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Em 4 anos, os jovens do Amazonas precisarão do equivalente a mais 2 polos industriais para se ocuparem

Por Juarez Baldoino da Costa(*)

Com a criação de apenas 2.000 empregos anuais em média pelo PIM – Polo Industrial de Manaus desde a sua criação há 57 anos, o enfrentamento para ocupar a pirâmide etária do Amazonas publicada pelo IBGE com o censo de 2022 é um dos grandes desafios do estado.

A pirâmide classifica 292.000 jovens nas faixas entre 14 e 17 anos que estariam buscando o “primeiro emprego” ao completarem 18 anos nos 4 anos seguintes. Portanto, são 73.000 deles a cada ano. 

Se 20% destes jovens se engajarem no empreendedorismo, o que é uma meta ousada, restarão ainda 234.000, equivalentes à massa de empregos de dois PIM – Polo Industrial de Manaus.

Mesmo descontando aposentadorias, mortes e migrações, ainda assim o Amazonas terá dificuldade em gerar empregos para este contingente, inexperiente ou não, sem contar os atuais jovens desempregados que já completaram 18 anos, já que este ciclo é repetitivo. 

O PIM, com 114.000 postos diretos de trabalho, somados à geração de postos indiretos dele derivados e as demais atividades do comércio, dos serviços, da construção civil, do agronegócio e das outras industrias, totalizaram cerca de 502.000 empregos no estado em 2023 conforme dados do Novo Caged.

Se considerarmos que o PIM é o principal vetor multiplicador de empregos em geral no Amazonas, o seu fator seria de 4,4 (502.000/114.000).

Assim, analogamente, para ocupar os 234.000 jovens nos próximos 4 anos, seria necessário criar 53.000 novos postos de trabalho no PIM (234.000/4,4), tarefa impossível se considerarmos a média de 2.000 postos anuais.

Não seria o PIM sozinho, portanto, a solução completa, e novas estratégias serão necessárias.      

Entre as possibilidades, há a de criação de programas especiais de jornadas de 4 horas de trabalho nas várias atividades econômicas, principalmente no comércio, que podem ajudar na fase de transição até o primeiro pleno emprego, através de legislação que introduza também a redução de 90% nos custos previdenciários e de 50% no FGTS e no transporte coletivo. Com isto, seriam geradas receitas novas para o INSS e para os sistemas de transporte coletivo, hoje inexistentes. Sendo dirigida para um público de jovens, com demanda pouco expressiva de benefícios do INSS e uso do FGTS, a alternativa pode contribuir com o fomento de empregos, com a arrecadação tributária e com o setor de transportes coletivos, já que sem esta possibilidade tudo é zero.   

Encontrar a “carteira assinada” que substitua a mesada ou os programas sociais de distribuição de renda não depende somente destes jovens, mas também dos seus responsáveis diretos ou indiretos, já que o seu ócio pode ser substituído também por indesejáveis comportamentos sociais das mais diversas formas aos quais está sujeito este público de fácil acesso.       

O legislativo pode avaliar e conduzir o processo. 

(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

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