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Para especialistas, derrubada da PEC 37 mostra força

A população pediu e a PEC 37 foi arquivada pela câmara. A relutância às propostas da PEC eram uma das principais reivindicações que tomam conta do país nas últimas semanas. A diminuição nas tarifas de transporte pelo Brasil e a destinação de 75% dos royalties para a educação são outras conquistas comemoradas pelos manifestantes. As decisões de pautas que há tempos rondavam congresso e câmara e agora estão sendo atendidas criam expectativas para futuras mudanças na política do país.
“Há 15 dias atrás a PEC 37 passaria, era impensável outro cenário” afirma o deputado federal, Francisco Praciano (PT). A declaração demonstra a força que as manifestações estão tomando no país e como elas estão influenciando as decisões dos políticos brasileiros. “Há muita gente lá dentro incomodada e pressionada por conta de investigações do MP. Eles tiveram que engolir por causa das pressões do povo. Mas a câmara queria a aprovação da PEC” completa o deputado, antes de afirmar que agora é necessário oficializar o poder de investigação do Ministério público, para que a matéria não acabe voltando a pauta em outro momento.
O presidente da OAB-AM (Ordem dos Advogados do Brasil), Alberto Simonetti no entanto considerou a medida equivocada. “O MP já não tem esse poder. A PEC apenas reforçava isso. Com certeza o resultado da votação foi por conta das manifestações. Mas foi uma decisão do congresso e vamos respeitar”. Simonetti também ressaltou que considera as manifestações importantes para mudar o rumo do país mas são mudanças em questões básicas e fundamentais em virtude delas. “ Muitas coisas estão sendo influencias pela mobilização, com certeza o político pensa duas vezes antes de votar. Mai mudanças maiores vão depender muito da cabeça do político. Por isso só mesmo com o voto será possível”, comenta.
Sociólogo e professor da Ufam, Luiz Antonio Nascimento, também não acredita que os políticos farão a reforma política. Ele defende a ideia da Constituinte Exclusiva, descartada pelo governo. “Os políticos não farão mudanças que afetem seus interesses. Eu defendo a tese de uma constituinte formada por pessoas que não ocupam cargos políticos e estariam proibidas de ocupá-los. Imagina um professor, um jornalista, que não poderiam seguir carreira política, eles realmente fariam as mudanças pensando no bem da sociedade”, opinou.

Desconhecimento da população preocupa

Uma questão vista com muita preocupação é a falta de propostas concretas por conta dos manifestantes e o desconhecimento sobre temas que eles mesmos apóiam. “PEC 37 é o mais interessante. A maioria não leu e nem sabe direito o que é, mas ouviu que era ruim e está lá reproduzindo. É preciso ver como é feito o trabalho do MP. O MP quer investigar o quê e pra quê? A questão da água em Manaus nunca foi investigada. A corrupção no nosso Estado também. A população não difere o caráter político de investigação do MP”, questiona.
Para o sociólogo o povo que vai as ruas não é politizado e acaba sendo usado como massa de manobra pela mídia tradicional e correntes políticas. “O povo está indignado, inquieto, mas não politizado, não se fica politizado assim de um dia para outro. A mídia tradicional foi atropelada pela mídia alternativa durante as manifestações. No começo criminalizou as manifestações e depois mudou de ideia de uma hora para outra. Tem muita raposa velha na política que está só medindo a temperatura da água” alerta.
Para Luiz Antonio Nascimento o movimento deve durar mais umas duas semanas depois devem começar a recuar. “Deve dar uma parada, pois é preciso fazer uma análise, “contra corrupção”, o que quer dizer isso? O que é melhorar o transporte público? Melhorar como? Para o movimento conseguir se manter terá que se tornar mais concreto”, conclui.
O deputado federal, Francisco Praciano (PT), cobrou uma mudança de postura da sociedade na hora de votar.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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