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PIM tem crescimento de 14%

O Polo Industrial de Manaus está encerrando mais um ano de crescimento de faturamento e empregos em 2022, a despeito das oscilações na produção. De acordo com a Suframa, as vendas do PIM avançaram 14,06% nos dez meses iniciais de 2022, somando US$ 28.62 bilhões –e 8,59% em reais (R$ 145,96 bilhões). A média de postos de trabalho, entre efetivos, temporários e terceirizados, se manteve em 109.262, e 3,23% acima de 2021. O IBGE informa, por outro lado, que a produção cresceu 4,5% no mesmo período, embora tenha emendado um segundo mês de desaceleração, e as altas tenham se concentrado em poucos subsetores.

As lideranças projetam números ainda melhores para a consolidação de 2022. Consideram também que os ganhos são uma vitória em um ano marcado pelo vai e vem da confiança de um consumidor emparedado por inflação e juros, e pela resiliência nos entraves da cadeia global de insumos. Mas, apontam que o principal obstáculo ainda está nos constantes “ataques” à ZFM, materializados na crise do IPI e no contencioso com o governo de São Paulo em torno dos créditos de ICMS. Neste sentido, alertam que 2023 também sinaliza novos desafios, desta vez em torno da aguardada reforma Tributária.  

Para o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, os indicadores mais recentes do setor serviram para sacramentar o ciclo de 2022 com chave de ouro. O dirigente avalia que, apesar de todas as dificuldades ao longo do ano, e “dos ataques aos principais segmentos produtivos do PIM se fizeram mais fortes”, a indústria incentivada conseguiu alcançar resultados “bastante satisfatórios”, comprovando “o comportamento positivo e a resiliência da indústria local”, assim com a credibilidade do modelo ZFM.

Antonio Silva diz que, “nesse momento de retomada”, é importante que o Polo possa contar com números crescentes, já que 2023 já se anuncia desafiador, em razão dos problemas macroeconômicos enfrentados pelo país em geral e pela indústria em particular. “A projeção que se faz é de baixo crescimento do PIB, cogitado em 1,2%. A taxa de juros está sendo projetada em 11,75% ao ano para combater o processo inflacionário, que se estima acima de 5% durante todo o ano”, avisou. 

O presidente da Fieam ressalva, entretanto, que ainda não há um consenso sobre as previsões para 2023, e que tudo ainda não passa de projeção. A única certeza, conforme o executivo, é que a indústria, assim como as demais lideranças empresariais, políticas e governamentais do Amazonas deve se manter atenta. “Deveremos estar vigilantes para as modificações que advenham com a reforma Tributária, que poderão afetar negativamente a Zona Franca de Manaus e tirar-nos as vantagens fiscais constitucionais a que temos direito”, asseverou.

IPI e comunicação

O novo presidente executivo do Cieam (Centro da Indústria do Estado do Amazonas), Lúcio Flávio Morais de Oliveira, considera que 2022 foi um ano de “grandes desafios”, e também um período “para se esquecer”. O dirigente explicou que, o principal motivo para essa colocação foi, tanto a “dificuldade de interlocução” com o Ministério da Economia, quanto a obstinação da pasta federal, comandada até então pelo economista Paulo Guedes, em “desarticular a estrutura e o funcionamento da Zona Franca de Manaus”. 

“Sua escolha estratégica foi reduzir o IPI para a indústria nacional, incluindo os fabricantes concorrentes com o PIM. Tivemos de recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) para resguardar nossos direitos constitucionais. Tudo isso no mesmo momento, com apenas uma canetada. Outra questão foi o confronto com o governo de São Paulo, boicotando o ICMS para vendas oriundas das indústrias do Polo industrial de Manaus. Uma encrenca que ainda não encontrou saídas, entre outros embaraços”, lamentou. 

Segundo Lúcio Flávio Morais de Oliveira, 2022 foi um momento também para a entidade expandir esforços, no sentido de melhorar a comunicação com a opinião pública nacional e, dessa forma, mostrar os ganhos oferecidos pelo modelo da Zona Franca de Manaus a todo o país. No entendimento do dirigente, trata-se de uma “tarefa desafiadora”, pois há muitos segmentos “que não sabem o que fazemos nem fazem questão de saber”. 

“A ZFM, que é nosso programa de redução das desigualdades, se transformou em exportadora de recursos líquidos para os cofres federais, embora esteja situada em uma região empobrecida do Brasil. Além disso, cumpre a tarefa de ajudar na proteção florestal. Com isso, criou oportunidades de crédito de carbono, que já estão recebendo a estruturação jurídica necessária. Precisamos, entretanto, alertar os atores locais para que esses serviços ambientais que ajudamos a oferecer sejam transformados em fonte de renda para as comunidades locais e nossas instituições de ensino e pesquisa, atualmente depauperados”, frisou. 

No entendimento do presidente executivo do Cieam, 2023 oferece vários riscos e oportunidades. “Com certeza, a reforma tributária está na lista e temos de estar preparados para defender a garantia das vantagens competitivas das indústrias do PIM, para manter esse modelo de desenvolvimento exitoso. Outro desafio é o da comunicação. Precisamos demonstrar que longe de sermos o problema fiscal do país, somos na verdade parte da solução que preocupa a todos nós brasileiros. E mais: mais do que nunca é preciso integrar a Amazônia ao país”, afiançou.

Desafios e oportunidades

O polo componentista se mostra mais otimista. De forma sucinta, o presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, reafirma que a indústria amazonense está encerrando 2022 de forma positiva, apesar dos problemas ao longo do caminho, e mesmo que o crescimento não seja uma realidade para todos os seus segmentos. “Sempre entendo ser necessário vermos pela média e termos consciência que as situações difíceis enfrentadas por todos e, muitas vezes desiguais, possam ter ficado no passado”, enfatizou.

O dirigente reforça que as empresas continuarão todos os seus esforços para atender sua clientela, dentro de suas necessidades, e suas metas de produção, contribuindo para que o PIM saia mais ainda mais fortalecido. Indagado sobre os riscos e oportunidades que se avizinham em um ano que já se inicia cercado de apreensões, incertezas, mas também expectativas, Roberto Moreno concorda que as dificuldades são uma certeza, assim como o encaminhamento de suas soluções. 

“Nas dificuldades que já conhecemos, buscaremos soluções aprimoradas. Nas novas, teremos de avaliar, conforme as circunstâncias e riscos. Ainda mais depois de tudo que passamos nestes últimos anos, mas, fica a certeza que, quando se tornarem desafios, nós os transformaremos em oportunidades. É dessa forma que as empresas produtoras de componentes, juntamente com seus colaboradores, sempre vão se esforçar para cumprir as metas de produção estipuladas. Essa é a razão de nossa essência”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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