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Especial Meio Ambiente: Não é de hoje que os estrangeiros cobiçam a Amazônia

Nesse calorão, você já experimentou ficar um dia inteiro sem beber água? Não consegue, não é? Pois saiba que o Brasil tem a maior reserva de água doce do mundo e 70% desse precioso líquido está na Amazônia, no rio Amazonas e seus afluentes. 1/5 de toda a água do planeta está na Amazônia, o que faz com que esse seja um dos motivos de Europa e Estados Unidos se ‘preocuparem’ tanto com nossa região.

E nióbio? Você já ouviu falar sobre? Trata-se de um metal condutor de eletricidade e resistente à corrosão, que pode tornar o aço ainda mais resistente e está sendo utilizado na fabricação de aviões e foguetes. O Brasil possui uma das maiores reservas de nióbio do mundo, no Norte do Amazonas, mas não pode explorar porque está dentro de uma reserva indígena.

Mais um motivo? Todo o tempo pesquisadores descobrem plantas amazônicas com potencial farmacêutico, como as mais recentes Aenigmanu alvareziae e a Tovomita cornuta, que servem para tratar a gordura no fígado e combater a diabetes.

Resumindo: acesso ao grande estoque de recursos estratégicos (água, minerais e biodiversidade) é o que desperta o interesse principalmente de Estados Unidos, Inglaterra, França, Alemanha, Noruega, Dinamarca e China na Amazônia sob o manto de ‘proteção’ ao meio ambiente. Mas como acreditar nessa preocupação se esses países não cuidaram, e nem cuidam, de seu próprio meio ambiente? China e Estados Unidos são os dois países mais poluidores do planeta. Ano passado Finlândia, Hungria, Romênia e Estônia, por causa da guerra da Ucrânia, queimaram suas florestas para produzir energia. O caso mais notório, noticiado amplamente pela mídia, foi o da Alemanha, que ‘torrou’ uma floresta de doze mil anos para transformá-la em carvão.

A Noruega, que faz questão de mandar dinheiro para o Fundo Amazônia, é um dos principais exportadores de petróleo e gás do mundo, com altos custos para o meio ambiente que isso implica. A Inglaterra foi o primeiro país a se industrializar no mundo, e essas indústrias se tornaram responsáveis pela abertura de buracos na camada de ozônio, a extinção de biomas, o derretimento de geleiras, a poluição de recursos hídricos e do solo, as mudanças climáticas, entre outros tantos problemas. A França é responsável por despejar mais de 80 mil toneladas/ano de plástico na natureza, sendo mais de 10 mil toneladas/ano direto no mar Mediterrâneo.

Por que o interesse?

Apesar de, oficialmente, o primeiro europeu a chegar à Amazônia tenha sido o espanhol Vicente Yañez Pinzón, em 1499, ao passar pela foz do Amazonas; e Francisco Orellana, em 1542, tenha descido o rio a partir do Peru, foram os portugueses que vieram para a região a fim de conquistá-la, construindo o Forte do Presépio, em 1616, onde hoje está Belém. O objetivo do forte era impedir que outros países europeus tentassem conquistar aquelas terras. Na lista estavam Espanha (que tentou descer pelo Solimões), Inglaterra, Holanda e França (que vinham pelo rio Negro). Os quatro países foram barrados pelo exército português e os três últimos contentaram-se em ficar com colônias no Norte da região: Guiana Inglesa, Suriname e Guiana Francesa. A Espanha deixou apenas seu idioma nos países amazônicos: Venezuela, Colômbia, Peru e Bolívia. Curiosamente Portugal, o país que enfrentou quatro outros países europeus pela manutenção de seu poder na Amazônia, praticamente desistiu da região depois que o Brasil se tornou independente, e tem sido assim até os dias atuais. No início deste ano a Espanha demonstrou interesse em contribuir com o Fundo Amazônia, bem como a Holanda e o Reino Unido.

Um Fundo sem fundo

Mas o que é o Fundo Amazônia? A priori o Fundo traduz a incapacidade de o próprio Brasil ‘tomar conta’ da Amazônia dependendo, para isso, da ajuda de outros países. Trata-se de um mecanismo de financiamento criado para arrecadar recursos nacionais e internacionais para serem investidos em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento na Amazônia, além de ações de conservação e do uso sustentável do bioma.

A ideia do Fundo foi proposta pelo governo brasileiro, em 2007, no segundo governo do Partido dos Trabalhadores, durante a COP-13 (13ª Conferência da ONU sobre as Mudanças no Clima). As doações ao Fundo são voluntárias e estão condicionadas à redução das emissões de gases de efeito estufa provenientes do desmatamento. Atualmente Noruega, Alemanha e Estados Unidos injetam dinheiro no Fundo, que já recebeu, de 2011 a 2018, R$ 3,3 bilhões, R$ 1 bilhão somente da Noruega. Apesar do gigantesco montante recebido até agora, as ações para as quais toda essa dinheirama se destina, não têm se concretizado. A cada nova medição do desmatamento na floresta, anunciam-se extensões de áreas cada vez maiores. Para onde o dinheiro está indo? Sempre é bom ficar atento à malícia de brasileiros, e principalmente dos estrangeiros. Os americanos só voltaram seus olhos para a Amazônia após a sua independência, em 1776. Em 1850 o chefe do Observatório Naval dos Estados Unidos, Matthew Fontaine, propôs que o país enviasse seus escravos para a Amazônia brasileira e continuasse a produção de algodão, se apoderando da região. Em 1948 a ONU, leia-se Estados Unidos por trás, propôs a desapropriação da Amazônia com a consequente perda da jurisdição territorial do Brasil sobre ela. Em abril passado, os mesmos norte-americanos anunciaram a doação de R$ 2,5 bilhões para o Fundo Amazônia.

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
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