A Honda iniciará no próximo ano a produção de motores em um prédio anexado à fábrica de Sumaré, interior de São Paulo. Hoje, a maior parte das peças do equipamento é importada da matriz no Japão. A nacionalização do motor, considerado o coração do automóvel, é um sinal de que a montadora japonesa consolida cada vez mais suas operações no Brasil, mercado que já é o sexto maior do mundo para a companhia, com chances de pular para a quinta colocação este ano.
Seguindo a filosofia japonesa, de dar passos cautelosos, a Honda levou dez anos, desde a instalação da unidade de automóveis no país, para investir na produção local de motores. Para construir a fábrica, foram mais de 20 anos desde a aquisição do terreno em Sumaré, na década de 70.
“O motor é a parte mais complexa do carro, e é necessário manter uma estrutura consolidada para sua produção”, justificou Horácio Tuyoshi Natsumeda, diretor industrial da Honda Automóveis. Historicamente, a Honda não compra esse equipamento de terceiros e só usa motores de fabricação própria, “para garantir qualidade e custos”.
A construção do prédio e a compra de equipamentos fazem parte do investimento de US$ 100 milhões anunciados no fim de 2005, que incluía a ampliação da capacidade produtiva de 240 para 550 veículos ao dia. Hoje, a linha de produção opera em três turnos e a Honda já estuda nova ampliação para dar conta da demanda.
“Inauguramos a fábrica em outubro de 1997 para produzir 60 carros/dia, em dois turnos, e hoje fazemos 550 em três turnos”, disse Natsumeda. A cada dois minutos sai um carro pronto da linha de montagem. Segundo ele, a montadora estuda, para o fim de 2008 manter a produção de 550 carros/dia em dois turnos e, se preciso, ampliar para 650 unidades diárias em três turnos.
Em maio, a fábrica de motores, que está em fase de testes, iniciará a produção do motor do Civic e, em outubro, do Fit. Serão contratados mais 200 funcionários, ampliando assim o quadro atual de 3.100 pessoas.
Componentes eletrônicos e partes como a engrenagem continuarão sendo importados. Para viabilizar a nacionalização completa do motor a fábrica deveria produzir cerca de 200 mil carros anualmente, volume que justificaria o alto investimento necessário para o projeto.
Este ano, devem ser produzidos em Sumaré 106 mil veículos, volume que irá a 121,5 mil em 2008, dos quais 24 mil para exportação. Incluindo modelos importados, a Honda deve vender este ano perto de 100 mil veículos no país, marca que a consolidará como quinta montadora no ranking brasileiro e também quinta no ranking da matriz, atrás dos EUA, Japão, China, Canadá e Reino Unido.
Apesar da produção maior, ainda há fila de espera de um mês, em média, para a compra dos modelos Civic e Fit.
O aumento da produção se reflete na lavanderia mantida pela Honda, onde são lavados, gratuitamente, os uniformes brancos dos funcionários. “Em dez anos de trabalho o serviço triplicou”, contou Maria das Neves, encarregada da lavanderia.
Semanalmente, são lavadas 2.550 calças e jaquetas, 1.200 aventais, cem quilos de luvas e cem quilos de mangotes (usados nos braços pelo pessoal que trabalha com solda). As peças são devolvidas em 24 horas.