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Mercadinho de bairro

Carlos Silva

Na minha idade, e, também, fruto de uma vida maravilhosa, viajei todo o planeta, para onde tive interesse pessoal e onde meu trabalho me enviou. E, foram experiências e emoções incríveis. Aprendi que sair do ponto A em direção a qualquer lugar, normalmente é bom, e em todos os casos, se aprende, e muito. No entanto, hoje, beirando os 70 anos, alguns valores e alguns prazeres mudaram. Alguns. E nesse universo de emoções fortes, destaco a existência do mercadinho do bairro, ou do quarteirão. Como dizem os nordestinos: budega. Lá se vende um pouco de tudo que se precisa, no dia-a-dia. Não vou entrar no mérito se é barato ou se é caro. E desde quando conforto e conveniência são baratos? Enfim. Se você quer saber o que está ocorrendo, de interessante e geoestratégico no universo conhecido, frequente a mercearia do bairro. Aqui, onde moro, tem uma que é frequentada assiduamente por moradores de vários quarteirões. Hoje cedo fui lá comprar uns “biscuilhos” (como dizem os paraenses) ou “bribotos” (como dizem os acreanos) fundamentais para o prosseguimento da raça humana e do giro do planeta Terra: cervejas, para mim, e doces, para as netas. Os doces vieram camuflados, pois a família briga comigo por dar docinhos às netas. Mas, como velho teimoso feito uma mula, eu compro, sim! Sem exagero, mas compro! E, sempre, nas manhãs de sábados e domingos, a “velha guarda” se reúne para contar mentiras e tomar cerveja no “nosso” mercadinho. É um momento de pura reflexão e sustentado pelo esoterismo de um “pé sujo” adaptado. Não tem tira-gosto já pronto, mas, sempre tem um idoso que nos apresenta RO (restos de ontem) do jantar e fazemos a festa. Nestes sagrados momentos sabemos de tudo que nos interessa: quem casou, quem está se separando, quem ganhou dinheiro no cassino ou no jogo do bicho,  quais esposas estão “pulando a cerca”, quais maridos levaram surra da esposa e por aí vai…percebe-se que a “velha guarda” não perde tempo discutindo nem política, nem religião e nem futebol. Tem tanta coisa muito melhor e mais agradável a conversar que tais assuntos. E, nestas rodas de amigos de bar e de mercado, em muitos momentos, nos divertimos vendo as meninas passando por aqui e por ali, e todas elas nos cumprimentam: “bom dia tiozões!”. Caímos na risada e uns dizem: “já fui bom nisso; ah! No meu tempo…”. Bando de mentirosos! Assim como eu também! E daí? A vida segue ! Com cervejas ! Geladas!

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