.

Bens de informática

O coordenador de Informações Sócio-Econômicas, da Suframa, Raimundo Sampaio de Souza, informou que existem atualmente duas empresas no PIM que fabricam brinquedos, uma que atua com cartonagem e outra de eletroeletrônicos. Diante disso, ele explicou que o subsetor brinquedos que aparece nos indicadores são originários de brinquedos de cartonagem produzidos por empresas que, devido o valor de faturamento de seus produtos, estão classificadas em outros setores do PIM.
Quanto ao brinquedo produzido pela Tec Toy, Souza informou que é classificado como eletroeletrônico, inclusive tendo partes classificadas como bens de informática e linha de produção de jogos de vídeo.

Cieam defende maior controle na entrada de manufaturados de outros países

O dirigente citou que ao longo dos últimos três anos a Matel –uma grande fabricante de brinquedos multinacional- teve que recolher muitos de seus produtos do mercado porque foi descoberto que os mesmos – fabricados na China- continham uma tinta que contaminava e agredia as crianças, colocando em risco a saúde humana. “A empresa está proibida de comercializar determinados brinquedos no país”, disse.
Outro fator que prejudicou a indústria de brinquedos de acordo com Loureiro é o fato do Brasil não ter ainda uma eficácia grande de aplicação de controle de entrada de mercadorias no país para controlar o subfaturamento.
Outro aspecto levantado pelo presidente do Cieam está relacionado aos acordos que os países fazem ‘altamente toleráveis’. Loureiro avaliou que por trás desses ‘acordos’ existem vários outros interesses que não são daquele segmento específico. “Feitos entre países, a exemplo da China e o Brasil, que permitem a entrada de produtos chineses no país sem passar pelo crivo da fiscalização, cujas autoridades acabam fechando os olhos para muita coisa e a sociedade passa a ser esquecida em função dessas negociações’”, ressaltou.

Linhas de crédito

Recentemente, a indústria brasileira de brinquedos foi incluída na política industrial do governo, que prevê uma série de ações para reduzir custos e aumentar a competitividade do setor diante da concorrência com a importação de produtos chineses.
Dados da Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) apontam que algumas medidas para estimular os fabricantes a investir no setor e aumentar a competitividade. Entre elas está a abertura de linhas oficiais de crédito por meio do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social). Umas das metas do programa é o investimento de R$ 100 bilhões em cinco anos, para aumentar o faturamento em 12%. Cerca de 50% do crédito deve vir do banco estatal.
A indústria de brinquedos espera também aumentar sua participação no mercado nacional dos atuais 55% para 65% das vendas, tomando o espaço das importações. Há ainda o compromisso de reduzir preços em 5% e gerar mil novos empregos.
A política industrial é uma tentativa de unificar as ações do governo para estimular alguns setores da economia.
Hoje, 27 setores estão dentro desse programa, que inclui indústrias como construção civil, máquinas e equipamentos e automotiva. Para isso, são estudadas medidas como incentivos fiscais, crédito, apoio técnico, regulamentação e compras governamentais.
Segundo a Abrinq, o setor de brinquedos está na lista negra desde 1995. Por isso, o BNDES vai ter de encontrar um jeito de se relacionar com o setor que projeta lançar 1.200 novos produtos neste ano. Os preços caíram 5% em relação ao ano passado e a parceria com distribuidores também se fortalece.
O presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, aposta que a indústria brasileira vai conseguir tomar espaço dos chineses e até superar a meta de 8% de crescimento para este ano. Segundo a entidade, o preço médio do brinquedo fabricado na China é de US$ 8 por quilo, ante US$ 10 da média mundial.

Sinaees defende revisão de impostos de importação

O presidente do Sinaees (Sindicato da Indústria de Aparelhos Elétricos, Eletrônicois e Similares de Manaus), Wilson Périco, avaliou que realmente houve um enfraquecimento desse segmento por conta dos produtos importados, restando algumas empresas como a Tec Toy que produz brinquedos eletrônicos. Quanto a queda inerente aos telejogos, em produção e faturamento, o dirigente justificou que o resultado pode ser traduzido como a somatória da concorrência com os importados e o momento econômico que as empresas estão vivendo.
Périco definiu como “masoquismo”, comparar o primeiro semestre deste ano em relação a igual período do ano passado. “Enquanto em 2008 o mundo vivia um crescimento econômico sem igual, em 2009 estamos passando por uma crise econômica mundial sem precedentes, sem contar a concorrência com os produtos importados, cujos volumes têm crescido ano a ano”, salientou.

“Burocracia estúpida”

Segundo o dirigente, os brinquedos são atrelados ao setor específico do PIM –polo de brinquedos-, enquanto os jogos eletrônicos –telejogos- estão ligados ao Sinaees, porque são apontados como brinquedos eletrônicos.
Quanto à saída para o setor voltar a aquecer, disse Périco , que se faz necessário rever os impostos na importação de brinquedos para favorecer os investimentos no território nacional. “Seriam medidas a serem avaliadas pelo governo federal e não são decisões simples”, assinalou.
Para o presidente do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Maurício Loureiro, não é negócio fabricar brinquedos no PIM pela falta de competitividade brasileira em relação a outros países, a exemplo da China e a Coréia, onde os custos são menores. “O poder de competição do Brasil despenca por conta da alta carga tributária, somada a uma burocracia estúpida que aumenta os custos”, desabafou.

Produção massificada

Loureiro citou que grandes fabricantes de eletrodomésticos, a exemplo da Britania e Arno, estão indo para a China, desenvolver seus produtos a partir de fabricantes que produzem para eles. “Colocam a marca nos produtos deles e vendem no Brasil”, informou, ressaltando que por este motivo alguns segmentos estão desaparecendo.
Segundo Maurício Loureiro, pelos menos três variáveis contribuíram para acabar com o setor de brinquedos no PIM. Uma delas é o fato de a China produzir quantidades enormes de brinquedos, ter volume de produção massificada, o que contribui para queda de preços em relação aos praticados no Brasil. “Só que são brinquedos de má qualidade, de alto risco para as crianças”, apontou.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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