Ao andar pelas ruas da capital amazonense, não é difícil se deparar com sacos de lixo em calçadas, ou até menos, pelas ruas. A população, em algumas situações, coloca o material descartável para fora de suas residências na expectativa de que um caminhão de lixo recolha os dejetos, transportando até o aterro disponível.
O que acontece, é que muitas vezes, aquela comunidade não é atendida pelo serviço de limpeza pública, gerando um fenômeno conhecido como “lixeiras viciadas”. No último mês, por exemplo, moradores do bairro São Francisco, na Zona Sul de Manaus, denunciaram o descaso sofrido em relação à falta de recolhimento de lixo, o que acaba acumulando dejetos, contribuindo para o aumento de casos de dengue na capital.
No testemunho dos denunciantes, eles alegaram que o veículo responsável por realizar a coleta demora a passar, acumulando cada vez mais a quantidade de lixo jogado no local. É claro que, a população precisa ser educada sobre a existência dessas lixeiras viciadas, mas a prefeitura também precisa fazer a sua parte na manutenção dos serviços de limpeza nos bairros manauaras.
A situação semelhante também foi levantada pelos moradores do bairro Compensa, na Zona Oeste de Manaus, no último ano. Na ocasião, os denunciantes contaram que os moradores dos becos e rip-raps descartam o lixo em calçadas, já que os caminhões de recolhimento não conseguem transitar nestes lugares, e o serviço não era feito regularmente. Com o risco de contaminação e proliferação de doenças, a situação não é exclusiva apenas para uma zona da cidade, é um problema que persiste há anos.
Em maio de 2023, a prefeitura anunciou que iria gastar R$ 500 milhões com coleta de lixo na cidade, alegando que o descarte incorreto de resíduos têm grande impacto no meio ambiente e na questão financeira da cidade. Na época, a despesa do serviço era a segunda maior, segundo o município. Mesmo com esse investimento, o problema continua acontecendo em Manaus por falta de um plano de ação rentável.
O descarte incorreto de lixo em Manaus foi palco de discussões nos últimos dias, após dois políticos brigarem pelos holofotes, tentando se promover em cima de um grave problema da capital amazonense. A falta de saneamento básico é uma deficiência que precisa ser reparada, pessoas ficam doentes pela exposição aos dejetos descartados, o meio ambiente também é seriamente prejudicado, e neste momento, não precisamos de uma disputa de quem está certo ou errado, precisamos procurar soluções para ajudar nossa cidade, melhorando a qualidade de vida do nosso povo.
Nesse sentido, no último mês, viajei para Santa Catarina em busca de alternativas viáveis para melhorar a qualidade de vida da população e resolver problemas que vem se arrastando ao longo dos anos em Manaus, entre eles, o saneamento básico precário. Em uma empresa de soluções ambientais, conheci boas práticas e programas ambientalmente corretos de reciclagem de lixo, que sejam viáveis para serem implementados na capital, sendo uma alternativa para reaproveitar o lixo de forma sustentável.
O Brasil tem tecnologias que transformam lixo em energia ou produtos que podem virar objetos usados na construção civil ou em projetos de paisagismo, como: tijolos, telhas para casas, praças, quadras de esporte, tubulações para saneamento básico, entre outras coisas. É o lixo transformando o próprio lixo com impactos ambientais positivos e geração de emprego e renda.
Ainda em Santa Catarina, também conheci um consórcio intermunicipal, onde pude ver em detalhes o processo de gestão de resíduos sólidos urbanos com foco na coleta seletiva e triagem dos resíduos destinados à reciclagem. Todo meu esforço é porque quero apresentar para Manaus uma solução para o problema dos aterros sanitários.
Nossa capital, por toda sua importância estratégica no contexto ambiental, não pode mais conviver com problemas de “lixão”. Temos total condição de ser exemplo de sustentabilidade e preservação do meio ambiente, integrando a isso, o desenvolvimento social com emprego, renda e qualidade de vida para nossa população.
Essa será uma das minhas propostas para Manaus, transformar lixo em energia sustentável e assim ter orçamento suficiente para custear a tarifa social de esgoto e água sem elevar aumento da tarifa de ninguém.
*É Deputado Federal eleito pelo Amazonas, pela 2ª vez.
