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Terceirização afeta dados sobre trabalho

O Amazonas é recordista em geração de postos de trabalho, segundo dados do Caged referentes ao mês de julho, mas esse resultado esconde alguns problemas para setores específicos, como é o caso da construção civil. É o que afirma Cícero Custódio, presidente do Sintracomec (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Amazonas), ao declarar que nem tudo vai tão bem. Terceirização, ausência de benefícios como rotas para transporte e plano de saúde são alguns problemas reclamados pelos trabalhadores.
“A empresa contrata para determinada obra mil funcionários, por exemplo, desses mil, 300 estão regularizados e o resto são funcionários avulsos que não tem carteira assinada”, disse. O sindicalista afirma que as empresas terceirizadas não pagam salário em dia, o que obriga a uma intervenção do sindicato. Custódio critica a falta de controle por parte dessas com relação aos trabalhadores chamados para as obras. “As construtoras e as terceirizadas também não oferecem plano de saúde e os canteiros de obras apresentam grandes riscos aos trabalhadores”, disse. Dentre as doenças ocupacionais presentes nesses trabalhadores estão problemas de coluna, acidentes, entre outros. “Quando o funcionário precisa ir um médico, tem que ir para a fila do SUS e passar de dois a três meses no mínimo para receber um tratamento. Existem algumas Construtoras que o sindicato procura e se disponibilizam a ajudar, mas 90% delas, não estão preocupadas”.
Para finalizar, ele aponta o principal de todos os problemas enfrentados atualmente, que corresponde ao transporte dos trabalhadores. “Os trabalhadores acordam 4h, pegam ônibus lotado porque não têm uma rota e só chegam ao trabalho às 7h, muitos deles até se atrasam. Na volta, chegam em casa por volta das 23h”. O presidente alerta que por isso os trabalhadores pensam em fazer protestos.

Contraponto

O Sinduscon (Sindicato das Indústrias de Construção Civil) defende as reivindicações. Segundo Frank do Carmo, vice-presidente da instituição, quanto maior a demanda de trabalho, menos profissionais formados serão encontrados no mercado, o que leva algumas empresas a buscar mão de obra terceirizada. Ele aponta que embora tais empresas sejam procuradas para suprir essa necessidade, as indústrias pagam preço de mercado para os profissionais, sejam eles regularizados ou não, e quando o salário não é repassado, quem acaba respondendo por isso são as construtoras que na verdade pagam tudo em dia. E discorda do que diz respeito ao transporte dos trabalhadores: “As indústrias oferecem vale transporte para todo mundo, exceto se a obra for lá para Itacoatiara por exemplo, aí sim há necessidade de uso de rota”, concluiu.

Contraste verificado na comparação do mercado para a indústria e o comércio

Para os trabalhadores do PIM (Polo Industrial de Manaus), a situação se mostra favorável, é o que avalia Sidney de Oliveira, funcionário da Moto Honda e diretor executivo do Sindmetal/AM (Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas), ao relatar que a entidade tem alcançado bons resultados diante das reivindicações. Na convenção coletiva deste ano, discutiram algumas cláusulas que segundo o diretor foram resolvidas com sucesso, entre elas estava o salário do trabalhador, que obteve um aumento de 9,5% em cima do salário atual, mais um bônus de 6,5%, o que superou as expectativas dos trabalhadores que esperavam um aumento de 8% em média. “Para Moto Honda, esse crescimento tem sido muito satisfatório, se dependêssemos dos empresários estaríamos ganhando um salário mínimo, pois quanto mais eles ganham, mais eles querem, mas o sindicato luta para isso e temos alcançado bons resultados”. Oliveira ressalta que o que eles buscam agora é aumentar o prazo de licença-maternidade de quatro para seis meses.
Quem apresenta um “meio termo” diante da situação é José Ribamar, vice-presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio do Amazonas. Ele explica que os comerciantes trabalham muito e ganham pouco, mas a entidade busca o aumento do salário. “Queremos um piso salarial de R$ 750, por enquanto o que ganhamos é R$ 580. O bom para os trabalhadores é que diante da crise o governo garante emprego, então o comerciário não tem do que reclamar. Só procuramos um salário digno”. E conclui, “Capital e trabalho, um precisa do outro”.

Redação

Jornal mais tradicional do Estado do Amazonas, em atividade desde 1904 de forma contínua.
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