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Setor eletroeletrônico merece tratamento igual ao do pólo de duas rodas

Jornal do Commercio – Quais as empresas que fazem parte da comissão que está reivindicando melhorias para o setor eletroeletrônico do PIM?

Benjamin Sicsu – Samsung, Semp Toshiba, Sony, Philips, LG e Nokia.

JC – Qual o motivo da reunião da comissão com o governador?

Sicsu – A intenção foi discutir com o governador Eduardo Braga a crise internacional. Estamos tentando encontrar meios e medidas para que essa crise não traga problemas, principalmente desemprego no Estado do Amazonas e que haja uma manutenção da economia local.

JC – Qual o resultado prático dessa reunião?

Sicsu – O governador nos encorajou bastante, já marcamos um ritmo de reuniões técnicas iniciadas na última segunda-feira em SP, no sentido de montar um programa de trabalho conjunto entre o governo e as indústrias que será levado ao governo federal pelo governador do Amazonas, Eduardo Braga.

JC – O que vai ser tratado nesse documento?

Sicsu – Uma série de medidas onde possa ser mantido, principalmente, o nível de emprego e de arrecadação do Estado do Amazonas. As medidas visam não desestimular o consumidor de ir às compras e que faça com que o setor eletroeletrônico, considerado, o maior empregador do Pólo Industrial de Manaus, seja minimizado dos impactos da crise internacional.

JC – Que medidas são essas?

Sicsu – Passam pela redução de consumo de energia, de incentivos tributários para aumentar o emprego, linhas de financiamento similar às oferecidas a outros setores, como o de duas rodas, para permitir que as pessoas continuem comprando os produtos eletroeletrônicos.

JC – As reivindicações são para que setores?

Sicsu – Televisores, áudio, informática, enfim para o setor eletroeletrônico em geral do PIM.

JC – Quem vai participar das reuniões em São Paulo?

Sicsu – Empresas filiadas a Eletros (Associação Nacional dos Fabricantes de Eletroeletrônicos) e uma comissão, designada pelo governo, de técnicos da Sefaz (Secretaria de Estado da Fazenda), que vão fazer esse primeiro trabalho de detalhamento para depois levar ao governador. Serão feitas propostas pontuais de medidas por setor para o governador poder avaliar e levar ao presidente Lula.

JC – A intenção é colocar essas medidas em prática ainda neste ano?

Sicsu- A gente espera que sim, principalmente as medidas que aumentam o crédito e com isso incentivar o potencial de consumo.

JC – As entidades sindicais vão participar dessas reuniões?

Sicsu – Neste primeiro momento, será feito o estudo técnico. Com a elaboração das propostas, a comissão convidará as entidades interessadas, como o Sindicato dos Metalúrgicos, para conversar sobre essas propostas.

JC – O impacto da crise iniciou em outubro e já estamos em dezembro . O que afetou no setor?

Sicsu – Por enquanto, o volume de produção vem sendo mantido no PIM. Agora, quando a gente ouve falar de que a Europa e o Japão estão em recessão, os Estados Unidos vivendo uma grande insegurança, obrigando o novo presidente eleito Barack Obama a falar antecipadamente sobre a crise, isso gera uma preocupação muito grande e se imagina que algum reflexo dessa turbulência econômica vai chegar no Brasil e, consequentemente, em Manaus. Por esse motivo, estamos conversando com o governo do Amazonas, tentando encontrar uma solução para que essas medidas tenham o menor impacto possível em 2009 na região.

JC – Qual a sua expectativa com relação a esse cenário atual?

Sicsu – Que há uma crise mundial e que os reflexos vão chegar não se tem dúvida; o que a gente espera é que todos os avanços que o Brasil já fez de aumentar o nível de renda das classes populares, de permitir uma compra maior desse público, ou seja, que o cidadão de baixa renda possa comprar uma televisão de LCD, plasma, que as pessoas possam continuar comprando com medidas de incentivos tributários. Por exemplo: o governo federal concedeu linha de financiamento para a construção civil e o setor de motocicletas. Que conceda crédito também para o setor eletroeletrônico para permitir que a o cidadão possa continuar comprando normalmente.

JC – Em 2010 é ano de Copa do Mundo. Há preocupação nesse sentido?

Sicsu – As vendas de televisores têm uma pequena melhora em ano de Copa, mas não tão significativa, a gente diria que essa melhora é de 10%, pelo menos é o que aconteceu nas copas anteriores. O que tem mais impacto que a Copa do Mundo são duas revoluções.

JC – Como assim?

Sicsu – O Brasil está deixando de comprar TV de tubo catódico para adquirir uma de LCD ou plasma e ao mesmo tempo está adquirindo a TV digital. São duas revoluções que estão impactando bastante. Eu diria que preocupa muito mais isso do que chegar a 2010, que ainda está um pouco longe.

JC – Qual a chiadeira geral no setor eletroeletrônico?

Sicsu- O setor estava num crescimento muito acelerado, em volume de faturamento e empregos. De repente, fomos assolados com uma onda de calotes no mercado imobiliário dos Estados Unidos, que se transformou em uma crise nos mercados de ações, de crédito e de câmbio do planeta e os efeitos já começam a chegar no comércio, nos empregos e no cotidiano de todos, logo, estamos preocupados com o tamanho dessa crise. Por enquanto estamos mantendo o crescimento, não tem dado objetivo de perda de mercado e de estímulo.

JC – Como o senhor avalia o comportamento do mercado?

Sicsu – Muito turbulento. A previsão do que vai acontecer e do que poderá vir acontecer ainda não está claro. Por enquanto, estamos nos precavendo. O governador nos incentivou muito nesta conversa que tivemos no Palácio do Governo, fez vários desafios à indústria para que trouxéssemos propostas que possam ser implementadas pelo governo do Amazonas. Ou mais, que o governo pode levar ao governo federal e em parceria possam implementar as propostas.

JC – É possível fazer projeções para 2009?

Sicsu- A projeção grande que se tem é que o Brasil deve crescer a uma taxa de 3% e 4% . O que estamos lutando no nosso setor é para fazer com que ele cresça a taxas desse tipo. Estamos saindo de um crescimento de quase 6% em 2008 (5,8%) e alguns setores podem crescer 4% e outros 2% e 1% no ­próximo ano. Esperamos que o eletroeletrônico seja o setor que com a ajuda do governo estadual e federal supere os 3%.

JC – Que ajuda melhor seria neste momento?

Sicsu –Inegavelmente, o governo do Amazonas, depois de seis anos, mostrou uma competência e influência política muito grande junto ao governo federal. A preservação da floresta amazônica atrelada ao desenvolvimento industrial, incentivada pelo modelo ZFM (Zona Franca de Manaus) tornou este Estado vitorioso. Somando tudo isso a estudos técnicos, a sensibilidade do consumidor e a coordenação política de Eduardo Braga, temos chance de conseguir alguns incentivos federais a mais que vão deixar o nosso setor continuar crescendo, o que significa que o cidadão de baixa renda vai continuar tendo acesso à aquisição de televisão e outros produtos de melhor qualidade.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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