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Pólo enfrenta uma das piores crises no PIM

A invasão dos importados e o estreitamento das margens da indústria de bens finais estão sufocando o segmento de componentes, que hoje responde por 34 mil empregos diretos e indiretos no PIM (Pólo Industrial de Manaus). Pelo menos duas empresas – que empregam 4.000 trabalhadores – mandaram 350 pessoas para casa no primeiro semestre, devem demitir mais 800 em outubro e ainda correm o risco de fechar suas portas até o final do ano.
O alerta vem da Aficam (Associação das Indústrias e Empresas de Serviços do Pólo Industrial do Amazonas), que prefere não informar os nomes das organizações. O motor da crise é a apreciação do câmbio e a consequente perda de competitividade e clientela da indústria componentista amazonense em favor dos importados. Nos últimos 12 meses, a moeda norte-americana perdeu 17,02% de seu valor em relação ao real, de R$ 1,88 (2007) para R$ 1,56 (2008), segundo dados do Banco Central.
Por conta disso, em alguns casos já é mais vantajoso para a indústria abastecer o mercado com artigos importados de outras unidades – principalmente daquelas instaladas na China – do que produzir no PIM. Tome-se como exemplo o carregador de celular, cujo custo nessa prática comercial é de US$ 3.44, em média. Para fabricar esse mesmo item em Manaus, a despesa sobe para US$ 4.04, uma diferença de 17,44%.
As empresas mais prejudicadas pela queda de produção da clientela são aquelas que fornecem peças plásticas e eletroeletrônicas, sendo que algumas viram seu faturamento minguar em 20% no primeiro semestre. De acordo com a Aficam, aparelhos de som, DVD e condicionadores de ar, linhas de produção onde está boa parte da clientela dos fabricantes de peças, chegaram a registrar quedas de até 90% em 2008.
No mesmo período, a manufatura de chicotes elétricos e bobinas amargou retrações de 80% e 50%, respectivamente. A entidade destaca que cinco tipos de componentes deixaram de ser produzidos na capital em janeiro: chicotes para motocicletas, fios e cabos com conectores para máquinas e celulares, alto falantes, gabinetes de madeira para caixa acústica e peças de metal estampadas.

Busca de alternativas

Na avaliação do presidente da Aficam, Cristóvão Marques Pinto, a única saída para manter a sobrevivência dos fornecedores locais de insumos para a indústria é conceder mais incentivos. A medida está sendo sugerida em reuniões da entidade com a Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus) e a Seplan (Secretaria de Estado de Planejamento e Desenvolvimento Econômico).
Embora seja isento de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), o pólo componentista arca com os outros tributos pagos pelos fabricantes de bens finais, como a contribuição para a UEA (Universidade do Estado do Amazonas), o FTI (Fundo de Fomento ao Turismo, Infra-Estrutura, Serviço e Interiorização do Desenvolvimento do Estado do Amazonas), FMPE (Fundo de Apoio à Média e Pequena Empresa) e PIS/Cofins (Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social).
Outra sugestão encaminhada pela Aficam aos órgãos federal e estadual é o estímulo às indústrias de bens finais que estão se instalando em Manaus – em especial no pólo de duas rodas – a adquirirem seus insumos na cidade.
“Fala-se muito no bom momento do pólo de duas rodas, mas se esquecem que apenas quatro das 13 montadoras do segmento cumprem rigorosamente o PPB (Processo Produtivo Básico).
É necessário que essas empresas comprem chicotes elétricos, molas de freios e espelhos retrovisores produzidos aqui. Só assim seria possível dar fôlego aos fabricantes desses componentes, já que as linhas de outros itens, como cinescópios e TVs estão sendo encerradas por conta da mudança tecnológica para LCD e plasma”, opinou Marques

Suframa fomenta setor

O coordenador-geral de Acompanhamento de Projetos Industriais, da Suframa, Gustavo Igrejas, destacou que o órgão trabalha em diversas frentes para fortalecer o pólo de componentes, principalmente no caso do segmento eletroeletrônico.
Ele lembrou que a obrigatoriedade de aquisição de insumos do PIM está presente em quase todos os projetos em análise no GT-PPB (grupo de trabalho para análise e fixação de PPBs), formado por representantes do Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) e da própria Suframa.
“Os estudos são realizados com a maior responsabilidade possível, para que a obrigatoriedade de regionalização e nacionalização não traga perda de competitividade para os fabricantes de bens finais, que também sofrem com a concorrência asiática. Mesmo porque, se o fabricante do bem final perder sua competitividade e parar sua produção, toda a cadeia de fornecedores fica prejudicada”, assinalou.
O Jornal do Commercio tentou ouvir a Seplan, mas foi informado por sua assessoria de imprensa que tanto o titular da pasta, Denis Minev, quanto o secretário executivo, José Marcelo Lima Filho, haviam viajado para representar o governo do Estado em um evento em Cuiabá (MT) e só retornariam neste fim de semana.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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