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Indústria do Amazonas vende mais em fevereiro, mas reduz ritmo de produção e contratações, aponta CNI

As vendas da indústria do Amazonas escalaram em todas as comparações, em fevereiro. A quantidade de horas trabalhadas na produção, média de uso da capacidade instalada fabril, emprego e massa salarial reduziram o ritmo em relação a janeiro –que teve quatro dias úteis a mais. Mas, as rubricas se seguiram ascendentes diante do ano passado, não raro em uma escala de dois dígitos. É o que apontam os números locais dos Indicadores Industriais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), compilados em parceria com a Fieam (Federação das Indústrias do Amazonas).

Conforme a sondagem, o faturamento real da manufatura do Amazonas decolou 11,6% na variação mensal de fevereiro. Embora robusto, o ganho veio um pouco mais fraco do que o registrado no levantamento anterior (+13,3%). O confronto com fevereiro do ano passado indicou uma elevação estratosférica de 46,3%, alimentando a alta do bimestre (+52,9%). Na média nacional, as vendas líquidas aceleram 2,4% na virada mensal, além de avançarem também nas bases anual (+4,1%) e acumulada (+2%). 

A Suframa ainda não divulgou seu levantamento de fevereiro. Mas, os Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus referentes a janeiro confirmam uma escalada de faturamento. As vendas em dólar somaram US$ 3.10 bilhões e decolaram 15,57% frente ao mesmo mês do ano passado (R$ 2.70 bilhões). Na conversão em reais, a alta foi de 12,26%, de R$ 13,66 bilhões (2022) para R$ 15,34 bilhões (2023). Desta vez, os números suplantaram a inflação do IPCA acumulada em 12 meses (+4,62%) e a desvalorização da moeda americana (-2,86%) –conforme o BC (Banco Central). Os ganhos vieram principalmente de eletroeletrônicos, bens de informática e duas rodas.

Nível de atividade

A situação das horas trabalhadas nas linhas de produção fabril do Estado aponta um patamar mais ameno, após a forte base de comparação de janeiro. O subíndice desacelerou 1,3% nessa comparação, após o acréscimo de 17,1% capturado no mês anterior. O confronto com a marca de 12 meses atrás, contudo, resultou em uma variação positiva de 42,2%. Em dois meses, a alta chegou a 43,3%. Os respectivos crescimentos do nível de atividade em todo o país (+2,3%, +3,5% e +1,9%) foram bem mais amenos. 

O mesmo se deu na UCI (utilização da capacidade instalada) da indústria do Amazonas. Passou de 86,2% para 84,9%, frente ao mês anterior, com redução de 1,3 ponto percentual (-1,51%). O vigor do ritmo de produção da indústria amazonense se manteve renovado em relação a igual mês de 2023 (83%) confirmando uma elevação de 1,9 p.p. (+2,29%). A UCI do bimestre ficou em 85,55% (+2,5 p.p.). Com percentual menor de máquinas industriais em uso, o indicador nacional (78,7%) avançou sobre janeiro de 2024 (78,6%) e ficou pouco abaixo de fevereiro de 2023 (78,9%).

Os números da CNI confirmam o panorama positivo apresentado pela pesquisa mensal do IBGE para a produção industrial do Amazonas de fevereiro. Conforme o órgão federal de pesquisa, a produção da indústria amazonense seguiu na contramão da média nacional e renovou alta em fevereiro (+7,3%), consolidando a recuperação esboçada no mês anterior. A variação anual ficou positiva em 17,2%, sendo puxada principalmente pelos polos eletrônico e de bens de informática. De janeiro a fevereiro, apresentou incremento de 14%, com avanços em sete dos dez segmentos industriais sondados. 

Empregos e salários

Os indicadores relativos à mão de obra da indústria do Amazonas e sua remuneração emplacaram desempenhos semelhantes, segundo a CNI. A média do saldo de contratações no parque fabril do Estado retrocedeu 0,6% quando comparada a janeiro, quebrando uma sequência de quatro altas mensais seguidas. Mas, foi catapultada em 30,1%, no confronto com o mesmo intervalo do exercício anterior, com reflexos positivos no acumulado do ano (+31%). Os números brasileiros (+0,5%, +1,2% e +0,8%) todos mais fracos.

A pesquisa da CNI veio em linha com o ‘Novo Caged’. A base de dados do Ministério do Trabalho e Previdência confirma a indústria novamente como o segundo setor que mais contratou no Amazonas, em fevereiro (+0,83% e +1.050). Só a indústria de transformação disponibilizou 1.016 ocupações, com resultados positivos em 15 de suas 25 atividades, principalmente nos subsetores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (+440). No bimestre, foram geradas 2.105 vagas (+1,67%).

Os Indicadores da CNI também mostram oscilação mensal na massa salarial, que se manteve positiva nas demais comparações. Houve um recuo de 0,4%, na passagem de janeiro para fevereiro, seguindo as trajetórias de dezembro (-0,4%) e janeiro (-1,6%). A soma dos vencimentos dos trabalhadores manteve a musculatura no confronto com mesmo mês de 2023 (+35,3%) e nos dois meses iniciais de 2024 (+35,6%) A indústria nacional (-0,1%, +4,4% e +4%) acompanhou esse movimento.

Aquecimento e vazante

Em texto e vídeo da assessoria de imprensa da CNI, o gerente de Análise Econômica da entidade, Marcelo Azevedo, considerou que a pesquisa mostra um quadro mais positivo para a indústria de transformação brasileira. Para o economista, alguns dos pontos que podem estar proporcionando um ambiente econômico mais favorável para as empresas são a inflação “moderada”, a taxa Selic em queda, a expectativa de melhora nas concessões de crédito em 2024 e o “caráter aquecido” no qual o mercado de trabalho se encontraria. 

“Os Indicadores de fevereiro mostram uma indústria mais aquecida. Houve aumento mensal no faturamento, horas trabalhadas e emprego. Ao mesmo tempo, tivemos estabilidade no uso da capacidade instalada das empresas e na massa salarial, assim como uma queda no rendimento médio dos trabalhadores. Pegando os dados do bimestre, temos crescimento em quase todas as variáveis, sendo que apenas a UCI mostra estabilidade”, resumiu. 

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam, e vice-presidente executivo da CNI, Antonio Silva, reforçou que o estudo dos Indicadores conta com amostragem local “pequena”, contribuindo para que os dados regionais sinalizem mais uma “tendência do setor”. Em nova entrevista, o dirigente assinalou que os números ainda refletem os impactos logísticos da vazante histórica no calendário do PIM, assim como o “momento econômico positivo observado nesse início de ano”. Mas, manifestou preocupações em relação ao curto prazo.

“Após um último trimestre duramente impactado, especialmente em razão da seca histórica, houve um deslocamento orgânico do consumo para o início de 2024, razão que explica a alta no faturamento e manutenção de patamar dos outros dados. Temos de observar, entretanto, com cautela a evolução dos indicadores. A inflação norte-americana e consequente alta do dólar tendem a causar uma nova pressão inflacionária na economia nacional e mitigar o ritmo de redução da taxa básica de juros, o que pode impactar o resultado dos indicadores industriais”, arrematou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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