Pesquisar
Close this search box.

Vinagre de cupuaçu une tempero e alimento

A mistura de um produto milenar, o vinagre (descoberto há cerca de oito mil anos como resultado da fermentação do vinho) com uma das frutas mais apreciadas pelos amazonenses, o cupuaçu, resultou no vinagre de cupuaçu, desenvolvido pelo biólogo Luan Honorato, que agora trabalha para colocá-lo no concorrido mercado de vinagres de frutos. O mais conhecido é o de maçã, mas existe o balsâmico, feito de uva; o branco, de cereais; o de arroz; e mais uma lista do tempero com diversas outras frutas. É nessa hora que vale a observação apurada. Luan verificou que, apesar da riqueza de frutos amazônicos, não existia nenhum vinagre com alguma delas.

“Atualmente, há uma crescente preocupação com a qualidade nutricional dos alimentos, e nesse contexto, os vinagres de frutas oferecem mais benefícios do que os vinagres de álcool. O vinagre de maçã é o mais comum no mercado, mas até agora, não há opções de vinagres de frutas regionais disponíveis comercialmente”, revelou.

Mas o interessante é que, como muitas invenções na história da humanidade, o vinagre de cupuaçu surgiu por acaso.

“Um desafio que tive no começo foi realmente produzir vinagre, porém, como matéria-prima para um tônico capilar natural e regional compondo com algum fruto amazônico. Surpreendentemente, o excelente sabor e aroma do cupuaçu conquistaram chefs de cozinha, levando-me a decidir produzir o vinagre de cupuaçu para o mercado alimentício. Optei pelo cupuaçu devido à sua popularidade regional e internacional, aliada às marcantes características organolépticas (que podem ser percebidas facilmente pelos nossos sentidos) do fruto”, informou.  

Amazonas em segundo

Assim que conquistou seu mestrado em biotecnologia, Luan logo pôs em prática seus conhecimentos, conseguindo isolar a primeira levedura amazônica para produção de cervejas. Isso lhe rendeu um emprego como responsável técnico em uma cervejaria de Manaus. Mas ele queria muito mais. Assim começou sua empresa Elevar.

“A ideia da Elevar surgiu no final do meu mestrado em 2019, inicialmente como uma startup de pesquisa e produção de fermentos para a indústria cervejeira, com serviços de controle de qualidade. Fundada no início de 2020, enfrentei os desafios da pandemia, período no qual me concentrei na pesquisa de novos produtos”, falou.

“Com o desenvolvimento dos trabalhos, a Elevar passou por uma transformação, evoluindo de uma startup de insumos industriais para uma empresa comprometida com a bioeconomia e a criação de produtos inovadores”, completou.

Segundo o Idam (Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas) o cultivo do cupuaçuzeiro concentra-se na região amazônica, e o Pará possui a maior área cultivada com cerca de 14.000ha, seguido pelo Amazonas, Rondônia e Acre. Até a Bahia já está cultivando o fruto amazônico.

No Amazonas o cupuaçuzeiro é tradicionalmente cultivado pela agricultura familiar, envolvendo cerca de 5,2 mil famílias em uma área estimada de 6.006ha, sendo 5.292ha em produção com um volume de aproximadamente de 10,6 milhões de frutos/ano. Em termos de área cultivada destacam-se Itacoatiara (Novo Remanso), Manacapuru (Vila Rica de Caviana), Presidente Figueiredo e Autazes.

Lançamento em 2024

Além do vinagre de cupuaçu, Luan trabalha no desenvolvimento de kombucha (um refrigerante natural) e um molho de pimenta murupi com óleo de castanha, adquirindo toda a sua matéria-prima de produtores regionais familiares.

“Temos uma parceria com o Sebrae, que nos ajuda a captar produtores e associações de produção familiar, como por exemplo o GEO (Grupo Esperança Orgânico) localizado em Presidente Figueiredo. O nome ‘Elevar’ reflete não apenas a capacidade da fermentação em elevar os sabores e aromas, mas também nosso compromisso em elevar a bioeconomia local, promovendo a saúde e proporcionando experiências sensoriais enriquecedoras aos nossos clientes”, afirmou. 

Sobre a kombucha, os testes iniciais foram com maracujá e uva, que já possuem um mercado garantido.

“Mas logo serão com frutos regionais. Por enquanto estamos em fase de testes com essas matérias-primas, já o molho de pimenta murupi com óleo de castanha, tanto a pimenta quanto a castanha estão sendo adquiridos em comunidades do interior através de uma parceria com a empresa Jutica”, avisou.

De acordo com Luan, o vinagre de cupuaçu está na fase final da projeção de escala com a realização dos últimos ensaios para que até no fim do primeiro semestre de 2024 o produto seja lançado no mercado. Até um vasilhame que se destaque entre os concorrentes está sendo levado em conta.

“Durante o próximo ano os outros produtos irão fazer parte do portfólio da Elevar e, lógico, serão colocados à disposição do mercado consumidor”, concluiu.

Informações: 9 8233-0377. 

***

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário

Notícias Recentes

Pesquisar