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Comércio do AM emenda 2º mês de queda em julho

O varejo do Amazonas seguiu na contramão da média nacional e emendou seu segundo mês consecutivo de queda, em julho. Em um período sem datas comemorativas, o recuo foi sentido tanto em relação a junho de 2021 – que teve o Dia dos Namorados –, quanto no confronto com julho do ano passado – época em que o comércio local já ensaiava sua recuperação dos impactos da primeira onda. O Estado teve melhores resultados em segmentos dependentes de crédito, como material de construção e veículos. É o que revelam os dados da pesquisa mensal do IBGE para o setor, divulgada nesta sexta (10).

O comércio amazonense recuou 1,5%, na variação mensal, após o tropeço de junho (-0,5%) – que foi precedido pelas elevações sucessivas de maio, abril, março e fevereiro. Em relação ao resultado de julho do ano passado, o varejo local sofreu decréscimo reforçado de 9,5% no volume de vendas. O acumulado do ano seguiu no campo positivo (+4,3%), assim como o aglutinado de 12 meses (+8,2%), mas seguem sendo erodidos. O Estado só ficou à frente da média nacional (+1,2%, +5,7%, +6,6% e +5,9%) na variação anualizada.

Com o decréscimo nas vendas na variação mensal, o Estado desabou do 13º para o penúltimo lugar do ranking brasileiro de valores mais elevados. Empatou com Distrito Federal e Rio Grande do Norte, superando apenas o Mato Grosso (-2,1%). Em contraste, Rondônia (+17,6%), Santa Catarina (+12,6%) e Paraná (+11,1%) tiveram os melhores números. No acumulado do ano, o Estado despencou da 13ª para a 20ª posição, em uma lista liderada por Amapá (+27,8%), Rondônia (+23,5%) e Piauí (+22,8%), e encerrada por Tocantins (-9,4%), Distrito Federal (-1,9%) e Mato Grosso (+1,2%). 

A receita nominal do setor – que não considera a inflação do período foi melhor, em todas as comparações. A elevação ante junho de 2021 foi de 0,5%, ficando aquém da sondagem anterior (+2,1%). No confronto com julho de 2020, o varejo do Amazonas conseguiu crescer 4,7%. O saldo dos sete meses do ano (+17,6%) também seguiu no azul, assim como o do acumulado dos 12 meses (+18,9%). As respectivas médias nacionais foram +2,2%, +19,7%, +18,6% e +15,7%.

Mesmo com a variação mensal positiva na receita nominal, o Amazonas acabou retrocedendo da 14ª para a 24ª posição. Só superou o Ceará (-0,6%), o Distrito Federal (-0,5%) e o Maranhão (+0,4%). Na outra ponta, Rondônia (+26,9%), Mato Grosso do Sul (+14,1%) e Santa Catarina (+13,3%) tiveram os melhores números. Em sete meses, o Estado desceu da 12ª para a 16ª colocação. Amapá (+40,1%), Piauí (+35%) e Rondônia (+29,4%) dividiram o pódio. Em contraste, Tocantins (-2,3%), Distrito Federal (+9%), Paraíba e Mato Grosso (ambos com +13,5%) figuraram no rodapé. 

Veículos e construção

O IBGE não segmenta o desempenho do varejo no Amazonas. Na média nacional, quatro das oito atividades investigadas pela pesquisa avançaram, na passagem de junho para julho: tecidos, vestuário e calçados (+42%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (+36,8%), combustíveis e lubrificantes (+6,4%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (+4,8%). Em contrapartida, livros, jornais, revistas e papelaria (-23,2%), móveis e eletrodomésticos (-12%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-5,6%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,8%) encolheram.

Mas, sabe-se que o varejo ampliado amazonense – que inclui veículos e suas partes e peças, bem como material de construção – só não foi melhor do que a média do setor no Estado, na variação anual. O volume de vendas caiu 1,3%, no confronto com junho de 2021, e tombou 10,8% sobre julho do ano passado. A atividade, entretanto, subiu 7,3% de janeiro a julho e 11,5%, no acumulado dos 12 meses. Em todo o país, o setor pontuou crescimentos de 1,1%, de 7,1%, da 11,4% e de 8,4%, respectivamente.

Já a receita nominal do varejo ampliado do Amazonas caiu 0,1%, na comparação de junho com julho deste ano, mas subiu 2,9%, na variação anual. Os resultados em valores correntes do caixa dos lojistas locais avançaram 20,7% no acumulado dos sete meses iniciais de 2021 e foram positivos em 22,1%, na variação anualizada dos 12 meses. Na média brasileira os números foram +2,3%, +22,4%, +24,5% e +18,7%, na ordem. 

Inflação e desemprego

Diante do retrocesso de vendas registrado pelo varejo amazonense em julho, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, destaca que a inflação e o menor poder de compra do consumidor, por conta da “alta desocupação”, impede uma melhora nas vendas, a despeito da sazonalidade. “O comércio voltou totalmente às atividades depois da pandemia. Para crescer, é necessário superar as vendas do mês anterior. Ainda é cedo para afirmar, mas o consumidor local possivelmente reduziu o consumo para adequar suas despesas”, analisou.

Em texto veiculado pelo portal Agência de Notícias IBGE, o gerente da pesquisa, Cristiano Santos, observa que, apesar do avanço da média nacional do setor, Algumas atividades ainda não conseguiram recuperar as perdas na pandemia, e há distorções causadas pela base de comparação. “Por conta das quedas pronunciadas no período que marca o início da pandemia (de março a julho de 2020), o varejo apresentou ganho, sobretudo, nas atividades mais afetadas, como de tecidos, vestuário e calçados e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que voltam a registrar taxas de dois dígitos no campo positivo”, comentou.

Turbulências políticas

De acordo com o presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Amazonas), Aderson Frota, julho foi um mês “declaradamente fraco” para a atividade e agosto, segundo comentários de empresários ouvidos informalmente pela entidade, “caminha na mesma direção”. Na análise do dirigente, inflação e encarecimento do dinheiro, assim como a variação cambial, ajudaram a tornar o ambiente econômico mais inóspito para consumidores e investidores, assim como as turbulências políticas – que culminaram no Sete de Setembro atípico deste ano. 

“Os motivos são a instabilidade política, a alta da taxa Selic e do custo financeiro e a disparada do dólar, assim como o aumento dos fretes, da energia e de insumos diversos. Este panorama de instabilidade, e mais o desemprego, contribuíram muito para o tal quadro de redução das vendas do varejo. Achei muito inteligente o recuo do presidente Jair Bolsonaro. A economia de repente respondeu positivamente. Continuo acreditando que este semestre será melhor que o primeiro, em pelo menos 10% acima”, arrematou. 

Foto/Destaque: Divulgação

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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