O PIM fechou 2019 com faturamento de US$ 26.42 bilhões, 3,61% a mais do que em 2018 (US$ 25.50 bilhões). Vitaminado por um dólar já acima dos R$ 4, o resultado em reais avançou 12%, ao passar de R$ 93,41 bilhões (2018) para 104,62 bilhões (2019). Os dados estão nos Indicadores da Suframa, divulgados pela autarquia nesta segunda (16).
O desempenho em moeda nacional foi o melhor da série histórica dos últimos seis anos – em um intervalo em que as venda chegaram a mergulhar até os R$ 74,72 bilhões – e o primeiro número acima da marca dos R$ 100 bilhões. Na moeda americana, foi a melhor performance desde 2015 (US$ 24,08 bilhões), mas ainda não foi suficiente para sequer encostar no patamar pré-crise esboçado no faturamento de 2014 (US$ 37.13 bilhões).
Os números consolidados da Suframa superaram as estimativas das lideranças empresariais do PIM, que aguardavam um faturamento de US$ 25 bilhões, com um virtual empate em relação ao ano anterior. Na conversão para reais, pelo câmbio da época, a expectativa era de chegar os R$ 101 bilhões, o que implicaria em um crescimento de 8,36%. A projeção foi apresentada ao final de dezembro, durante a última reunião de diretoria do ano.
Dos seis segmentos com maior participação no faturamento do PIM, cinco avançaram, em reais: eletroeletrônicos (R$ 27,43 bilhões e +5,32%), bens de informática (R$ 23,55 bilhões e +17,53%), duas rodas (R$ 15,14 bilhões e +16,79%), metalúrgico (R$ 8,05 bilhões e 41,75%) e termoplástico (R$ 6,83 bilhões e +18,65%). O segmento químico (R$ 9,40 bilhões), contudo, recuou 14,24%. Em dólares, as duas baixas vieram dos polos eletroeletrônico (US$ 6.94 bilhões e -3,53%) e químico (US$ 2.37 bilhões).
Entre os principais itens fabricados pela indústria incentivada da ZFM, foram registradas altas nas linhas de produção de televisores com tela de cristal líquido (12,84 milhões de unidades e +10,24%), celulares (14,30 milhões e +0,84%); motocicletas, motonetas e ciclomotores (1,10 milhão e +6,03%), condicionadores de ar split system (4,83 milhões e +51,52%) e bicicletas, inclusive, elétricas (921,32 mil unidades e +18,56%), entre outros.
O mesmo não pode ser dito do desempenho de produção de microcomputadores desktop (154.817 unidades e -17,87%) e portáteis (377.234 e -49,44%), tablets (442.194 e -17,37%) e artigos e equipamentos para cultura física (63.717 e -15,22%), entre outros.
Coronavírus no caminho
O vice-presidente da Fieam, Nelson Azevedo, lembrou ao Jornal do Commercio que, a despeito das idas e vindas da política nacional, e de seus efeitos na confiança e no consumo, o Polo Industrial de Manaus vinha de um momento de recuperação no último trimestre do ano, sinalizando uma retomada neste ano. Até a eclosão do Covid 19 no caminho do setor.
“Nossas expectativas eram as mais alvissareiras possíveis, até o surgimento dessa pandemia. As empresas do PIM já puseram em ação seus planos de contingência. Procuramos sempre enxugar custos, rever metas e ajustar estratégias. Mas, embora os próximos dias possam ser de avanços na disseminação do vírus, seu horizonte é curto. O que nos assusta ainda é o dólar e a possibilidade de impacto inflacionário”, ponderou.
Mais empregos
Em termos de geração de empregos, o parque industrial da capital amazonense encerrou 2019 com média mensal de 89.252 postos de trabalho, entre trabalhadores efetivos, temporários e terceirizados. Foi o melhor resultado desde 2016 (86.159), mas ficou bem aquém dos desempenhos registrados em 2015 (105.017) e, principalmente, em 2014 (122.177).
Quando se leva em conta apenas a média apresentada em dezembro (89.480), verifica-se que o resultado perdeu apenas para o patamar pré-crise de 2014 (118.048). Ao longo de 2019, os picos de mão de obra do PIM se deram em outubro (92.890) e setembro (92.267) e o ponto em que a curva de contratações esteve mas baixa ficou situado em abril (86.278).
Presidente do Sindmetal-AM (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas do Amazonas) e da CUT-AM (Central Única dos Trabalhadores do Amazonas), Valdemir Santana, disse ao Jornal do Commercio que o avanço da automação e robotização na indústria está comprometendo a capacidade da indústria criar empregos na ZFM e defende uma discussão imediata sobre essa questão.
“Temos que ver que não é apenas o faturamento que importa para o desenvolvimento da Zona Franca, mas a geração de postos de trabalho também. Infelizmente, quando a indústria produz e vende mais, sem aumentar os empregos, a média salarial cai. E a tendência e que a situação da saúde ocupacional e empregabilidade do trabalhador piore, com a pandemia do coronavírus”, desabafou
Desburocratização e investimentos
Em material distribuído pela assessoria de comunicação da Suframa, o superintendente da autarquia, Alfredo Menezes, considerou que os resultados positivos dos indicadores do PIM no ano de 2019 devem-se às ações tomadas pelo governo federal que possibilitaram a recuperação da economia nacional, uma vez que cerca de 95% dos produtos do Polo são destinados a abastecer o mercado nacional.
“Foi um ano positivo no faturamento e também na geração dos empregos, mas nossa expectativa é de alcançar resultados ainda melhores nesses indicadores à medida em que trabalhamos em sintonia com o Ministério da Economia na desburocratização e na atração de investimentos, melhorando cada vez mais o ambiente de negócios na região”, concluiu.