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Ensino de física e o Pisa- parte 1

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Ficamos felizes com o des­taque que a mídia, deu ao resultado da avaliação em Ciências dos egressos do Ensino Fundamental. Felizes, é óbvio, não pelo resultado que desperta inevitavelmente sentimentos de grande triste­za, apreensão e até mesmo de vergonha mas pela apresentação para toda a sociedade, incluindo os governos em diversos níveis, de certos pro­blemas para os quais os físicos vêm chamando a atenção das autoridades há tempos.

Para quem não acompa­nhou a notícia, estamos nos referindo à reprovação do Brasil no maior exame mundial de Ciências para estudantes de 15 anos, o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), sigla de Program for International Student Assessment de 2006, divulgado parcialmente no mês de novembro.

Os jovens brasileiros de escolas públicas e particulares ficaram na 52ª posição entre 57 países e territórios, com nota média de 390 pontos, em uma escala de até 800. O desempenho dos estudantes brasileiros foi considerado superior apenas ao dos estudantes da Colômbia, Tunísia, Azerbaijão, Catar e Quirguistão, último colocado. Maiores detalhes sobre a avaliação podem ser encontrados na página http://www.inep.gov.br/internacional/pisa/.

É importante dizer logo de início que apenas nos últimos anos, temos visto uma preocupação grande com a divulgação das ciências em todos os níveis, à qual não corresponde um maior apoio ao ensino de Ciências no Ensino Básico. Vamos nos restringir à Física, por estarmos militando nesta área de ensino e pesquisa há muitos anos.

Temos repetido que, honestamente, não há como separar estas duas atividades. Costumamos dizer que “ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino é conversa para boi dormir”. No entanto, esta questão extremamente importante é ignorada pela grande maioria dos cientistas, com raras e honrosas exceções.

Não somos professores do ensino básico. Atuamos na ponta (no ensino superior), onde chegam os alunos que estão terminando os cursos de Física e na pós-graduação.

No entanto, há muitos anos nos preocupamos com esta questão e começamos a atuar em várias frentes. Uma delas foi fazer uma escola de verão dedicada a professores do Ensino Médio e Fundamental – uma sessão da Lishep (Escola Internacional de Física de Altas Energias), com o intuito de levar aos professores e alunos que cursam as licenciaturas, candidatos a professores, e alguns já atuan­do como professor, a Física contemporânea para que eles possam passar a ter um contato direto com o pesquisador, com o fazer ciência, e possam, assim, levar para seus alunos não apenas conteúdos da Física contemporânea, mas também uma postura dife­rente sobre a Física e sobre o mundo.

Muitos aprendem a gostar da Física, a desmistificar o que ouviram durante toda a vida (“a Física é muito difícil”) e a criar novas possibilidades de ensinar ciência. Esta expe­riência tem sido extremamente compensadora e os resultados têm sido muito importantes. Embora as sociedades científicas tenham compreendido a importância do ensino e divulgação da ciência, entre outras a mais importante, a SBPC, desde o início desta nossa iniciativa, em 1993, temos enfrentado incompreensões por parte das agências financiadoras, que negam ou restringem nossas solicitações de auxílio, com base em pareceres equivocados. Ainda lembramos uma ocasião na qual recebemos um parecer que dizia, “os proponentes podem ser bons pesquisadores, mas não entendem nada de ensino, e os cursos oferecidos não são básicos”. Citamos este exemplo para mostrar o equívoco com relação aos nossos objetivos e a ignorância, consciente ou não, dos resultados que foram alcançados e das avaliações sistemáticas que promovemos ao final de cada escola.

São inúmeros os exemplos: desde a edição de três livros, os quais muito têm ajudado os grupos que se dedicam à reflexão de como levar a Física moderna para a sala de aula, até colaborações duradouras com professores de ensino médio e tantos outros que, por falta de espaço e para sermos mais objetivos,

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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