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Cheias em ritmo mais lento neste ano geram menos prejuízos

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Diferentemente do ano passado que já registrava neste mesmo período perdas na produção rural do Estado, as cheias do rio Negro, até o momento, ainda não sinalizam nenhum tipo de impacto significativo. 

Apesar do nível das águas registrar alta, o presidente da Faea (Federação de Agricultura e Pecuária do Amazonas), Muni Lourenço, garante que não há prejuízos. Segundo ele, informações obtidas através dos sindicatos rurais e de produtores dos municípios localizados nas duas calhas do Solimões e do rio Negro, não há registros considerados  representativos em termos de danos “tanto para agricultura quanto para pecuária, ainda não temos informações de impactos econômicos, mas estamos na expectativa que este nível venha comprometer a curto e médio prazo a atividade primária do estado principalmente, as áreas de várzea.O que a gente tem notado é que nas últimas semanas a intensidade dessa subida tem diminuído esse nível”.

A cautela em torno do nível das águas, tem motivo, no ano passado, nesta mesma época a subida acelerada das águas trouxe risco ao cultivo de diversos produtos e afetou diversas famílias em vários municípios do estado. 

A produção rural dos municípios, principalmente nas áreas de várzeas, que incluem os municípios nas calhas dos rios Juruá e Purus estiveram entre os atingidos. Impactos na produção de hortaliças e fruticultura, como maracujá e banana, além da alface e do cheiro verde, sofreram efeitos. 

Segundo o presidente da Faea, Muni Lourenço, foram perdas expressivas. Ele lembra que a produção agrícola também afetou o município de Manacapuru, que teve reflexo na produção de fibras, juta e malva. Já na pecuária o diagnóstico das cheias também teve impacto o que fez antecipar a transferência dos rebanhos para terra firme e com isso os pecuaristas que criam rebanhos nessas áreas de várzeas precisaram deslocar os animais para áreas mais altas. “Essa transferência traz custos que pesam na renda do produtor. Tem a compra de ração, aluguel de pastagens entre outros gastos.

Em março do ano passado, cerca de 200 produtores foram afetados com a cheia em Eirunepé; 150 em Guajará, 112 no município de Ipixuna 50 em Pauini, dados da Faea. 

Embora pareça atípico o comportamento do rio Negro para o mês, a gerente de Hidrologia e Gestão Territorial do CPRM (Serviço Geológico do Brasil), explica que no alto rio Negro houve uma grande estiagem e choveu pouco no Solimões, o que desacelerou a rápida subida que o Negro vinha apresentando em Manaus, “tivemos situação parecida em 2007. Hoje a cota está 24,67m o que é considerado normal para o período. A média dos picos de cheia é  em meados de junho. Nossa fórmula para previsão da cota máxima é realizada com 75 dias de antecedência desse pico, então damos essa previsão no dia 31 de março”.

De acordo com o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Estado do Amazonas), foi enviado às unidades locais do Idam um relatório para ser preenchido conforme as ocorrências de perdas e até o momento não foi registrada nenhuma perda, bem como nenhuma ocorrência por parte dos produtores rurais. Mas avisa que o órgão está atento e assim que apresentar algum tipo de mudança o setor vai emitir um Boletim de Ocorrência.

Relatório

No dia 10 de março, em parceria entre Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e Defesa Civil do Estado do Amazonas, com participação também do Sistema de Proteção da Amazônia (SIPAM) e Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amazonas (SEMA), aconteceu o  “I Seminário de Definição de Cotas de Referência para Alerta Hidrológico da Amazônia Ocidental". Foi apresentando o resultado parcial do trabalho em campo da definição de cotas de atenção, alerta emergência para a população e aos 09 (nove) municípios que participaram do trabalho, são eles: Coari, Beruri, Manacapuru, Itacoatiara, Careiro da Várzea, Manaus, Anamã, Iranduba e Codajás.

Conforme a engenheira do CPRM Luan Gripp, os levantamentos de campo foram iniciados no ano de 2018, depois um pós processamento desses dados que foram coletados a respeito de quais os pontos principais afetados pela inundação. 

O estabelecimento de níveis de referência de risco de inundação é uma ferramenta que auxilia no controle e prevenção de inundações. Sendo a base para programas de redução de danos.

Com base nos mesmo pode-se iniciar a construção de estruturas que previnam danos, alertas atualizados e futuras áreas de terras sujeitas a inundações, bem como poderão auxiliar as autoridades nas tomadas de decisões a serem empregadas e desenvolvidas nas novas ideias sustentáveis para essas áreas.

É um instrumento de análise de risco muito eficiente, pois a partir do mesmo é possível elaborar medidas preventivas, planificar as situações de emergência e estabelecer ações conjuntas entre a comunidade e o poder público com o intuito de promover a defesa permanente contra os desastres naturais.

O Coronel Francisco Máximo, Secretário Executivo da Defesa Civil do Amazonas, enfatizou sobre a importância do trabalho que  vai ao encontro do que diariamente as defesas civis vem trabalhando.

“Esse trabalho é relativamente importante porque se considerarmos que o Brasil vem a cada ano sofrendo com mais impactos e desastres de eventos externos isso nos traz  a necessidade de ficarmos atentos a climatologia a parte hidrológica para que nós possamos nos antecipar a esses eventos”.

Ele diz que embora tenhamos cotas padronizadas de atenção, alerta e de emergência, a riqueza de detalhamento como o trabalho foi feito pelo Serviço Geológico do Brasil. “Apresentamos os municípios que foram contemplados com esse trabalho. Esse resultado traz um informacao de entendermos dentro dessas cotas quais são as áreas que estão suscetíveis aos desastres e as áreas de risco e dentro dessa mancha que a inundação pode delimitar, desta forma quando a cota for atingida no ponto monitorado,  entendermos qual região do município vai ser afetada”, salientou Máximo. 

Os levantamentos de campo foram iniciados no ano de 2018, tendo a participação efetiva das Defesas Civis locais na identificação dos pontos críticos ao processo de inundação, que resultaram na definição de cotas de Atenção, Alerta e Emergência. Ao final dos procedimentos de campo e dos processamentos dos dados em escritório, mostra-se agora essencial a participação dos agentes locais na validação final das informações obtidas.

Várias metodologias foram utilizadas na captação dos dados como GPS, drones entre outros equipamentos de sondagem.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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