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O legado e o sítio

Carlos Silva

29 e 30 de outubro de 2022: duas datas inéditas ! Claro, é até infantil essa frase inicial. Mas, vamos observar sob  a ótica de um idoso, como é este articulista. No sábado, 29, assisti à final da Libertadores. E um dos times se sagrou tricampeão da Copa Libertadores da América. Eu estava na Praça do Caranguejo e foi uma senhora festa. Muita cerveja, muito fogos, muita comemoração, sem brigas e sem disputas. Apenas comemoração. O time vencedor proporcionou alegrias e alegrias. Mas, segundo o ditado popular “Deus escreve certo por linhas tortas”, o final do domingo foi, no mínimo, diferente: essas Eleições e o seu 2º turno! Acompanhei as conversas de alguns vizinhos do prédio, antes da divulgação do final do pleito. Alguns comentavam que “foram roubados” ou que as “urnas são manipuladas”. Outros comentavam que a maioria do povo estava escolhendo o “lado errado” para tocar os caminhos do nosso Brasil. Eu fui votar, bem cedo, e voltei para a piscina do prédio e fiquei por ali, tomando minha cerveja e vendo a vida passar. Outros moradores comemoravam a expectativa da vitória de seu candidato a um dos cargos. Outros praguejavam contra os possíveis e prováveis vitoriosos. Enfim! E viva a Liberdade de Expressão! No meu caso, alguns me perguntaram em quem eu havia votado e eu respondi a  todos com o meu silêncio do voto secreto. Eu não digo o meu lado ideológico e político-partidário para ninguém. Nem a minha religião e nem o meu time de futebol de coração. E a vida segue! Bem, após a divulgação do final do sufrágio universal, comecei a refletir e, pasmem, fiz algo raríssimo na minha vida: liguei a TV aberta! Não que eu quisesse buscar a verdade, pois ali eu não a encontraria completa e imparcial. Mas, eu quis sentir o termômetro político-popular nacional. Mas, isso não foi suficiente. Tive que recorrer a escutar as conversas dos vizinhos na área de lazer e desci para buscar apoio às minha reflexões. Lá, me sentei próximo a uma moradora, Juíza aposentada que conversava com a Delegada, também moradora e aposentada, e ambas estavam conversando com uma senhora que não identifiquei. Conversa vai e conversa vem, e eu ali, próximo, de ouvidos bem abertos, tentando ouvir algo do meu interesse, naquele momento. Ouvi muita coisa e escoimei o que me interessava. Lembro que a conversa era em local aberto, logo desprovido de sigilo. Mas, as senhoras me cumprimentaram e “permitiram” que eu orbitasse na conversa. O que me chamou a atenção foi o fato de que nenhuma delas confiava nas urnas. Ora, é um direito nosso, pois nada nos obriga a acreditar nisso ou naquilo. Em alguns casos, hoje, não devemos criticar, mas, também, não somos obrigados a crer. Outra coisa que falaram foi que o candidato que não ganhou, devido a vários fatores, deixou o legado das ideias e fez muitos governadores e a maioria do Congresso Nacional. Ou seja, ele não ganhou, mas fincou sementes poderosas no terreno da política nacional. Também falaram que, provavelmente, iríamos passar por momentos tensos, de movimentos sociais da ideologia do candidato que não ganhou e isso poderia obrigar o governo federal a intervir, concretizando o prelúdio de um Estado de Sítio. Me senti bem ouvindo isso e mais algumas ideias. Me levantei, trouxe algumas cervejas, me sentei à mesa com elas, que me convidaram, e ficamos até altas horas papeando e jogando conversa fora. E a vida segue !

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