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Excelência nos queijos e no doce de leite

Apesar de o município de Autazes ter apenas 68 anos de fundação, os primeiros exploradores chegaram à região, em 1637, em busca de plantações nativas de cacau e outras ‘drogas do sertão’, depois de subir o rio Madeira. Porém, somente a partir de 1860 os primeiros colonizadores se estabeleceram no local. O avô de Rubervan Serrão Paiva chegou à cidade, no delta dos rios Autaz-Açu e Autaz-Mirim, no início do século 20, vindo do Ceará, para trabalhar como seringueiro. Formou família, ganhou netos, um deles, Rubervan.

“Todos os meus antepassados trabalharam com a terra, desde meu avô, meu pai, e eu cresci mexendo com a terra”, revelou.

Há 30 anos Rubervan se tornou proprietário da Agrofazenda Paiva, que se transformou numa das grandes beneficiadoras de leite e produtora de seus derivados, em Autazes, empreendimento que começou há apenas cinco anos, em 2019, com a Sabores de Autazes.

Até 2022, Autazes possuía 76 mil cabeças de gado, e cerca de 1.500 pecuaristas, de acordo com a Secretaria Municipal de Produção Rural de Autazes e da Associação dos Produtores de Queijo de Autazes. A produção média diária, até aquele ano, era de aproximadamente 50 mil litros, o dobro da média nacional que, em 2021, foi de 25.508 litros. O segmento leiteiro e queijeiro atingiu tal nível de excelência, na região que, ainda em 2022, recebeu o selo de delimitação da área de Indicação Geográfica, ou seja, é como se tivesse recebido uma impressão digital identificando sua origem e o tornando único. O selo é dado pelo Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial). O Careiro da Várzea, município fronteiro a Autazes, também recebeu o selo de IG.

Como é tradicional entre os pecuaristas do baixo Amazonas, dois produtos são fabricados prioritariamente a partir do leite: o queijo e o doce de leite. Foi assim que Rubervan começou a Sabores de Autazes.

450 toneladas/mês

São vários os tipos de queijo que podem ser feitos com leite: o coalho, o manteiga, o mussarela, o frescal, a ricota, mas em Autazes o mais produzido é o coalho, de cor branca, bem conhecido em Manaus, e o manteiga, amarelado e gorduroso. Interessante saber que foram os nordestinos, assim como o avô de Rubervan, que trouxeram para a Amazônia o know-how da fabricação de queijos quando de sua vinda para os seringais da região na segunda metade do século 19. Atualmente o Amazonas produz cerca de 450 toneladas/mês de queijos com a gourmetização de alguns acrescidos com tucumã ou castanha-do-brasil durante sua fabricação. Em Autazes, oito fabricantes de queijo possuem o selo do SIE (Serviço de Inspeção Estadual) e 20 buscam a regularização. O SIE, entre outras medidas, garante a segurança dos alimentos ao consumidor através da inspeção ante e post mortem dos animais.

Já o fabrico do doce de leite é tradicional em Minas Gerais, não sendo comum no Nordeste cuja raiz dos doces vem do coco, do milho e da cana de açúcar, mas o certo é que há muitas décadas esse doce cremoso é produzido na região do baixo Amazonas e, em Autazes, se tornou um produto de excelência junto com o queijo.

“Hoje, a Sabor de Autazes, além dos queijos e do doce de leite, produz iogurte, coalhada e manteiga. 500 kg/mês de queijo coalho de búfala, 200 kg/mês de doce de leite, 1.000 litros/mês de iogurte, 800 litros/mês de coalhada, e 50 kg/mês de manteiga”, listou.

30 cabeças

Ano passado, durante a Expoagro, em Manaus, na competição de Melhor Queijo Coalho e Melhor Doce de Leite, venceram, Melhor Queijo Coalho, 1º lugar: Leiteria Macurany, de Parintins; 2º lugar: Laticínio ING Ping Lac, de Manacapuru; e 3º lugar: Laticínio Matupi, de Manicoré. Na competição de Melhor Doce de Leite, ficaram: em 1º lugar: Leiteria Macurany; 2º lugar: Laticínio Matupi; e 3º lugar: Queijaria Original, de Autazes, provando que, entre Manacapuru e Parintins se produzem os melhores queijos e doces de leite do Amazonas.

“Eu tenho 30 cabeças de gado aqui na Agrofazenda Paiva, e não são suficientes para atender à minha demanda por leite, então compro o que preciso de outros pecuaristas da região”, disse.

“Meu gado é o Girolanda, excelente para a produção de leite. Em breve lançarei o queijo minas frescal artesanal, amarelado, com uma massa compacta e macia”, avisou.      

O Girolanda é uma raça genuinamente brasileira surgida por volta da década de 1940, no Vale do Paraíba, em São Paulo, quando um touro da raça Gir teria invadido uma pastagem vizinha e coberto algumas vacas da raça Holandesa. Ao nascerem os filhotes desses cruzamentos, os criadores observaram que eram animais com maior rusticidade, precocidade e grande produção de leite.

“Diariamente beneficio 300 litros de leite, mas minha fábrica tem capacidade de beneficiar até 1.000 litros”, informou.

Seguindo a tradição agrícola da família, Rubervan planta banana, mamão, goiaba, graviola, cupuaçu (acrescidos no iogurte ou transformados em doces) e macaxeira. Os produtos da Sabores de Autazes podem ser encontrados, em Manaus, nas feiras da ADS, que acontecem durante toda a semana em vários pontos da cidade.

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Lílian Araújo

É Jornalista, Artista, Gestora de TI, colunista do JC e editora do Jornal do Commercio
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