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Cervejarias artesanais apostam na informação para evitar crise

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Depois da repercussão em torno do lote contaminado da marca da cerveja artesanal Belorizontina, um revés no mercado de cervejarias artesanais no Amazonas não está descartado. Diante desse cenário, o mercado local reconhece que os efeitos de um impacto, embora mínimos, provavelmente, serão motivados pela falta de clareza e a desinformação generalizada. 

“Ainda não sentimos o efeito do problema ocorrido, mas que haverá algum impacto por desinformação geral, haverá”, afirma o mestre cervejeiro, Hebert Pires, proprietário da Cervejaria Mahy, inaugurada há pouco mais de um ano, considerando que a propagação de informações de cunho transversal podem ser danosas e trazerem prejuízos para o setor. 

Ele acha prudente aguardar a finalização das investigações. Mesmo porque pode ser que outro motivo tenha ocasionado a contaminação. “Já li algumas reportagens até falando em sabotagem. Por isso ainda acho sensato esperar o resultado das análises”. 

Hebert  explica que o problema ocorrido com a cervejaria Backer, que aparenta ser uma contaminação do sistema de refrigeração de um dos tanques (ainda não comprovado) não é específico para cerveja artesanal, pode ocorrer com qualquer indústria alimentícia que  utiliza de sistema de frio, inclusive para fabricação de gelo e laticínios. “Não existe normativa que proíbe o uso do etilenoglicol ou o dietilenoglicol como anticongelantes nas indústrias de alimentos. No meu caso, usamos álcool etílico que não é tóxico para o ser humano”, garante.

De acordo com o cervejeiro o setor está aguardando a finalização da investigação da Polícia Civil de Minas Gerais e dos órgãos competentes,  para fazer uma divulgação geral do ocorrido, com suporte da Abracerva ( Associação Brasileira de Cerveja Artesanal) que estará conduzindo estas ações e estará mostrando e divulgando toda a responsabilidade e controle que o setor tem com a qualidade dos produtos. “Com certeza mudanças virão com este episódio para manter mais robustos estes processos (não só os de cervejas)”.

A euforia diante do caso, até o momento, parece não perceptível, é o que garante o diretor da Cervejaria Rio Negro Bruno Silva “Ainda não sentimos impacto nenhum relativo a este tema. Janeiro as vendas caem naturalmente em relação a dezembro. Talvez exista uma previsão de impacto, mas no momento, quanto aos nossos clientes, nenhuma preocupação ou questionamento”, suaviza

Normas e padrões são seguros 

O presidente da Abracerva, Carlos Lapolli, diz que o momento é de ponderação já que se trata de um fato inédito e isolado e não representa a realidade da indústria da cerveja por apresentar elevado padrões de segurança. 

“Estamos acompanhando o desdobramento das causas e do que realmente aconteceu. Com relação ao impacto, talvez seja prematuro fazer uma avaliação, mas eu acredito que mostrando transparência ao consumidor e o papel de dialogar com a imprensa a gente supere essa possível desconfiança com relação ao produto”, contorna.

Sobre as normas e padrões no processo de fabricação ele ressalta que é importante lembrar que  não existe hoje na legislação uma distinção entre a técnica cerveja artesanal para industrial e defende que são os mesmos. “São as mesmas regulamentações e normas  aplicadas nos dois segmentos com as mesmas diretrizes de segurança os mesmos requisitos para se abrir uma cervejaria grande ou uma pequena. Então hoje, uma cerveja feita em Manaus em uma pequena fábrica independente ou familiar, recebe a mesma vistoria de uma fábrica grande ou uma multinacional.  Não há diferenciação em termos técnicos e mesmo jurídicos junto ao Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

Sobre driblar ou contornar a situação ele  defende que o setor pretende ser transparente e mostrar para o consumidor  que os padrões de qualidade são muito elevados. E que as cervejarias têm muita responsabilidade no que fazem. E quando aconteceu o incidente  rapidamente foi localizado o lote que causou o problema. 

 “A gente pode rastrear e acompanhar quais foram os produtos contaminados e proceder o recolhimento e a diminuição de risco. Eu acredito que com transparência e informação os consumidores podem visitar as cervejarias artesanais para conhecer o processo como forma de trazer mais segurança e confiança dos produtores de cervejas. Nosso padrão de equipamento é de nível  mundial o mesmo processo da Alemanha e dos EUA com tradição cervejeira. O padrão é de alta qualidade no Brasil e se faz com muita responsabilidade”, atenuou Carlos Lapolli..  

Em texto publicado num portal de Minas Gerais, o vice-presidente do Sindibebidas e um dos cervejeiros mais tradicionais do estado, Marco Falcone, proprietário da Falke, pondera “Nossa posição é esperar laudos conclusivos. Há muitas perguntas sem respostas. A diluição num tanque de 20 mil litros seria residual. E havendo contaminação de 60 mil garrafas, era para termos uma epidemia por aí”. Ele diz que aguarda a perícia sobre as garrafas recolhidas para contraprova para que surjam novos elementos e demonstra confiança institucional na Backer. “A amostragem de duas garrafas na casa do doente, com quem nos solidarizamos, não nos convence.”

Números

O setor registra números consideráveis de crescimento no país. Dados do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), apontam que em 2010,  o mercado de cervejas artesanais representavam 0,7% da produção nacional. Atualmente, elas já somam 1,2%. até 2018, houve um crescimento de 23% no número de cervejarias artesanais no país. O estado do Rio Grande do Sul  é o primeiro colocado, com 179 cervejarias. A região Norte possui 26 fabricantes de cervejas com essa proposta.  

Entenda o caso

Desde o início do ano, oito pessoas haviam sido intoxicadas em Minas Gerais. Ao que tudo indica a causa seria a ingestão da substância dietilenoglicol utilizada no processo de resfriamento na fabricação da cerveja, conforme investigação da Polícia Civil o ingrediente, considerado nocivo, foi identificado em amostras da cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer. O consumo da bebida foi a causa da morte de duas pessoas e a internação de outras 17.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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