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Polo Industrial de Manaus perde força novamente

Marco Dassori

Twitter: @marco.dassori   Instagram: @jcommercio

O PIM perdeu força nas vendas pelo terceiro mês seguido, em junho. As vendas em dólares caíram de US$ 3.24 bilhão para US$ 2.53 bilhão em relação ao maio – que teve um dia útil a mais –, o que correspondeu a uma diferença de 21,91%. O resultado também foi 2,32% menor do que o de 12 meses atrás (US$ 2.59 bilhão). Convertido em reais (R$ 13,25 bilhões), o decréscimo mensal foi de 13,57%, mas houve avanço anual de 2,32%. O semestre, contudo, seguiu positivo para o faturamento em ambas as medidas. A alta em dólares (US$ 16.51 bilhões) foi de 19,25%, sendo acompanhada por uma elevação de 10,74%, em reais (R$ 82,32 bilhões).

Assim como nos meses anteriores, os subsetores mais fortes do PIM foram em direções opostas no acumulado do ano: bens de informática e duas rodas consolidaram expansão, mas eletroeletrônicos voltaram a recuar. Com isso, os resultados do acumulado ficaram ainda mais distantes da projeção inicial do setor de crescer 35% em 2022. Os números são dos Indicadores de Desempenho do Polo Industrial de Manaus, e foram divulgados pela Suframa, nesta segunda (26). A mesma base de dados informa, por outro lado, uma aceleração nos empregos, que se mantiveram acima do patamar de 100 mil vagas.

Na análise em dólares, 21 dos 26 subsetores listados pela Suframa fecharam o acumulado de janeiro a junho no azul, a mesma quantidade contabilizada no levantamento anterior. A maior alta se deu novamente no segmento minoritário de “diversos” (+63,95%), que somou US$ 37.34 milhões. Foi seguido de longe pelo polo de brinquedos (+53,78% e US$ 25.14 milhões). O maior tombo veio de couros e similares (-33,56% e US$ 4.19 milhões).

Majoritárias e responsáveis por quase metade do faturamento total do PIM, as divisões de bens de informática e eletroeletrônicos voltaram a ficar em extremos opostos, em termos de faturamento. A primeira emendou o quinto mês de liderança, respondendo por 32,61% de participação e alta de 43,64% em seis meses (US$ 5.38 bilhões). A segunda correspondeu à menos da metade desse share (16,11%), ao ver suas vendas encolherem 10,92% (US$ 2.66 bilhões). As posições seguintes do ranking de participação foram ocupadas pelos subsetores de duas rodas (14,69%), “outros” (10,85%), termoplásticos (9,04%), químico (8,49%) e metalúrgico (8,20%) – todos com crescimento de vendas, no acumulado do ano. 

Entre os principais produtos do PIM, os destaques positivos de produção no semestre vieram dos telefones celulares, que somaram 7.992.159 unidades fabricadas, constituindo um incremento de 20,61% ante igual intervalo de 2021. Motocicletas, motonetas e ciclomotos (+18,13% e 677.389), tablets (+23,30% e 1.120.331), unidades evaporadoras para split system (+151,12% e 201.639) e unidades condensadoras para split system (+142,18% e 115.606). Tradicionais carros-chefes do Polo, entretanto, foram na direção oposta. A lista inclui TVs com tela LCD (-19,06% e 4.419.696) – apesar de o ano ser de Copa. Bicicletas, inclusive elétricas (-4,43% e 346.464) também confirmaram queda.

Mais empregos

Os empregos do PIM seguiram acima da marca dos 100 mil, sendo que o contingente desta vez acelerou, e atingiu o segundo melhor número do ano. A média obtida em junho foi de 107.594 vagas, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Ficou 0,84% acima do dado de maio (106.700), uma marca estatisticamente estável, embora com viés de alta. Já a comparação com o mesmo mês do ano passado (103.893) – período em que a economia ainda sofria mais impactos da pandemia – mostrou acréscimo de 3,56%.

A média mensal de mão obra do PIM nos seis meses iniciais deste ano foi pouco além da estabilidade, embora tenha marcado um segundo mês seguido de desfecho positivo. No total, foram contabilizados 107.229 postos de trabalho no exercício atual, o que equivale a uma elevação de 1,34% ante o “ano cheio” de 2021 (105.810). O resultado aparece como o melhor número da série histórica fornecida da Suframa, desde 2015 (105.015). O maior crescimento dos postos de trabalho no semestre veio dos segmentos eletroeletrônico e de bens de informática (+51,99% e 52.030), sendo seguidos de longe pelos termoplásticos (+42,83% e 15.960). O único dado negativo veio do polo ótico (-7,76% e 499). 

Levando em conta só a mão de obra efetiva, o saldo até junho deste ano ainda ficou negativo em 782 vagas, dado o novo predomínio dos desligamentos (15.231) sobre as contratações (14.449). Foi o quinto dado negativo seguido, após os cortes promovidos até fevereiro (-343), março (-1.219), abril (-1.740) e maio (-1.907). Também foi o pior resultado da série histórica fornecida pela Suframa, desde 2018 (-1.310). Em divulgações anteriores, a autarquia federal informou que as ocupações diretas em mão de obra costumam representar mais de 80% dos empregos da indústria amazonense, em média.

Em virtude das limitações de divulgação impostas pela legislação eleitoral, o titular da Suframa, Algacir Polsin, não se pronunciou no texto distribuído pela sua assessoria de imprensa da autarquia.

Copa e 5G

Em entrevista concedida ao jornal “Valor Econômico”, o presidente da Eletros (Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos), José Jorge do Nascimento Júnior, ressaltou que “ consumidor brasileiro ainda está “bastante retraído” e que a venda de produtos de maior valor agregado depende do nível de confiança e da volta gradual do emprego. “Para que o cliente decida comprar um televisor ou uma geladeira é preciso um cenário mais positivo”, assinalou. “Além disso, houve forte pico nas vendas de alguns produtos na pandemia, como os da linha branca. É natural que haja retração, afinal, estes produtos são de vida útil bastante longa”, emendou.

Ao jornal “O Globo”, o dirigente se mostrou otimista diante da Copa, embora lembre que a venda de TVs encolheu 16% no ano passado. “Isso reflete o desemprego elevado, perda de poder aquisitivo, a pressão inflacionária. A entrada do Auxílio Brasil vai ajudar as pessoas a pagarem dívidas em agosto e setembro. Em novembro e dezembro, a população pode voltar a fazer compras”, pontuou, acrescentando que o início das operações do 5G traz oportunidades ao subsetor, ao estimular lançamentos em séries de produtos conectados.

“Forte recuperação”

A avaliação é diferente no polo de duas rodas. Diante dos números de junho, o presidente a Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Marcos Fermanian, já mencionado, em texto distribuído pela assessoria de imprensa da entidade, que o as unidades fabris do PIM retomaram o ritmo das linhas de montagem e registram crescimento sustentado durante o primeiro semestre. Na oportunidade, reforçou as apostas e elevou a projeção de crescimento de 7,9% (1,29 milhão de unidades) para 10,5% (1,32 milhão) ao final do ano.

Em texto divulgado neste mês, Marcos Fermanian, reafirma que o subsetor manteve “ritmo forte” de produção, no mês passado. “As fabricantes seguem operando conforme o planejado. Em agosto, tivemos um mês cheio de produção, que deverá refletir nas vendas no varejo em setembro. Somado a isso, temos um mercado com tendência de alta. O consumidor quer um veículo ágil, econômico, com preço acessível e baixo custo de manutenção. A motocicleta se encaixa perfeitamente nessas exigências”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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