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O orgulho 

O orgulho é um sentimento ambivalente, podendo ora ser negativo, ora positivo, 

dependendo da situação específica em que se insere. No primeiro caso, temos o amor próprio 

ou autoestima exacerbada, assumindo aspectos variados como os encontrados 

na presunção, na arrogância, na soberba e na empáfia. No segundo caso, esse complexo 

sentimento pode assumir as formas de dignidade pessoal, brio e altivez que são também 

conceitos exagerados de si mesmo. No desdobramento desse tema procuraremos 

abordar todas essas facetas do orgulho. 

Em seus aspectos negativos o orgulho consiste na criatura se julgar acima de todas as outras, isto é, de considerar os seus semelhantes inferiores. Sua superioridade 

aparente é por ela usada como desprezo aos seus semelhantes, de quem zomba, olha de soslaio ou trata com indiferença e desdém. Nas pessoas mais cultas, que não conseguem 

se tornar infensas ao orgulho, este se transforma em arrogância e, consequentemente, elas acabam ofendendo os mais humildes, desprezando os seus valores. Trata-se aqui de uma séria deformação  do caráter, já que possuindo conhecimentos, sendo cultas e 

inteligentes, poderiam, muito bem, dispensar de usar este sentimento tão desprezível no 

trato, no convívio com seus semelhantes. Assim, desprezando os outros e seus valores 

torna-se difícil aproximar-se deles e merecer a sua confiança. Seus méritos não 

conseguem sobrepor-se ao orgulho que termina por sobressair-se. Trata-se de um 

orgulho injustificado, que é grosseria e estupidez. 

Os orgulhosos, ainda no seu sentido negativo, não conseguem cativar nem ser 

solidários com ninguém, porque é da sua própria natureza procurar se manter sempre 

intocáveis. Por isso mesmo, não se preocupam com ninguém. Sua maior preocupação, 

quando conseguem, é impor suas idéias e opiniões ao seu próximo. Procuram colocar a marca de seu orgulho nos gestos, na forma de vestir e, principalmente, na entonação da 

voz, quase sempre acompanhada com um aceno de ironia e desdém. Normalmente, esta 

modalidade de orgulho está associada ao egoísmo. 

O orgulhoso não sabe respeitar a opinião e a liberdade alheia. Se puder constranger 

as pessoas, ele o faz de maneira acintosa e com muita empáfia. Usa a empáfia para “arrotar” grandeza. A convivência é difícil porque ele sempre se coloca acima dos 

outros. O orgulhoso exaspera-se com facilidade, é insensato, não tem largueza de 

espírito e é desprovido de qualquer resquício de humildade. No orgulhoso, a ingratidão 

é marcante. 

Com relação ao relacionamento e ao convívio com o próximo, o orgulho se interpõe como uma barreira quase intransponível. Sabemos que o que mais afasta as 

criaturas entre si são os preconceitos, as suspeitas e as rixas. Lembre-se que com 

palavras duras e ásperas não se consegue nada e que a atitude soberba é a maior causa dos conflitos e das desavenças entre as pessoas. Portanto, é necessário sempre esforçar-se 

para não exagerar ou sobrevalorizar o seu amor-próprio ou autoestima a ponto de se 

transformar em orgulho. 

É importante não confundir orgulho com vaidade. O vaidoso procura sempre se 

comparar com outra pessoa; já o orgulhoso jamais se compara porque ele se coloca sempre acima dos outros, que julga serem inferiores e têm o dever de lhe servir. O 

orgulhoso tem méritos, o vaidoso não.  Esta 

diferença é apresentada ali com uma argumentação mais ampla. É do Marquês de 

Maricá esta frase: “O orgulho é próprio dos homens, a vaidade das mulheres”.

Com relação ao aspecto positivo do orgulho, menos frequente que o negativo, 

teceremos algumas considerações. Jovens e adultos que, através de seu esforço próprio, lutam e vencem concursos e competições, coroando centenas e até milhares de horas de estudo ou de esforço físico dedicado aos esportes com empenho e garra, sentem um tipo 

de orgulho gratificante, do mesmo modo que seus pais e familiares. É costume ouvir um 

pai dizer “meu filho é o orgulho da família”, para demonstrar o prazer que sente por ter, 

quem sabe, pelo menos um filho que se destacou. Nos esportes, os fãs e torcidas 

organizadas têm orgulho das vitórias de seu time e de seus ídolos. Há mulheres que 

sentem orgulho de seus maridos e vice-versa. 

A altivez parece, também, ser uma forma positiva do orgulho, porque mais ciosa 

de si a criatura não utiliza a arrogância para se impor, mas faz uso de seus méritos de 

forma mais natural, sem agredir aqueles a quem deve causar admiração. 

A proeminência encontrada nos homens muito cultos e sábios de todo o mundo é 

admirada por todos, desde que não venha envolvida pela soberba. É do Padre Antônio 

Vieira esta frase: “Lograr proeminência e não ser soberbo é comedimento tão raro, que 

nem o primeiro anjo o teve no céu, nem o primeiro homem no paraíso”. Aqui fica claro que a virtude está no meio, no equilíbrio, sem pender para 

nenhum extremo, mantendo o amor-próprio sob um desejado e útil controle. 

Jamil Merched Chaar.

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