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Balança comercial do Amazonas mostra recuperação

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Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori  Face: @jcommercio

A corrente de comércio exterior do Amazonas retomou crescimento em agosto, após o tombo do mês anterior. A soma das exportações e importações chegou a US$ 1.37 bilhão, ficando acima do patamar de julho de 2022 (US$ 1.08 bilhão) e de agosto de 2021 (US$ 1.29 bilhão). Os concentrados para bebidas não alcoólicas voltaram ao destaque da pauta de vendas externas do Estado, seguidos de perto pelas motocicletas. O destino preferencial foi a Colômbia, em detrimento de Argentina e Venezuela. Em paralelo, a despeito da resiliência na crise global de abastecimento de insumos, as compras do PIM voltaram ao azul. É o que revelam os números do portal Comex Stat.

A base de dados alimentada pelo governo federal informa que as vendas externas do Estado totalizaram US$ 85.22 milhões, indicando alta de 7,76% sobre julho de 2022 (US$ 79.08 milhões), e escalada de 34,93% diante da marca de 12 meses atrás (US$ 63.16 milhões). As importações fecharam em US$ 1.29 bilhão, sendo 5,74% maiores que as do mesmo mês de 2021 (US$ 1.22 bilhão) e 29% mais elevadas do que as do levantamento anterior (US$ 1 bilhão). No acumulado do ano, as exportações (US$ 595.47 milhões) subiram 1,26%, enquanto as compras no exterior (US$ 9.42 bilhões) aumentaram 9,53%.  

A análise por pesagem de mercadorias mostra panorama diferente, em sintonia com a variação cambial e a inflação. As vendas externas de agosto não passaram de 18,37 mil toneladas, sendo 17,55% mais baixas do que as do mesmo mês de 2021 (22,28 mil). As aquisições no estrangeiro foram na direção contrária e cresceram 2,14% na mesma comparação, com 215,61 milhões de toneladas (2022) contra 211,10 milhões de toneladas (2021). Em oito meses, a queda foi confirmada tanto para as exportações (-17,64% e 167,88 mil toneladas), quanto para as importações (-1,23% e 1,61 milhão de toneladas).

Insumos da China

As importações foram encabeçadas por insumos para o PIM, além de alguns manufaturados industriais. A lista foi puxada por circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos (US$ 275.75 milhões), discos, fitas e suportes para gravação de sons (US$ 98.72 milhões), polímeros de etileno (US$ 83.17 milhões), componentes para televisores, celulares e decodificadores (US$ 75.30 milhões), “óleos de petróleo” (US$ 72.17 milhões), platina (US$ 71.24 milhões), celulares (US$ 57.64 milhões), partes e acessórios para veículos de duas rodas (US$ 46.04 milhões). Apenas o quarto e sétimo itens da pauta regrediram em valores, na comparação com agosto de 2021.

A China (US$ 540.92 milhões) confirmou liderança no ranking de países fornecedores, com progressão de 7,67% ante o oitavo mês de 2021 (US$ 502.38 milhões). Os EUA (US$ 174.38 milhões) retomaram a segunda posição do Vietnã (US$ 90.97 milhões). Foram seguidos por Coreia do Sul (US$ 75.80 milhões), Taiwan/Formosa (US$ 64.94 milhões), Japão (US$ 53.01 milhões), Bélgica (US$ 39.87 milhões) e Tailândia (US$ 34.90 milhões). Apenas EUA e os dois últimos mostram números melhores do que os de 12 meses atrás.

O gerente executivo do CIN (Centro Internacional de Negócios) da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Marcelo Lima, reforçou que as importações devem se manter positivas em razão da aproximação das festas de fim de ano e do período de concentração de encomendas do atacado do Centro-Sul brasileiro junto ao PIM. A tendência de aumento de produção e venda de eletroeletrônicos, em virtude dos jogos da Copa, também teria ajudado, a despeito de obstáculos geopolíticos. “Podemos considerar que o prosseguimento da guerra na Ucrânia afetou, ainda que de forma indireta, para um certo retardamento nas importações, em função do acesso”, ponderou. 

Colômbia e concentrados

A Colômbia (US$ 16.09 milhões) subiu da segunda para a primeira posição, na lista de destinos das vendas externas amazonenses. Foi seguida por China (US$ 10.37 milhões) e Alemanha (US$ 8.73 milhões). Acostumadas a se alternar no topo do pódio, Venezuela (US$ 7.93 milhões) e Argentina (US$ 6.95 milhões) ocuparam a quarta e a sexta colocações, enquanto os Estados Unidos (US$ 7.06 milhões) ficaram em quinto lugar. 

As preparações alimentícias/concentrados (US$ 18.75 milhões) recuperaram a primazia da pauta das exportações do Amazonas, em agosto, com alta anual de 40,98%. As motocicletas (US$ 15.58 milhões) desceram do primeiro para o segundo lugar do ranking das exportações do Estado, com decréscimo de 7,37%, na mesma comparação. Na sequência vieram “ferro ligas”/nióbio  (US$ 11.61 milhões), ouro (US$ 8.09 milhões) – vendidos à Alemanha (US$ 8.09 milhões) e à Bélgica (US$ 5.77 milhões) – e extratos de malte (US$ 3.51 milhões) – remetidos quase que exclusivamente à Venezuela.

Apesar da confirmação da presença dos concentrados e das motocicletas no pódio das vendas externas, os próximos manufaturados do Polo Industrial de Manaus presentes na lista só aparecem na sexta, sétima, oitava, e 11ª posições: lâminas e aparelhos de barbear (US$ 2.24 milhões), televisores (US$ 2.16 milhões), celulares (US$ 1.38 milhão). 

“Crescimento vegetativo”

O gerente executivo do CIN/Fieam informa que a subida da Colômbia ao topo do pódio se deveu principalmente ao aumento de exportações de concentrados ‘made in ZFM’. “Outros países também colaboraram. O Peru comprou 53% a mais, em relação ao ano passado”, acrescentou, frisando que, a despeito da expansão de dois dígitos, os números das vendas externas no acumulado indicam apenas “crescimento vegetativo”.

Em sintonia com os dados mais modestos de peso de mercadorias, o executivo reforça ainda que não houve descontinuidade ou “fator extraordinário” no mercado que justifique a alta nos valores de exportações e importações. “Costuma haver crescimento no segundo semestre. Mesmo com a variação do dólar, tivemos inflação nos países importadores e exportadores do Amazonas, o que influencia nos resultados”, justificou.

Marcelo Lima acrescenta, entretanto, que a sazonalidade é favorável ao comércio exterior, assim como a ocorrência de um mundial de futebol, proporcionando perspectivas de aumento na corrente de comércio exterior do Amazonas, em setembro e outubro. “O cenário é bastante positivo, em razão das festas de fim de ano e da Copa. Acreditamos que, até o final do ano, devemos atingir R$ 1 bilhão em exportações, o que é uma marca até modesta, pois já atingimos valores mais elevados em anos anteriores”, finalizou. 

Boxe ou coordenada: Venezuela é destino preferencial de produtos de fora

As exportações do Amazonas ganham acréscimo, quando se levam em conta também os produtos não fabricados pelo PIM, mas remetidos a outros destinos por intermédio de comerciantes alocados no Estado. Por essa leitura, as vendas externas encostaram nos US$ 107.92 milhões, com altas mensal de 11,30% e anual de 30,31%. A lista de destinos passa a ser liderada pela Venezuela (US$ 30.93 milhões), por meio da compra de óleo de soja (US$ 15.59 milhões), extratos de malte (US$ 6.73 milhões), açúcares (US$ 5,58 milhões), preparações alimentícias (US$ 1.19 milhão) e margarina (US$ 509.919), mediante acordo com atacadistas locais.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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