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Custo da Construção Civil desacelera em novembro, diz IBGE

Custo da Construção Civil desacelera em novembro, diz IBGE

O custo da construção civil no Amazonas desacelerou em novembro, mas voltou a subir na variação mensal. O indicador pontuou 2,37% de alta na variação mensal, pouco abaixo da marca de outubro (+2,73%) e bem acima da média nacional (1,82%) e da inflação oficial (0,89%). O valor local do metro quadrado local passou de R$ 1.224,58 para R$ 1.253,62. Os dados estão na pesquisa do IBGE/Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil).

A decolagem do custo foi puxada novamente pelos dispêndios com materiais, que subiram 4%, passando de R$ 711,59 para R$ 740,64. O passivo com a mão de obra (R$ 512,98), por outro lado, mal se moveu ante outubro (R$ 512,99), dado que a data base dos trabalhadores do setor ocorreu dois meses atrás. Os números seguem em linha com estudos recentes da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e do Sinduscon-AM (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Amazonas).

O incremento mensal do custo da atividade no Amazonas (+2,37%) superou a inflação oficial, conforme divulgação do mesmo IBGE. Pressionado pelos alimentos e combustíveis, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) subiu 0,89% em outubro, pouco acima do número de outubro (+0,86%), no maior resultado para o mês desde 2015 (+1,01%). A diferença foi ainda maior nos acumulados do ano – com +9,47% para o Sinapi e +3,13% para o IPCA, – e dos últimos 12 meses – com +9,80% e +4,31%, respectivamente.

Apesar do aumento detectado entre outubro e novembro, o Estado caiu do quarto para o sexto lugar, no ranking nacional de maiores incrementos no custo da atividade, além de bater novamente a média nacional (+1,82%). O pódio foi ocupado por Goiás (+3,34%), Bahia (+2,93%) e Rio Grande do Sul (+2,79%). Em sentido inverso, Maranhão (+0,56%), Mato Grosso (+0,68%) e Rio Grande do Norte (+0,86%) ficaram no fim de uma lista sem resultados negativos.

Abaixo da média

Apesar da alta reforçada, o custo por metro quadrado no Amazonas segue abaixo da média nacional (R$ 1.253,62) e fez o Estado se manter na 11º colocação entre os maiores valores do país. Santa Catarina (R$ 1.417,38) segue na primeira posição, sendo seguida pelo Acre (R$ 1.383,16) e pelo Rio de Janeiro (R$ 1.375,94). Os menores custos se situaram em Sergipe (R$ 1.101,62), Rio Grande do Norte (R$ 1.106,31) e Alagoas (R$ 1.133,38).

O custo de mão-de-obra local (R$ 512,998) também permanece inferior à média nacional (R$ 565,08), levando o Amazonas a se manter na 20ª posição do ranking brasileiro. Santa Catarina (R$ 700,03) ocupou o primeiro lugar, seguida por Rio de Janeiro (R$ 698,81) e São Paulo (R$ 644,38). Em contraste, Sergipe (R$ 457,88), Rio Grande do Norte (R$ 465,26) e Alagoas (R$ 473,73) ficaram no fim da fila.

O custo de material de construção civil no Amazonas (R$ 740,64), por outro lado, ainda está em um patamar superior ao da média nacional (R$ 687,02), levando o Estado e passar da sexta para a quinta posição entre os valores mais elevados do Brasil. Acre (R$ 811,18), Distrito Federal (R$ 753,91) e Rondônia (R$ 750,22) lideraram o ranking. Os menores valores ficaram em Espírito Santo (R$ 633,33), Rio Grande do Norte (R$ 641,05) e Sergipe (R$ 643,74).

Em depoimento anterior, o supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques já havia ressaltado que os preços de insumos da construção vêm sofrendo elevação significativa, nos últimos meses, pressionado o índice “em demasia”, durante o ano. O pesquisador destacou ainda que toda a expansão acumulada pelos reajustes do Sinapi ao longo de 2020 são “fruto exclusivamente dos aumentos nos materiais de construção, já que ainda não ocorreu o dissidio dos trabalhadores da construção”.

Desabastecimento e contratos 

No entendimento do presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, os dados do IBGE não trazem nenhuma novidade e só vêm a confirmar o que vem acontecendo ultimamente no mercado da construção civil, com reflexos no preço final do metro quadrado. “Sempre repetimos que a logística influencia nesses aumentos dos materiais. Ocorre desabastecimento, com as obras em movimento, e essa demora faz com que o preço suba e fique ainda mais caro do que em outras regiões. Tanto é que você pode ver que os preços são puxados pelos Estados da região Norte”, lamentou. 

De acordo com o dirigente, a maior preocupação do setor para 2021 é que, no acumulado, já estaria ocorrendo um descolamento entre o custo da atividade e a inflação, com uma diferença difícil de ser encaixada pelas construtoras em seus contratos. O mesmo se daria em relação à taxa de juros, que se estabilizou em níveis mais baixos. Segundo Frank Souza, as dificuldades se dão mais nas obras do antigo Minha Casa Minha Vida – hoje Casa Verde e Amarela –, programa habitacional que ainda responde pela maior parte da oferta e demanda da construção civil no Amazonas. 

“A Selic ajuda o comprador, mas nem tanto o construtor, pois só dá para financiar pelo preço fechado. Teria de aumentar o valor do metro quadrado, porque esse que já foi estabelecido pelo governo federal se baseia em uma cesta de materiais anterior. A construção civil trabalha com longo prazo e, desse jeito, pode ter prejuízo. Se não reequilibrar os preços, possivelmente, vamos ter uma interrupção de obras. Mas, o mercado só deve se regularizar a partir do segundo semestre e, até lá, essa coisa deve ficar na base do transtorno”, finalizou.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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