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Vendas de veículos retomam crescimento no Amazonas

As vendas de veículos automotores do Amazonas retomaram crescimento, entre outubro e novembro, após a derrapagem anterior. O volume comercializado avançou nas variações mensal e anual, de forma mais intensa do que na média nacional, a despeito da resiliência da crise de abastecimento e as altas dos juros e do IOF. No total, foram comercializadas 6.019 unidades no Estado, 36,52% a mais do que em outubro de 2021 (4.409) e 8,82% acima de novembro de 2020 (5.531). Em 11 meses, as vendas receberam reforço e seguem positivas em 6,87%, com 48.793 (2021) contra 45.657 (2020). 

Os dados regionais referentes ao Amazonas foram disponibilizados pelo portal da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), nesta sexta (3). As informações foram amparadas pelos emplacamentos do Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores), base de dados que leva em conta todos os tipos e veículos, incluindo automóveis convencionais, comerciais leves, caminhões, ônibus e motocicletas.

A expansão experimentada pelo segmento de revendas de veículos no Estado seguiu na mesma trajetória registrada pela média brasileira, mas com índices melhores. O setor como um todo registrou elevação de 7,31% em todo o país, entre outubro (276.033) e novembro (296.203) – que contou com pelo menos dois dias úteis a menos. Mas, em relação ao mesmo mês do ano passado (332.852), houve retração de 11,40%. O acumulado do ano ainda se manteve positivo em 12,86%, com 3.159.499 (2021) contra 2.799.573 (2020) veículos novos. Com isso, a Fenabrave manteve suas projeções para 2021.

Automóveis e motocicletas

Duas das sete categorias listadas pela Fenabrave caíram na variação mensal, em resultado melhor do que o de outubro. O melhor desempenho proporcional veio dos automóveis, que cresceram 66,70% (1.857), invertendo o placar anterior. Foram seguidos pelas motocicletas (+30,82%), que tiveram o maior número absoluto de vendas (3.336). Na sequência estão caminhões (+23,38% e 95), comerciais leves (+13,77% e 636) e ônibus (+10,64% e 52). A marcha a ré veio de implementos rodoviários (-53,57% e 13) e de “outros veículos”, que incluem tratores e máquinas agrícolas (-11,76% e +30). 

O cenário é um pouco pior, quando se leva em consideração a comparação com o desempenho de novembro do ano passado. Apenas motocicletas (+56,62%), comerciais leves (+40,40%) e caminhões (+18,75%) conseguiram aumentar vendas neste cenário. Em contraste, implementos rodoviários (-75%), ônibus (-39,53%), automóveis (-31,07%), “outros veículos” (-16,67%) ainda sustentaram dados negativos.

Pelo quarto mês seguido, os carros convencionais cederam lugar para os veículos de duas rodas, no ranking das categorias mais vendidas no Amazonas. Apesar da aceleração mensal, os automóveis voltaram reduzir sua participação no bolo de vendas do Estado, no confronto dos acumulados de 2020 (43,22%) e de 2021 (33,58%). As motos continuaram na primeira posição, avançando na comparação dos dados de janeiro a novembro deste ano (46,91%) com igual intervalo de 2020 (39,42%).

Vale notar que os números também refletem, em parte, a dinâmica do mês anterior, em virtude dos entraves logísticos do Estado. Em matérias anteriores como a reportagem do Jornal do Commercio, o Sincodiv-AM (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Estado do Amazonas) reforçou que os números locais devem ser levados sempre sob a perspectiva do transit time (tempo de trânsito) entre faturamento e emplacamento, um hiato de tempo que pode durar 30 dias, em virtude da logística de translado do veículo entre a fábrica e o Estado.

Juros e IOF

Em entrevistas anteriores à reportagem do Jornal do Commercio, o sócio diretor da Kodó Veiculos, Diogo Augusto Maia da Silva, já havia assinalado que o estrangulamento na oferta foi mais acentuado nos automóveis zero da categoria de “carro popular”. O oposto ocorreria nos produtos de luxo, como SUVs, apesar do tempo de espera. O empresário avaliou que, em paralelo com a escalada dos juros e os maiores rigores na concessão de financiamentos bancários, o encarecimento do crédito por um IOF mais encorpado ainda está contribuindo para uma aceleração da tendência e redução das vendas globais. 

“Tivemos uma pequena retração, devido ao aumento dos juros e ao aperto no crédito. A mudança veio dos bancos, porque os carros novos ainda faltam. Mas, continuamos vendendo e a procura está boa, também. Acho que o cenário deve continuar assim, pelo menos até o meio do ano que vem”, sintetizou, ressalvando que trabalha em cenário “um pouco diferente” da “situação crítica” das concessionárias, porque a empresa trabalha com multimarcas e consegue permanecer abastecida.

A situação não é muito diferente no caso dos seminovos. Sócio e diretor administrativo da Daniel Veículos, Yuri Barbosa, considera que a situação está “dentro do esperado”, após a diminuição gradativa de setembro e outubro, o aumento das taxas de financiamento e o retorno das viagens. Embora não arrisque apontar números, por considerar que “está tudo muito confuso”, o empresário estima uma melhora relativa na reta final do ano e novas oscilações em 2022.

“A Selic subiu e, com isso, os financiamentos caíram muito. Este mês, teremos provavelmente mais um aumento nos juros básicos, mas já tenho visto uma melhora na procura de seminovos. Talvez por conta de muitos voos cancelados, e porque as pessoas estão voltando a deixar de viajar. Esperamos um dezembro bastante positivo, com diminuição para janeiro e fevereiro e retomada prevista para março”, ponderou.

Desafios e projeções

Em comunicado à imprensa, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou que o segmento reagiu em novembro, após cinco meses de quedas seguidas, e deve fechar o ano dentro do esperado pela entidade – 11,1% de alta, ante 2020. “Dados os desafios dos últimos meses, como a crise de abastecimento global e a alta de juros no país, é um ótimo desempenho, ainda que sobre uma base comparativa mais baixa, de 2020. Vale destacar os bons resultados de ônibus, motocicletas e comerciais leves”, ponderou.

Já a situação em relação a automóveis e comerciais leves melhorou, mas ainda inspiraria cuidados, em face das mudanças no cenário macroeconômico nacional. “A disponibilidade de veículos tem modulado o ritmo desses segmentos. Oferta e aprovação de crédito continuam em bons patamares”, arrematou, acrescentando que a escalada nas taxas de juros podem impactar nos financiamentos e, consequentemente, os emplacamentos nos próximos meses.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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