Se todos os restaurantes de Manaus abrissem espaços para divulgar a cultura amazônica e os artistas locais através de exposições, ganharia o ambiente, que se tornaria rico em seu visual; e ganhariam os clientes, que ficariam mais informados a respeito de quem faz arte no Amazonas. Foi pensando assim que os três sócios do restaurante Caramuri (av. Rio Jutaí, 580 – Vieiralves), Tânia Xavier, Eduardo Soares e Robenildo Freitas ocuparam as paredes, e outros espaços, de seu estabelecimento com a exposição ‘David Assayag – a voz da Amazônia, 35 anos de história’.
“Trata-se de uma exposição itinerante que, de abril a maio de 2021, esteve no Manauara Shopping, e agora a trouxemos para cá. Foi ideia da Tânia transformar nossos espaços numa galeria de arte”, falou Robenildo, que atua como gerente, no Caramuri.
‘David Assayag – a voz da Amazônia, 35 anos de história’ é formada por textos e registros organizada em dez capítulos que contam a trajetória artística de David desde seu começo atuando como ‘crooner’ de bandas de baile até se consagrar como levantador de toadas no Festival Folclórico de Parintins, a partir de 1983.
“Queremos que o nosso empreendimento faça uma integração entre a culinária amazônica, que é o forte do Eduardo Soares (no Caramuri ele é o chef), com a cultura amazônica, abrindo espaços para nossos artistas, não só da música, mas também da literatura e das artes plásticas”, afirmou.
Os trabalhos de outros artistas já fazem parte da exposição de David. O painel ‘Ritos’, onde consta a arte símbolo da mostra e à frente do qual o cantor fez um pocket show, foi pintado por Ruy Machado. O rosto de David, grafitado numa esteira de fibras de arumã, é obra de Raiz Campos e capa do mais recente CD do cantor, lançado num show no Teatro Amazonas. A esteira foi confeccionada pelos artesãos de Novo Airão.
Exposição que emociona
Foi bem interessante a forma como a exposição itinerante de David Assayag chegou aos ouvidos dos proprietários do Caramuri.
“A dançarina Isabelle Nogueira, atual BBB, sempre vinha almoçar aqui. Um dia ela nos perguntou se queríamos colocar a exposição do David no restaurante, e nós topamos. Ela fez a ponte. Nos falou isso numa quarta-feira, e na sexta foi confirmada no BBB”, contou Robenildo.
David Assayag inaugurou a exposição em 16 de janeiro, aniversário dele, com o pocket show, e ela pode ser visitada até o dia 16 de março. Nela constam vários óculos usados por ele, a reprodução de capas de todos os seus CDs, linha do tempo, roupa usada no Festival Folclórico de Parintins, entre outros itens.
“O Caramuri tem apenas seis meses de inaugurado, mas viemos com bastante vontade de realizar esses eventos culturais. A próxima exposição já está sendo organizada. Será contando a trajetória do poeta maior do Amazonas, Thiago de Mello. A terceira ainda está em suspense, mas estamos sondando uma cantora”, avisou.
Para Lilian Daniel, curadora de ‘A voz da Amazônia’, trata-se de uma exposição que emociona muito porque é carregada de informações que o público não conhece. Dependendo do local, distribuímos a história de vida do David desde o momento em que ele nasceu, em Parintins, até 2023, em Nova Iorque, quando o clipe de ‘Lamento de raça’, foi exibido na Times Square, contando toda a trajetória dele, então o público tem aceitado isso muito bem, tem prestigiado. Pretendemos transformar essa exposição em virtual, porque as pessoas têm pedido, e continuar presencial, indo para outros locais. Faz parte do nosso projeto, desde o início. Quem tiver interesse, basta nos procurar através do Instagram do David”, informou.
Nos dois bumbás
“O bom disso tudo é que essa história é contada pelo próprio David, as premiações que ele recebeu, a discografia dele com 23 álbuns pelo Garantido e 19 pelo Caprichoso, mais 16 álbuns solo, na exposição, acompanhada de QR Code para quem desejar escutar, na hora, as músicas. A importância dessa exposição é registrar a história do David, dessa trajetória ao longo de 35 anos de carreira, e levá-la ao público. Não foi fácil resumir 35 anos de carreira, mas conseguimos”, garantiu Lilian.
David Assayag nasceu em Parintins, em 16 de janeiro de 1969, pelas mãos de ‘Dona Nêga Parteira’, cantada numa das toadas do Garantido. Iniciou, como cantor profissional, aos 14 anos, vivendo entre Belém e Rio de Janeiro. Em 1986, então com 17 anos, retornou definitivamente a Parintins, dois anos antes da inauguração do bumbódromo, que tornaria o Festival Folclórico de Parintins uma atração conhecida nacional e internacionalmente. David defendeu as cores dos dois bumbás.
Em 1995, quando foram gravados os primeiros CDs de Garantido e Caprichoso, o cantor estava no Garantido, onde permaneceu até 2009. De 2010 a 2020 defendeu o Caprichoso. Em 2021 David voltou para o vermelho e branco, onde permanece.
‘David Assayag – a voz da Amazônia, 35 anos de história’ pode ser visitada de segunda a quarta-feira, das 11h30 às 15h30; quintas e sábados, das 11h30 às 15h30 e das 19h às 23h.
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