No Amazonas, as vendas do Comércio cresceram 6,8% em janeiro na comparação com o mesmo período do ano anterior, de acordo com dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ontem (13). O setor começa o ano com uma boa média de crescimento e eleva para 4,2% o volume de vendas dos últimos doze meses. No entanto, em ano atípico de Copa do Mundo, as compras de material escolar antecipadas pelo calendário da Fifa 2014, antecipou o bom resultado, segundo análise do Departamento de Disseminação de Informações do Instituto.
Segundo o disseminador de informações do IBGE/AM, Adjalma Nogueira, estatisticamente o primeiro mês do ano é fraco em vendas no comércio devido ao período de férias, porém antecipação do início das aulas mudou o resultado sazonal. “Mesmo sendo um mês de pouco movimento do comércio, janeiro apresentou uma boa taxa para o comércio local (6,8%) na comparação com igual mês do ano passado. Esta taxa foi alavancada principalmente pelas compras de material escolar com vista ao início do período letivo”, informou.
Nogueira verificou que sem considerar a inflação, o crescimento de janeiro teria sido de 12,9% na comparação com igual mês de 2013. E o acumulado nos últimos doze meses alcançaria 11,6%, consequentemente o consumidor arcará com o aumento nos preços. “O que demonstra que a inflação também corrói o faturamento do comércio. Que o obriga a vender mais e a cobrar um preço maior com vistas a recuperar o que a inflação levou. A consequência é que o consumidor será aquele que arcará com o aumento nos preços”, analisou.
De acordo com o presidente da CDLM (Câmara de Dirigentes Lojistas de Manaus), Ralph Assayag, o Comércio fechou em 3,9% em janeiro. Com esse resultado regional comparado aos 6,8%, dados nacionais do IBGE estão dentro da tolerância se considerar dois pontos percentuais para cima ou para baixo entre os resultados da pesquisa e excluindo o pagamento de multa e juros. “Os números estão muito perto de ser igual ao nosso. Apuramos o resultado absoluto de 4% e o deles 6%, é tolerável nessas condições, se excluírem o pagamento de multa e juros, que nós não utilizamos, seja ajustável numa situação dessas. Mais do que isso não”, disse.
Assayag também atribui a antecipação da volta às aulas em janeiro que tradicionalmente acontecia em março ao crescimento das vendas em janeiro. “Com isso, todo o trabalho de compra de material escolar e produtos relacionados foram antecipados de fevereiro para janeiro e tivemos um acréscimo no geral das vendas”, esclareceu. Ele ainda disse que mesmo com o bom resultado de janeiro, não servirá de base comparativa para 2015, por ser um período inédito e exclusivo. “Provavelmente não vai servir de estatística para o ano que vem porque é um ano atípico com a realização da Copa”, alertou.
Desempenho nacional
Ainda segundo o IBGE, o bom desempenho do comércio varejista amazonense em janeiro foi o 9º melhor colocado a nível nacional. A liderança do mês ficou com o Acre que teve aumento no volume de 6,8%. Entre os Estados da região Norte, o Amazonas teve o quarto melhor desempenho no mês. Ficando atrás do Acre (13,7%), Rondônia (10,9%) e Tocantins (10,7%).
O mês de janeiro no Amazonas, as vendas nos ramos de veículos e material de construção foram consideradas positivas, elevaram o índice para 8,7%. O acumulado dos últimos doze meses fechou com 4,9%. A receita nominal de vendas do comércio varejista ampliado, que não sofre influência da inflação foi de 13,9%. Fazendo com que o acumulado dos últimos doze meses chegasse a 9,8%, segundo o Instituto.
Centro sem camelôs
De acordo com o presidente da ACA (Associação Comercial do Amazonas), Ismael Bicharra Filho, o centro da cidade continua com o seu faturamento natural mesmo com a saída dos camelôs e deverá melhorar significativamente com a instalação do shopping popular a céu aberto, um dos projetos de requalificação do Centro que foi adiado para após os eventos da Copa.
“Nós acreditamos que o prefeito Arthur Neto, passando esses eventos que estão aí de Copa do Mundo, vai dar uma prioridade. Porque o sonho dele, como uma vez ele confessou na ACA, é tornar o centro da cidade um shopping a céu aberto. E nós estamos somando com ele, que pode contar conosco. Até porque nós acreditamos num prefeito que ama a nossa cidade por isso temos que considerá-lo e apoiá-lo”, declarou.
Bicharra salientou que a partir da saída dos camelôs a principal avenida do centro da cidade, Eduardo Ribeiro, ficou completamente transitável como há muitos anos não se via. “Nós ficamos até surpresos, era desconhecida a existência de uma calçada tão larga na avenida, Eduardo Ribeiro. Hoje as pessoas retornaram só para caminhar no centro da cidade, o que não acontecia a muito tempo porque as bancas não permitiam”, observou.
Os camelôs estão alocados em espaços provisórios e a prefeitura está realizando um trabalho de adaptação, de apoio financeiro com objetivo de fomentar a formalização das atividades comerciais de cada um deles. “Um ganho para a mobilidade urbana que era um problema sério para eles que estavam em volume grande, também para as pessoas que transitavam e para os comerciantes”, concluiu o presidente da associação comercial.
Na opinião do lojista Aly Bawab, com a saída dos camelôs o impacto foi sentido com uma pequena retração nas vendas no início. “Mas o ganho com a saída não dá para quantificar porque a mudança é visível é sentida na percepção quando se anda, se caminha nas principais ruas do Centro”, disse. Para o empresário é uma mudança de comportamento dos consumidores que começam a se interessar pelo reordenamento do Centro, o que vai contribuir para a recuperação das vendas.
POR DENTRO
Desempenho do comércio varejista
Acre 13,7%
Rondônia 10,9%
Tocantins 10,7%
Amazonas 6,8%
Pará 6,6%
Amapá 3,8%
Roraima 2,8%
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal de Comércio
