Tradicionalmente, as medidas só aparecem depois de uma situação grave e bombástica no Brasil. Provavelmente, herdamos de nossos antepassados. Ou até mesmo a questão seja permeada de fatores que têm como motivação fraudes, corrupção nas três esferas da administração pública (municipal, estadual e federal). Ou até por um mero comodismo tupiniquim.
Os fatos precisam, realmente, sacudir o País. Lamentável que só agora as medidas aparecem para maior proteção a crianças em creches e escolas. E de todo o quadro de profissionais que atuam nessas atividades.
Na sexta-feira (06), o MJPS (Ministério da Justiça e Segurança Pública) começou a Operação Escola Segura, com o objetivo de realizar ações preventivas e repressivas contra ataques nas escolas de todo o País. A operação conta com a participação das delegacias contra crimes cibernéticos das principais regiões brasileiras, que atuarão de forma alinhada com as estratégias da pasta.
De acordo com o secretário Nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar, a integração entre as forças de segurança estaduais e o MJSP será fundamental para enfrentar essa onda de criminalidade no ambiente escolar. “Numa questão como essa, que comove o País, nós temos que dar as mãos, juntar esforços, temos que reunir uma energia muito grande porque vem a indignação, vem a comoção, mas vem a nossa responsabilidade de fazer esse enfrentamento”, afirmou Alencar.
As autoridades da área de segurança pública reforçam a necessidade de ampliação do diálogo com as plataformas responsáveis pelas redes sociais em atuação no Brasil. De acordo com delegados presentes no lançamento da Operação Escola Segura, a cooperação entre todos os atores envolvidos será fundamental para prevenir e reagir aos casos de violência nas escolas brasileiras, bem como para identificar pessoas que incentivem ataques.
Na próxima segunda-feira (10), está prevista uma reunião com representantes das redes sociais para alinhar um protocolo de ação. Segundo especialistas em segurança pública, muitos jovens são recrutados por essas redes, que se tornou uma espécie de “vitrine” para grupos extremistas que impulsionam discurso de ódio.
Outro ponto importante é o papel da mídia na divulgação destes tipos de casos. Segundo o MJSP, as recomendações vão no sentido de não divulgar os nomes dos autores, nem quaisquer tipos de imagens, vídeos ou símbolos que os identifiquem, sob nenhuma hipótese. Essa medida previne o chamado “efeito contágio”, que pode desencadear outros ataques ou eventos semelhantes em um curto período e em uma área geográfica próxima.
Dentro do pacote de ações do Ministério da Justiça para o combate à violência, a pasta deve investir R$ 150 milhões no apoio às rondas escolares ou ações similares. A medida, autorizada pelo presidente Lula, será feita por meio de um edital, a ser divulgado já na próxima semana. Os recursos sairão do FNSP (Fundo Nacional de Segurança Pública) e serão ofertados aos Estados e municípios, que detêm a competência constitucional para fazer o patrulhamento ostensivo.
PERFIL
Atraindo mais interesse
As ricas jazidas de potássio no Amazonas geram cada vez mais interesse do governo central. Simpático à ideia, o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro da Indústria e do Comércio, defendeu publicamente a exploração do minério em terras indígenas demarcadas do povo mura, no Estado, ao longo de Autazes e outros dois municípios no interior. Claro, segundo ele, desde que projetos atendam satisfatoriamente às demandas de sustentabilidade, preservando o meio ambiente e os aspectos culturais de etnias habitantes dessas áreas.
Indubitavelmente, a região precisa buscar outras matrizes econômicas que se somariam às atividades do modelo ZFM, hoje com mais de 500 empresas industriais instaladas no parque de Manaus. Faz tempo que lideranças de peso vêm tocando nessa tecla, mas questiúnculas ambientais têm gerado intensos gargalos para consolidar novos empreendimento. Agora, parece que há uma maior disposição para explorar essas grandes potencialidades naturais.
Impedimento
Ao longo de anos, a Potássio do Brasil tem sido cerceada de viabilizar a exploração das jazidas de Autazes. É uma quebra de braço intensa travada com os órgãos ambientais. O governo anterior tentou vencer essas arestas, porém os defensores do ambiente se mobilizaram, impedindo qualquer implementação de projetos nesse sentido. Recentemente, a empresa selou uma parceria com a Universidade Federal do Amazonas para o beneficiamento do minério, mas mantendo a preservação.
Fertilizantes
Hoje, o Brasil importa praticamente todos os fertilizantes utilizados em grande escala pelo agronegócio, responsável por pelo menos 50% do PIB do País. O potássio do Amazonas corroboraria para reunir a matéria-prima indispensável à produção do principal insumo do setor. As jazidas de Autazes têm condições de suprir o mercado brasileiro por 200 anos consecutivos, apontam dados oficiais. Agora, o governo local tenta abrir caminhos, vencendo tretas ambientais, para viabilizar a exploração.
Mediadores
Depois do bate-boca em plenário, a CMM deve realizar a audiência pública, ainda na próxima semana, para discutir a necessidade da presença de mediadores nas escolas municipais. Eles (os profissionais) se incumbiriam de acompanhar deficientes e autistas. A questão ficou mais em evidência após os ataques a creche e escola que deixaram mortos e feridos. Ainda repercute a lavagem de roupa suja entre os vereadores Wallace Oliveira (Pros) e Rodrigo Guedes (Republicanos) sobre a questão.
Investimentos
Após o feriadão, a Assembleia Legislativa do Amazonas levará ao plenário a discussão sobre a importância dos mais de R$3,7 bilhões anunciados pelo governo estadual para o setor primário da região. Aliás, o deputado estadual Roberto Cidade (UB), presidente do legislativo, é um grande entusiasta do tema. Para ele, é imprescindível dar mais apoio aos produtores rurais para fomentar a diversidade de cultivos no campo. Hoje, grande parte dos agricultores recorre a técnicas rudimentares. A tecnificação é a saída.
Tretas
A Amazonas Energia ainda está engasgada com a sanção da lei municipal que proibiu a instalação dos medidores aéreos, apesar de um decisão do Supremo favorável à operacionalização do novo sistema. A concessionária já elabora um novo recurso para derrubar a legislação aprovada pelos vereadores de Manaus e, posteriormente, regulamentada pelo prefeito David Almeida (Avante). Há uma intensa briga judicial sobre a questão, envolvendo também grande parte da população manauara.
Cheias
Prefeitura e governo do Amazonas já executam planos de emergência para auxiliar a população mais vulnerável por conta da enchente. As chuvas continuam impactando principalmente nas áreas de risco, onde vivem milhares de pessoas. Mesmo com alertas seguidos sobre novas possibilidades de desastres naturais, muito se recusam a sair de locais mais propensos a deslizamentos e soterramentos de terra. Manaus cresceu de forma desigual. E, hoje, convive com as consequências de tanto descaso.
Ofensiva
A oposição mexe mais ainda na questão das joias doadas pela Arábia Saudita a Bolsonaro e à primeira-dama Michelle. É o ponto nevrálgico do casal diante de tantas ofensivas do arco de alianças que apoia o governo Lula. Em contrapartida, simpatizantes do clã bolsonarista investem nos memes para desgastar a esquerda, que ora apita no Planalto. Escolhida para presidente do Brics, Dilma Rousseff aparece nas redes sociais travestida do líder da Coreia do Norte, com a mesma efígie e carranca.
Juros
Evidentemente, ninguém está satisfeito com os juros nas alturas. O Banco Central demonstra que quem manda na política monetária é sua cúpula e o Copom. Lula mostra muita insatisfação, contestando que as altas taxas não têm razão de ser – isto e, um mero mecanismo para segurar a escalada inflacionária. “Se a meta está errada, vamos mudar”, tascou o presidente, tendo como mira as medidas do BC e todo o seu séquito de especialistas. Para o petista, não se pode engessar tanta a economia.
FRASES
“Pode ser um dos maiores investimentos do País”.
Geraldo Alckmin, vice-presidente, sobre exploração de potássio no Amazonas.
“Fui convidado para assumir a Suframa”.
Bosco Saraiva, ex-deputado, comentando tratativas com o governo para dirigir a autarquia.